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Pintura, fotografias históricas e outras razões para ir a museus em 2017
Almada Negreiros é o protagonista de uma exposição na Gulbenkian, no ano em que o Museu do Chiado recebe Amadeo de Souza-Cardoso e o MNAA abre as portas ao Vaticano.
Siza, arte contemporânea, fotografia e tatuagens
1. O Mais Profundo é a Pele traz para o debate do design o uso da tatuagem, a partir da coleção de pele humana gravada, nas mãos do Instituto de Medicina Legal de Lisboa. É uma exposição que aborda o lado artístico (o design gráfico?), mas também o sociológico (quem são os donos destas tatuagens?). "Recupera os ambientes vividos nos bairros típicos de Lisboa no limiar do século XX onde se entrecruzam a marginalidade, a prostituição e o fado", diz a nota de imprensa do MUDE - Museu do Design e da Moda, de quem partiu a iniciativa da exposição, a segunda da série Fora de Portas, enquanto o edifício da Rua Augusta está em obras. Fica no Palácio Pombal, em Lisboa, de 2 de março e 13 de maio.
2. O projeto para a Porta Nova do Alhambra foi cancelado, mas arquitetura não é (só) construção a exposição que detalha o projeto do arquiteto Álvaro Siza e do granadino Juan Domingo Santos faz-se. A partir de 3 de março (e até 28 de maio), no Museu de Serralves, no Porto, é possível ver desenhos e maquetas produzidos pelos arquitetos para o concurso, de 2011. A exposição chama-se Álvaro Siza Vieira: Visões do Alhambra e é organizada pelo AEDES Architecture Forum, em Berlim, o Patronato de la Alhambra y Generalife juntamente com o Aga Khan Museum, em Toronto, como comissariado de António Choupina.
3. Março é o mês que a direção do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) marcou na agenda para a abertura total do espaço - acesso pedonal e serviço educativo, por exemplo. O artista mexicano Héctor Zamora, que vive em Lisboa e trabalha peças de grande dimensão ocupará a Sala Oval. Para o mês de outubro, assinalando o primeiro aniversário do museu da Fundação EDP, está prevista uma instalação do norte-americano Bill Fontana, vendo e ouvindo a ponte 25 de Abril.
4. Histórias e Segredos é o nome do documentário realizado por Nick Willing, a partir da vida e obra da mãe, Paula Rego, que se apresenta pela primeira vez ao público português com uma exposição com o mesmo nome, na Casa das Histórias, em Cascais, de 20 de abril a 17 de setembro. "Além das suas obras mais marcantes, uma série de objetos pessoais de Paula Rego, como documentos fotográficos e fílmicos, obras da sua coleção artística e diversos elementos do seu ateliê, tornando o contexto criativo da artista tangível, atual e interativo", diz a nota divulgada á imprensa. Trazer o espaço de trabalho de Paula Rego mais para a Casa das Histórias, como resumiu na inauguração da última exposição a historiadora de arte Catarina Alfaro, diretora do local e curadora da exposição.
5. A fotografia experimental em Portugal na década de 70 do século XX, a partir de artistas como Alberto Carneiro, Helena Almeida, Vítor Pomar ou Julião Sarmento, é a temática de partida da exposição que inaugura o tempo de Delfim Sardo à frente da programação de arte da Culturgest. Em Lisboa, a partir de 19 de maio, em simultâneo com uma seleção de obras da coleção da Caixa Geral de Depósitos, da década de 70.
6. Uma Coleção = Um Museu. 2007-2017, que abre a 8 de julho (e termina a 31 de dezembro) no Museu de Arte Contemporânea de Elvas (MACE), é uma exposição coletiva que assinala a primeira década de vida da parceria entre a instituição e do colecionador António Cachola. A curadoria é de João Silvério.
7. A fotografia das supermodelos dos anos 90 - Stephanie Seymour, Cindy Crawford, Christy Turlington, Tatjana Patitz e Naomi Campbell - despidas, fez história. O autor é o fotógrafo Herb Ritts, desaparecido em 2002, que fez carreira a imortalizar estrelas pop como Madonna, David Bowie, John Travolta ou Richard Gere, e cujo trabalho se mostra a partir de setembro no Centro Cultural de Cascais.
8. Artes e Letras - Edições da Galeria Jeanne Bucher Jaeger abre ao público no dia 1 de outubro e dedica-se à atividade editorial da galeria Jeanne Bucher, entre 1925 e 2010, onde se exibiam trabalhos em papel de alguns dos nomes maiores das artes plásticas do século XX. A saber: Man Ray, Max Ernst e, claro, Vieira da Silva, o que justifica a apresentação desta exposição no museu dedicado à pintora, no jardim das Amoreiras, em Lisboa, a partir de 1 de outubro.
Amadeo, Almada e as Novas Vanguardas
9. Amadeo de Souza Cardoso expôs no Porto e em Lisboa há exatos 100 anos. Com essa data em mente, e a partir do conjunto de obras que foram então mostradas no Jardim Passos Manuel e na Escola Naval, o Museu Soares dos Reis e o Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) revivem essa mostra de parco êxito comercial e enorme notoriedade pública (chegou a ser agredido na rua por causa dos quadros exibidos) e mediática. Pode ser vista até 31 de dezembro na cidade invicta e abre ao público no dia 12 de janeiro no Chiado. A curadoria é de Raquel Henriques da Silva e de Marta Soares. Pode ser vista até 26 de fevereiro.
10. Como em vida, Amadeo e Almada Negreiros voltam a cruzar-se em exposição, por três semanas. A 2 de fevereiro inaugura na sede da Fundação Calouste Gulbenkian, a exposição José de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno, com curadoria da historiador de arte Mariana Pinto dos Santos. Mais de 23 anos depois da última exposição em torno da obra do artista, mostram-se as pesquisas matemáticas e geométricas em torno da sua obra, a relação com Madrid, os seus frescos em Lisboa, o trabalho gráfico, o cinema, o autorretrato... Encerra no dia 5 de junho.
11. No rescaldo da passagem da obra de Amadeo de Souza Cardoso pelo Museu do Chiado, o MNAC inaugura a 16 de março Sedução da Modernidade , a partir da coleção do museu. Está patente ao mesmo que Vanguardas e Neovanguardas, dentro do acervo do museu, poderá ser vista até 22 de outubro.
12. Um longo título para a primeira exposição de 2017 no atelier-museu dedicado a Júlio Pomar, em Lisboa: Nesta natureza imensa e selvagem vivem diversas raças separadas por uma maravilhosa variedade de línguas. Abre a 17 de fevereiro (encerra a 2 de abril) e traz desenhos, esculturas, pintura e assemblagem realizadas pelo pintor português, unidas por uma presença, a dos animais. Comissariado da diretora, Sara Antónia Matos, e Pedro Faro. Segue-se no plano de atividades da instituição o terceiro encontro de Pomar com um artista contemporâneo. Depois de Rui Chafes (2015) e Julião Sarmento (até 29 de janeiro), Pedro Cabrita Reis tem a palavra. Começa a 22 de junho e fica até 15 de outubro.
Velhos mestres da pintura: Renascimento e Vaticano
13. Cidade Global -Lisboa no Renascimento inaugura o ciclo de exposições do Museu Nacional de Arte Antiga, ainda que a data de inauguração não tenha sido divulgada pela Direção-Geral do Património Cultural nem pelo museu. Adiada no final de 2016, por motivos relacionados com os emprestadores, na sua origem está uma história. Em 1866, o pintor e poeta Dante Gabriel Rossetti, compra um quadro numa loja de antiguidades. Velásquez, Goya e outros artistas espanhóis estavam em alta e o novo proprietário reconheceu aquisição uma origem ibérica. Onde? Não se sabia. Até que em 2009, duas investigadoras perceberam tratar-se da Rua Nova dos Mercadores, centro de Lisboa, antes do terramoto de 1755. A cidade era a mais cosmopolita. "Reconstituir o coração da cidade mais global da Europa do Renascimento é o objetivo desta exposição", diz o comunicado que explica a exposição.
14. Madonna. Tesouros dos Museus Vaticanos é a exposição que se segue na programação do MNAA. Meia centena de obras das coleções da sede da Igreja viajam para Lisboa. Primitivos italianos como Taddeo di Bartolo, Sano di Pietro, Fra Angelico, artistas do Renascimento e do Barroco e incontornáveis de qualquer época: Leonardo da Vinci, Luca Cambiaso, Caravaggio, Tintoretto... Uma exposição que reúne pinturas, tapeçarias, esculturas e códices iluminados cedidos pela Biblioteca Apostólica Vaticana. A representação da Virgem Maria, da Antiguidade à época moderna faz a ligação entre as obras-primas selecionadas. A curadoria reparte-se por duas geografias: Alessandra Rudolfo, dos Musei Vaticani, e José Alberto Seabra Carvalho, diretor-adjunto do MNAA.
15. A rota em busca de mestres de pintura continua no Centro Cultural de Cascais. A mostra chama-se de Rubens a Van Dyck - Pintura Flamenga da Coleção Gerstenmaier, isto é, a partir das obras dos séculos XV, XVI e XVII, do empresário alemão Hans Rudolf Gerstenmaier, a viver em Espanha. Começa em abril, no Centro Cultural de Cascais, depois de uma temporada na Cidade do México (onde está atualmente) e de já ter passado pela Pinacothèque de Paris.
por Lina Santos, in Diário de Notícias | 27 de dezembro de 2016
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias