Roteiros
O Azulejo no Montijo
Com este roteiro pretende-se dar a conhecer o património azulejar mais significativo do concelho, contribuindo para a preservação da arte do azulejo, uma manifestação artística tão portuguesa e rica nas suas dimensões estéticas e históricas.
Um percurso pela história do azulejo desde o século XVI ao século XX.
O património azulejar do Concelho
Século XVI
Dos revestimentos cerâmicos quinhentistas, outrora existentes na vila de Aldeia Galega, subsistem, apenas, alguns fragmentos, e ainda, in situ, o revestimento da Capela de Nossa Senhora da Piedade, em Sarilhos Grandes. A descoberta destes fragmentos deveu-se, em grande medida, a campanhas de obras ou ao acaso, surgindo assim de forma descontextualizada e sem o suporte de qualquer intervenção arqueológica, o que dificulta a sua leitura. Em todo o caso, os vestígios identificados a par da capela de Sarilhos contemplam as principais tipologias utilizadas ao longo de toda esta centúria, revelando desta forma um esforço e uma vontade de atualização estética. Instituída, ao que tudo indica, por Rui Cotrim de Castanheda, entre o final do século XV e o início do século XVI, esta capela testemunha a atualidade estética e o prestígio social que tais azulejos, importados de Sevilha, comportavam, ao serem empregues numa capela de devoção particular pertencente a uma personalidade de dimensão nacional.
Os revestimentos quinhentistas que se conservam, a nível nacional, são em número relativamente reduzido, com poucos exemplos conhecidos em contexto civil e palaciano. Em Aldeia Galega, esta situação era, certamente, ainda mais evidente, pois apesar do grande desenvolvimento económico, político e administrativo verificado neste século, a nobreza manteve-se afastada da localidade. Era nas quintas, distantes do centro urbano, com marinhas de sal e produções agrícolas variadas, que a nobreza concentrava a sua atenção, vivendo em Lisboa e deslocando-se, pontualmente, a esta margem do rio. A Quinta do Saldanha pode ser uma exceção, pois, ao que tudo indica, Dona Antónia da Silva, que foi benfeitora da Misericórdia local, e D. António da Gama Mendonça, provedor da referida confraria, chegaram a viver na sua propriedade, interessando-se pela vida local. Vida essa que conheceu, no decorrer do século XVI, grandes transformações que os tempos seguintes haveriam de consolidar. A afirmação da vocação ribeirinha de Aldeia Galega, que teve efeitos claros ao nível do urbanismo, com a consequente deslocação do centro cívico da área em redor da Igreja de São Sebastião para a zona da Igreja do Espírito Santo, mais próxima do rio e em constantes campanhas de obras durante todo o século XVI, tornando-se Matriz em data anterior a 1564. A produção de sal, lenha e cereais, a par da pesca, transformaram a vila num dos principais pontos abastecedores da capital.
O pintor florentino Pier Maria Baldi, em 1669 acompanha o príncipe Cosme de Médicis, passa por Aldeia Galega e pinta aquela que é a mais antiga representação da então Aldeia Gallega.
Aldeia Galega soube ainda aproveitar a situação geográfica excecional em que se encontrava, entre Lisboa e o Alentejo, e por isso capaz de ligar as duas principais cidades do reino – Lisboa e Évora. A Posta, aqui sediada a partir de 1531, intensificou o ritmo e o número de viajantes, o que fi ca bem comprovado pela existência de uma albergaria, depois substituída por um hospital, em funcionamento desde 1501, e pelas múltiplas confrarias que assistiam, também, quem por aqui passava. A Misericórdia remonta, no entanto, apenas ao final do século. Do ponto de vista administrativo e político, Aldeia Galega dispunha de foral desde 1514, confirmado no ano seguinte, tendo ocorrido a separação definitiva em relação a Alcochete no ano de 1539. Este quadro positivo não parece ter tido reflexos ao nível das edificações particulares, não se conhecendo, à eventual exceção da casa das Carrancas, outros vestígios de habitações quinhentistas. Pelo contrário, a nobreza não dispunha de casas de grande imponência, e os azulejos encontrados correspondem a aplicações nas ermidas adjacentes, privilegiando a atualização estética dos templos, certamente abertos à população, em detrimento dos espaços privados.
Azulejo hispano-mourisco oriundo da Igreja Matriz do Espírito Santo, que integra o espólio do Museu Municipal do Monijo
Conjunto de 12 azulejos, hispano-mouriscos séc. XVI, em cerâmica, produzidos em técnica de Alicatado. Os azulejos apresentam decoração de padrão geométrico de tipo mosaico, formando composição radial estrelada.
Origem provável: Sevilha
Reconstituição do padrão de tapete maneirista proveniente da Quinta do Saldanha (cedência de imagem de Fernando Martins)
O padrão de tapete dos azulejos maneiristas, certamente da segunda metade do século XVI, é testemunha da passagem de uma técnica de aresta, para a majólica, numa pintura possivelmente de produção nacional e não de importação. Existe um padrão semelhante na Quinta da Bacalhoa, em Azeitão. Os exemplares da Quinta do Saldanha apresentam variações, manifestadas na composição fitomórfica que preenche o motivo central, em cruz, e nos balaúestres inscritos no elemento em aspa. A mais antiga referência conhecida à Quinta do Saldanha remonta a 1532, quando era seu proprietário D. António da Gama.
Século XVII
O número e a dimensão dos revestimentos azulejares seiscentistas do Montijo que chegaram até nós é bastante maior em relação à centúria anterior, mantendo-se, todavia, a vocação religiosa que havia caracterizado as principais aplicações do século XVI. A sua diversidade permite a acompanhar a história da azulejaria, desde os esquemas enxaquetados mais simples até aos de caixilho compósito, e os revestimentos de padrão policromos, organizados em módulos de variadas dimensões, sem esquecer os painéis figurativos polícromos.
Registo dedicado ao Santíssimo Sacramento, na fachada da Igreja da Misericórdia Com a legenda: LOVVADO. SEIIA.O SANTISIMO. SACRAMENTO. NAERADE. 1677.
Os revestimentos surgem, agora, em escalas maiores, “invadindo” os espaços dos templos, mas ainda sem condicionar percursos no seu interior. Pela primeira vez observamos um painel exterior, na fachada da Igreja da Misericórdia do Montijo. Este, tal como o do guarda-vento da Matriz, inaugura o género figurativo, em jeito de registos, mantendo a policromia dos esquemas de padrão.
São escassas as referências sobre Aldeia Galega nesta centúria. Os dados conhecidos permitem perceber que houve uma manutenção das atividades económicas anteriores, consolidando-se mesmo a vertente que dizia respeito ao fornecimento de produtos, pois o cais da vila foi objeto de uma grande intervenção, que o tornou mais apto à intensa atividade aí praticada. Em termos sociais, é mais flagrante a ausência da nobreza, o que pode também ser explicado pelo menor número de testemunhos cerâmicos que nos chegaram. Em todo o caso, os revestimentos azulejares identificados reportam-se exclusivamente a espaços públicos e institucionais, não subsistindo qualquer vestígio de azulejos na arquitetura civil.
Representação de Nossa Senhora do Rosário (uma das grandes devoções do século XVII), na abóbada do guarda-vento da Igreja Matriz do Espírito Santo.
Em qualquer deles - a Igreja Matriz, a Igreja da Misericórdia e ainda a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira de Canha - registam-se várias campanhas distintas, realizadas em períodos diferentes por vários encomendadores. Na Igreja Matriz, é possível avançar com a ideia de que a própria fábrica da igreja foi responsável pelos enxaquetados do coro e, eventualmente, da nave; a confraria de Nossa Senhora do Rosário pelos do guarda-vento e os mareantes da vila pelos capela da Madre de Deus. Já na Misericórdia, a encomenda deveu-se, com certeza, a esta confraria, desconhecendo-se, todavia, quem patrocinou o revestimento de Canha. Conclui-se, assim, que a iniciativa de renovação estética dos templos e dos espaços aí existentes, através do recurso ao azulejo, passou pelas diferentes confrarias que dinamizavam a vida religiosa e assistencial de Aldeia Galega.
Século XVIII
Abandonando, por algumas décadas, a policromia das centúrias anteriores, a azulejaria da primeira metade do século XVIII, maioritariamente em azul e branco, manifestou-se, em Aldeia Galega, nas várias campanhas da Igreja Matriz do Espírito Santo que, ao longo da primeira metade de Setecentos, revestiram os principais espaços do templo. Inscrevem-se numa reforma barroca mais ampla, responsável pela atualização estética da igreja, que ainda hoje marca fortemente este interior, tirando partido da conjugação das duas formas artísticas mais utilizadas no período, a talha, aqui circunscrita aos altares, e os azulejos figurativos, de forte pendor cenográfico.
Igreja de São Jorge, Freguesia de Sarilhos Grandes
Pormenor de painel do lado do Evangelho
Para além da Igreja Matriz, também a desaparecida Ermida de Santiago da Póvoa benefi ciou de um programa azulejar de iconografi a mariana, o mesmo acontecendo na Igreja de Nossa Senhora da Atalaia onde, para além da nave e da capela-mor, surgem ainda azulejos com as litanias da Virgem, no coro. Registe-se também o revestimento da nave e capela-mor da Igreja de São Jorge de Sarilhos Grandes.
Quinta do Pátio d’Água, Freguesia do Montijo
Já da segunda metade do século é o revestimento da Capela de Santo António, na Quinta do Pátio d’Água. Esta, propriedade particular, mas aberta ao público, denuncia a evolução para a azulejaria rococó, conjugando as cercaduras policromas com a fi guração de episódios da vida do santo titular, ainda a azul e branco. Se no período barroco a azulejaria encontrou nos interiores dos templos a sua principal vocação, a verdade é que os painéis cerâmicos exteriores, com a representação de santos, visando a proteção de uma determinada casa ou igreja, prolongaram uma tendência já anteriormente observada, e que se viria a intensifi car nas centúrias seguintes. Os denominados registos, que se multiplicaram depois do Terramoto de 1755 e que procuravam invocar a proteção do santo representado, encerram uma dimensão sociológica de grande interesse, encontrando-se três exemplos setecentistas em Aldeia Galega. Quinta do Pátio d’Água Painel representando um milagre, na galilé da Capela de Santo António Freguesia do Montijo O mais antigo representa Nossa Senhora a oferecer o rosário a São Domingos de Gusmão, e foi aplicado na fachada do edifício n.º 51-53 da Avenida João de Deus, antiga Rua Nova. O segundo encontra-se na fachada da Capela do Senhor dos Aflitos e representa Nossa Senhora das Dores. Reza a tradição que se destinava às mulheres grávidas que ali se deslocavam em busca de proteção para um bom parto. O último invoca Nossa Senhora da Atalaia e está aplicado no Moinho de Esteval.
O revestimento da Igreja do Espírito Santo é bem um exemplo do caráter assumido pela azulejaria na primeira metade do século XVIII. Deixando de lado a policromia, e a preferência pela padronagem que cobria os interiores dos templos na centúria precedente, o azulejo passou a organizar-se em painéis figurativos, com representações de episódios religiosos, envoltos e unidos por cercaduras arquitetónicas ou ornamentais, por vezes também plenas de significado e sentido. Estas “paredes de louça” eram um importante suporte à catequese e ao sermonário barroco, tirando partido da narratividade dos painéis e estruturando-se em função de um programa iconográfico previamente estabelecido pelo encomendador.
Programa esse que podia oferecer diversos níveis de leitura, de acordo com a ilustração de cada observador, condicionando o espaço e os percursos dentro da igreja. Ao mesmo tempo, emprestavam aos interiores uma magnificência e um esplendor para a qual muito contribuiu a qualidade refletora dos azulejos feitos à mão, que respondiam, de forma muito eficaz, às necessidades cenográficas da arte e da liturgia barroca. A preferência por este género de solução foi tal que, por vezes, os revestimentos existentes eram retirados e substituídos. Foi o caso da Matriz de Aldeia Galega, com esquemas de enxaquetados seiscentistas que não resistiram ao desejo de atualização por parte dos responsáveis pelo templo. A capela de Nossa Senhora da Purificação foi a primeira a exibir painéis de azulejo figurativos, seguindo-se, em 1708, a capela-mor. A campanha seguinte, e a mais vasta, já da época conhecida como a Grande Produção Joanina, revestiu a nave, o guarda-vento e a capela batismal, ficando para último a capela da Madre de Deus, onde é já visível a influência rococó. Pelo meio, mais difíceis de datar, surgem os painéis de albarradas da sacristia e do coro.
A Transição do século XIX para o século XX
Até ao século XIX os programas azulejares observados no Montijo resultaram, na sua esmagadora maioria, de encomendas destinadas a espaços religiosos, pois, mesmo os painéis que se encontravam em quintas particulares foram aplicados nas respetivas capelas. Esta tendência conheceu, com o avançar da centúria de Oitocentos, e um pouco à semelhança do que se observa no resto do país, uma inversão radical, com o azulejo a “invadir” as fachadas das principais artérias da vila.
A narratividade que havia caracterizado a produção barroca e rococó, e que havia já perdido alguma importância na fase pombalina (da qual, aliás, não se registaram exemplos em Aldeia Galega), diluiu-se, quase por completo, nos padrões oitocentistas, de inspiração geométrica e fitomórfica. Assistiu-se, assim, a um retorno à tendência da padronagem que havia marcado grande parte do século XVII, mas com uma diferença substancial ao nível do suporte, pois os azulejos passaram a ser aplicados, em larga escala, no exterior dos edifícios. Em vez de condicionar e imprimir os seus brilhos e ritmos aos interiores, o azulejo apropriou-se do espaço da própria urbe, marcado fortemente a paisagem da mesma. No que diz respeito a Aldeia Galega, foi essencialmente no século XIX que, a juntar-se às tradicionais atividades económicas, se afirmou a engorda do porco e a chacinaria, numa primeira fase a nível familiar, mas anunciando já o posterior desenvolvimento industrial que fez sediar nesta região algumas das principais fábricas de transformação de carnes.
O aumento do comércio e a fixação da população no centro urbano, progressivamente ligada às fábricas que aí passaram a laborar, conduziu ao aparecimento de uma burguesia, com interesses também políticos e administrativos, disposta a intervir a todos os níveis da vida local. Deve-se a esta classe emergente a renovação da malha urbana, que se manifestou quer no aumento de um piso das tradicionais casas térreas, quer na remodelação das fachadas, recorrendo ao azulejo de padrão, mas também aos gradeamentos de ferro e às platibandas de cerâmica, determinando, assim, uma unidade arquitetónica que caracterizou as principais artérias da vila. Na verdade, os exemplares claramente datados desta centúria (que resultam de remodelações e raramente de construções de raiz), encontram-se na Rua Almirante Cândido dos Reis (antiga Rua Direita), na Avenida João de Deus, na Avenida dos Pescadores e nas artérias adjacentes a estas. Cândido dos Reis (antiga Rua Direita), na Avenida João de Deus, na Avenida dos Pescadores e nas artérias adjacentes a estas.
A articulação entre o material de revestimento e o suporte, ou o espaço para o qual ele era concebido, foi uma das preocupações mais prementes da azulejaria portuguesa, e que é bem visível nas fachadas oitocentistas de Aldeia Galega, onde os vãos e outros “acidentes” foram devidamente enquadrados por barras e cercaduras, cujo desenho se conjugava com o padrão principal. Foram muitos e variados os padrões geométricos e fitomórficos identifi cados, apenas se registando repetições pontuais. Há poucos exemplos de azulejos relevados, optando-se, pelo contrário, pela técnica da estampilhagem ou estampagem, em processos semi-industriais e industriais.
A tendência das fachadas azulejadas prolongou-se pelas primeiras décadas do século XX. É bem evidente a preocupação com a atualização do gosto e das linguagens artísticas, pois são muitos os exemplares Arte Nova e Art Déco identificados em Aldeia Galega. Mas observa-se, também, um crescimento e um alargamento das tipologias utilizadas anteriormente. Para além dos padrões, monocromos ou policromos, encontram-se os azulejos retangulares lisos e biselados, os de ponta de diamante, painéis figurativos, parte dos quais ligados às atividades económicas da região ou dos proprietários, como os da casa de Izidoro Maria de Oliveira, painéis de desenho revivalista, painéis publicitários e os sempre presentes registos devocionais.
Nesta época, importa destacar, pela sua importância, o revestimento exterior e interior da casa da Quinta do Pátio d’Água. As escadas de acesso à porta principal e a fachada exibem painéis ornamentais em tons de azul e branco, imitando motivos rococó, mas é no interior que os azulejos adquirem maior expressão, revestindo salas inteiras, na cave, ou ocupando parcialmente os panos murários da escadaria e das divisões do rés-do-chão.
Átrio do piso térreo da casa da Quinta do Pátio d’Água, revestido por painéis de gosto revivalista com representações de meninos, grinaldas e outros elementos decorativos, a azul e branco. No arco, a inscrição latina, NIL HABES SI NON CURAS QUOD HABES, signifi ca, “Nada tens se não cuidares daqueles que tens”.
São exemplares revivalistas, de inspiração barroca e rococó, realizados, ao que tudo indica, na Fábrica Constança, por Leopoldo Battistini, mas que foram concebidos para um outro local que não a casa onde acabaram por ser aplicados, o que explica os cortes e as adaptações que se observam. Esta campanha decorativa inscreve-se na remodelação do edifício, sob projeto do arquiteto Porfírio Pardal Monteiro, então ainda em início de carreira e muito ligado aos paradigmas da Casa Portuguesa, em que o azulejo, muitas vezes de épocas anteriores e reaproveitado de outros edifícios, era uma solução recorrente.
Revestimento do Edifício na Avenida João de Deus n.º 13 fachada revestida por azulejos de vidrado monocromático verde, retangular e biselado, interrompido por duas barras policromas, Arte Nova, com motivos florais.
Século XX
A utilização do lettering, que no século XVIII ajudava à compreensão dos temas representados nos painéis, conheceu, entre os séculos XIX e XX, uma dimensão publicitária, com composições executadas por encomenda e especificamente para cada local, afastando-se da azulejaria de padrão, seriada e facilmente adaptada a qualquer espaço. Encontram-se exemplos desta tendência também a nível particular, na designação de edifícios, como o da Rua da Aldeia Velha, n.º 44, com um painel de linguagem revivalista rococó e ao centro a inscrição: “Vivenda Júlia”.
Com o avançar da centúria, o azulejo manteve-se como um material recorrente nas fachadas do Montijo, mas é evidente a progressiva descaracterização e deturpação da sua essência. A articulação entre o azulejo e o suporte foi cada vez menos considerada e os revestimentos acabaram por perder a sua importância enquanto elemento integrante da arquitetura para se tornar apenas numa “pele” decorativa. Esta situação verifica-se, em especial, a partir da segunda metade do século, acompanhando o crescimento da industrialização. Nas novas vias que se abriram, em especial a Rua José Joaquim Marques, observam-se algumas fachadas Arte Nova e Art Déco, mas boa parte dos edifícios são de dimensões muito superiores, recorrendo ao azulejo como um material mais utilitário que estético. Por fim, importa referir os registos devocionais, que se conservam nas fachadas antigas e que são utilizados nas novas, em pleno século XXI, privilegiando, contra os perigos da vida contemporânea, a interseção de Nossa Senhora da Atalaia, do Padre Cruz, do Sagrado Coração e de Nossa Senhora de Fátima.