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Quinta dos Azulejos, o paraíso na Terra em pleno Lumiar

A partir de amanhã e até 2 de abril, o LisbonWeek convida à descoberta das riquezas escondidas desta freguesia da capital.

O conjunto de azulejos, alguns anteriores ao terramoto de 1755, são a grande riqueza do jardim da Quinta dos Azulejos | Paulo Spranger/Global Imagens

 

No pátio interior do Colégio Manuel Bernardes, por cima do pórtico que dá acesso ao jardim, um medalhão, em azulejos, da figura de São Pedro com a chave dá a pista para o que se vai descobrir nesse espaço exterior da Quinta dos Azulejos, no Paço do Lumiar, transformada em estabelecimento de ensino no século XX. "É quase como se daqui para a frente se tenha criado uma espécie de paraíso na Terra, ou uma visão desse paraíso na Terra", nota a historiadora Inês Pais que, juntamente com o olisipógrafo José Sarmento de Matos, define as visitas culturais desde o primeiro LisbonWeek.

A quarta edição chega amanhã e até 2 de abril convida à "redescoberta de Lisboa e das riquezas escondidas nas suas juntas de freguesia", afirma ao DN Xana Nunes, diretora da LisbonWeek. Exposições, ciclos de cinema, serões musicais, workshops e visitas guiadas são algumas das propostas.

A Quinta dos Azulejos é precisamente uma dessas riquezas. A casa senhorial, edificada no século XVII e reconstruída na primeira metade de 1700 por iniciativa de António Colaço Torres, ourives da Casa Real, foi uma das escolhidas para fazer parte da visita "Quintas do Lumiar", um dos três percursos culturais pensados para o LisbonWeek na freguesia do Lumiar, que inclui ainda "Palácios do Lumiar" e "Igrejas e Conventos".

"O passeio das Quintas era óbvio", começa por explicar Inês Pais, salientando que até há pouco mais de cem anos, "o Lumiar eram quintas frequentadas pela realeza que aqui procurava os ares benfazejos", e esta, a dos Azulejos, "não poderia deixar de estar presente". A razão é simples: "Encerra um extraordinário conjunto azulejar, de meados do século XVIII, alguns anteriores ao terramoto de 1755, outros logo na sequência, e um jardim algo fora do usual. Alguns autores até o referem como o jardim português por ser tão específico. Claro que, ao olharmos, temos esta definição do buxo, ou seja, de inspiração do jardim mais clássico, francês. E os elementos arquitetónicos [colunas, muros, bancos] são integralmente revestidos a azulejo, fazendo estas linhas que nos levam ao barroco, através deste ondulado que conduz o olho criando dinâmicas de movimento. O azulejo cobre à exaustão todos os espaços. Em muitos casos, quase que temos uma substituição das plantas pelos azulejos".

Para além da qualidade dos azulejos, a historiadora destaca ainda a diversidade dos temas tratados: "Lembremos que estamos no século XVIII, na cultura da enciclopédia e, neste jardim, observamos diferentes valências da cultura europeia: temos cenas bíblicas, cenas nobres, galantes, campestres, mitológicas". Caminhando pelo lado direito, chega-se à pérgola, um dos elementos-chave deste jardim, um espaço de estar, claramente social", refere Inês Pais.

Igualmente interessante é o percurso pela esquerda onde o muro exterior é revestido por um conjunto de painéis de azulejos "muito curiosos", os seus preferidos, confessa. Através de representações de animais exóticos, "voltamos a ter um verdadeiro compêndio, numa lógica tão ao gosto do século XVIII. Temos as chamadas animalia, com alguns toques de fantasia mas também muito com esta ideia de mostrar diversidade, mostrar a cultura enciclopedista".

Consulte toda a programação AQUI


por Marina Marques, in Diário de Notícias | 24 de março de 2017

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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