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Belém amazónica fez 400 anos e um livro conta (quase) tudo

Historiadora brasileira Anete Costa Ferreira fala da cidade do Pará onde o padre António Vieira, o soldado Pedro Teixeira e um irmão do Marquês de Pombal deixaram marca

Anete Costa Ferreira, nascida em Belém do Pará e ontem fotografada em Belém, o bairro de Lisboa [Foto: Reinaldo Rodrigues / Global Imagens]


Belém do Pará, fundada há quatro séculos, é "ainda hoje uma cidade muito ligada a Portugal", afirma Anete Costa Ferreira, historiadora brasileira que na terça-feira apresentará no auditório da embaixada do Brasil em Lisboa o livro Imagens de Santa Maria de Belém do Grão-Pará. A conversa sobre a obra, "uma introdução à história do Pará", decorre noutra Belém, aquela junto ao Tejo, sob um sol radioso, que também é comum na cidade da Amazónia, mesmo que lá o clima seja bem diferente. "Só temos duas estações, a que chove muito e a que chove mais", conta a historiadora, nascida em 1936 e "neta de índia com português", que é a mistura mais comum por aquelas bandas.

Projeto acarinhado pela Câmara de Belém do Pará, cidade com mais de um milhão de habitantes, o livro teve já apresentação no Brasil, onde foi um dos marcos da celebração dos 400 anos da fundação pelos portugueses em 1616: "Um passo decisivo para o controlo da Amazónia, depois reforçado pelas explorações de Pedro Teixeira."


A historiadora refere-se ao soldado nascido em Cantanhede que entre 1637 e 1639 seguiu o curso do rio Amazonas até perto da nascente, chegando mesmo a Quito, capital do atual Equador. Essa exploração, feita em vésperas de Portugal se libertar dos Filipes, seria essencial no século seguinte para a delimitação da fronteira entre o Brasil e a América Espanhola.


Outra figura da história portuguesa ligada a Belém do Pará que Anete Costa Ferreira destaca é o padre António Vieira, que em meados do século XVII conseguiu unir os índios da região em torno dos portugueses, destruindo "a intriga montada pelos holandeses, que cobiçavam o Grão-Pará e o Maranhão", como era então chamada a vasta Amazónia portuguesa.


Mais do que pelas imagens, apesar do que promete o título, o livro vale pelos relatos de episódios que se passaram nos confins brasileiros, e a milhares de quilómetros de Portugal, mas que são fundamentais na história dos dois países lusófonos. Há, por isso, um importante capítulo dedicado a Mendonça Furtado, meio-irmão do Marquês de Pombal, governador entre 1751 e 1759. "Foi graças a eles que falamos o português no Pará", garante a historiadora, que vive em Portugal desde 1990. "Os jesuítas queriam implantar a língua geral, o nheengatu, mas Pombal mandou ensinar o português aos índios. Criou escolas e prometia punições a quem não quisesse aprender a língua", conta Anete Costa Ferreira.


Mais sintético e menos ilustrado do que a ideia inicial, "e só editado graças ao patrocínio dos Hotéis Amazónia", como conta a autora, o livro deixa ainda curiosidade sobre uma região do Brasil que chegou a revoltar-se contra o império de Pedro II e que viveu na passagem do século XIX para o XX grande prosperidade graças ao ciclo da borracha.

 


por Leonídio Paulo Ferreira, in Diário de Notícias | 16 de abril de 2017
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

 

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