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Misericórdia de Lisboa fica com Coleção de Arte Asiática de Francisco Capelo
Uma parte da coleção será doada, outra parte é adquirida pela Santa Casa, e irá ser instalada no Palácio São Roque, em Lisboa.
A Coleção de Arte Asiática de Francisco Capelo passa, a partir de hoje, para o universo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), com a assinatura do contrato de transferência do acervo, disse à agência Lusa fonte da instituição.
O contrato é assinado hoje à tarde pelo provedor da SCML, Pedro Santana Lopes, pelo colecionador Francisco Capelo, e tem por objeto uma coleção de cerca de um milhar de peças, que complementa, "de forma única, o Núcleo de Arte Oriental do Museu de São Roque", segundo a SCML.
As peças remontam à Antiguidade, atravessam mais de vinte séculos de história e provêm de "Etiópia, Índia, Himalaias (Nepal, Tibete e Butão), Sri Lanka, China, Coreia, Japão, Birmânia (Myanmar), Tailândia, Laos, Camboja, Vietname, Indonésia, Timor e Filipinas", constituindo um conjunto "de valor e caráter excecionais", garante a instituição.
"Esta coleção é testemunho de culturas e civilizações ancestrais e milenares, cuja datação abrange um amplo período", compreendido entre o século III a.C. e o século XX, e "a sua aquisição teve como critério de seleção a raridade e a qualidade artística", encontrando-se ao nível de coleções internacionais, patentes em grandes museus. Essa qualidade, ainda de acordo com a SCML, "é atestada por uma vasta bibliografia assinada por especialistas de reconhecido mérito internacional, nas diversas áreas".
O modelo da transferência assenta em três segmentos: doação de uma parte em vida do colecionador, outra a título póstumo e há ainda "uma parte comprada pela Santa Casa". A coleção está avaliada em cerca de 11 milhões de euros, disse à Lusa fonte da SCML.
O Palácio de São Roque, recém-recuperado, vai acolher a coleção "de forma permanente".
Localizado no Bairro Alto, no cruzamento do Largo Trindade Coelho com a Travessa da Queimada, o palácio deverá centralizar a criação de um novo museu, nesta área urbana.
Adquirido pela Santa Casa em janeiro de 2014, "é um importante exemplar da arquitetura civil palaciana de Lisboa", de meados do século XVII, "e resulta de uma sobreposição de construções que, ao longo dos tempos, o foram adaptando às necessidades de uma casa de corte", especifica a SCML, em informação enviada à agência Lusa.
Além desta Coleção de Arte Asiática, Francisco Capelo reuniu a coleção de design e da moda que dá corpo ao Museu do Design e da Moda (MUDE), assim como a coleção de marionetas tradicionais portuguesas e máscaras africanas e do sudeste asiático, depositadas no Museu da Marioneta, em Lisboa.
O seu nome está igualmente associado à criação da coleção de arte moderna e contemporânea do empresário José Berardo, exposta no Museu Coleção Berardo, no Centro Cultural de Belém.
por Lusa, in Diário de Notícias | 12 de abril de 2017
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias