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Jordi Savall está a criar uma orquestra com músicos refugiados

O músico lançou o projeto Orpheus XXI com o objetivo de ajudar os músicos profissionais e de contribuir para a sua integração social. 

Jordi Savall, em abril do ano passado, tocando no campo de refugiados em Calais | Direitos reservados Jordi Savall na entrega do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva

 

O músico catalão Jordi Savall está a formar a primeira orquestra de refugiados com o objetivo de, por um lado, ajudar na sua integração social e, por outro, combater o preconceito de que são alvo. Chama-se Orpheus XXI - Música pela vida e pela dignidade e é uma orquestra composta por cerca de 20 músicos profissionais migrantes, recrutados nos campos de refugiados.

Jordi Savall, de 75 anos, é um dos mais prestigiados músicos europeus, especialista em viola gamba. Além disso, é Embaixador da UE para o Diálogo Intercultural desde 2008 e Embaixador de Boa Vontade da ONU ("Artistas para a Paz") desde 2009, e vencedor em 2015 do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural.

O músico já tem alguma experiência neste tipo de iniciativas. Em 2006 reuniu músicos de diferentes países da Europa e do Médio Oriente e em 2008 criou uma orquestra israelo-palestina.

No ano passado, o músico visitou o campo de refugiados em França conhecido como "Selva de Calais", onde tocou a sua viola acompanhado por imigrantes que tocavam os seus instrumentos típicos. Foi nessa altura que teve a ideia para criar esta orquestra.

"Foi na Selva de Calais que eu me dei conta de que algo tinha de ser feito para ajudar aqueles jovens, que estavam completamente abandonados. Tínhamos de lhe dar uma hipótese de eles fazerem algo positivo nas suas vidas", explicou Savall em entrevista para a Radio France Internationale.

O projeto foi apresentado no passado dia 1, em Paris, onde se realizaram esta semana as últimas audições com os músicos vindos, por exemplo, do Afeganistão, Bangladesh ou Síria. E os primeiros concertos já estão marcados para este verão: o primeiro acontece a 14 de julho, no Festival de Arles.

Mas, para além dos concertos, este é um projeto pedagógico. A partir de junho, os músicos envolvidos darão aulas a crianças e jovens (refugiados ou em situação de precariedade social) em vários países como a França, a Espanha, a Noruega e a Alemanha. "A ideia fundamental de Orpheus XI não é tocar Bach ou Mozart, é que as crianças possam dialogar entre elas através da música", explicou o músico.

A operação deverá culminar com uma grande digressão em julho e agosto de 2018, em que participarão todos os músicos e alunos. O projeto tem um orçamento de 250 mil euros, 80% dos quais financiados pela União Europeia.




in Diário de Notícias | 6 de março de 2017

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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