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Teatro Nacional D. Maria II homenageia os 75 anos da carreira de Eunice Muñoz

Eunice Muñoz fotografada em 2011 - Rui Gaudêncio

 

Atriz estreou-se no palco do Rossio em 1941, com apenas 13 anos, e deverá voltar no próximo ano.

A atriz Eunice Muñoz, de 88 anos, é homenageada esta segunda-feira no Teatro Nacional D. Maria II (TNDM), em Lisboa, onde se estreou há 75 anos, participando numa conversa, na Sala Garrett, com o ator e encenador Diogo Infante, com quem contracenou várias vezes.

Eunice Muñoz – Uma lição de 75 anos de carreira é o título da iniciativa marcada para as 18h00, e à qual assistirá, entre outras personalidades, como colegas, amigos e também alunos de teatro, o secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, ex-presidente do conselho de administração do TNDM. Será também anunciada a data do regresso da atriz ao palco do Rossio, na próxima temporada de 2016/17, segundo avançou à Agência Lusa fonte do TNDM.

Eunice Muñoz, nascida na Amareleja, no Baixo Alentejo, a 30 de julho de 1928, no seio de uma família de atores, estreou-se no Dona Maria no dia 28 de novembro de 1941 – tinha então apenas 13 anos –, fazendo parte do elenco da peça Vendaval, de Virgínia Vitorino, com encenação de Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro.

Em 2012, estava previsto a atriz subir ao palco do TNDM com Comboio da Madrugada, de Tennessee Williams, numa encenação de Carlos Avillez, ainda no âmbito das celebrações dos seus 70 anos de carreira, que se iniciaram em 2011, ano em que estreou esta peça no Teatro Experimental de Cascais (TEC). Por razões de saúde, uma queda que a atriz deu, a peça foi cancelada.

Já este ano, Eunice Muñoz foi anunciada para protagonizar a peça As Árvores Morrem de Pé, de Alejandro Casona, numa encenação de Filipe La Féria, com quem já trabalhara em Passa por Mim no Rossio A Casa do Lago, mas, de novo por motivos de saúde, a atriz não pôde atuar, mantendo no entanto a sua participação na telenovela A Impostora, atualmente em exibição diária na TVI.

Eunice Muñoz protagonizou várias peças no TNDM, desde a sua reabertura em 1978, após o incêndio de 1964, designadamente, naquele mesmo ano – 1978 –, no Auto da Geração Humana, sobre Gil Vicente. Ao longo das décadas seguintes, interpretou dramaturgos como Sttau-Monteiro (Felizmente Há Luar), Raul Brandão (O Gebo e a Sombra), García Lorca (A Casa de Bernarda Alba), Paul Claudel (O Anúncio Feito a Maria), Jean-Paul Sartre (As Troianas), Bertold Brecht (Mãe Coragem e os seus Filhos), Herman Broch (Zerlina), Agustina Bessa-Luís (As Fúrias), Lídia Jorge (A Maçon), ou Maria Velho da Costa (Madame).

Entre as várias distinções da sua carreira, Eunice Muñoz recebeu, no dia 28 de novembro de 2011 – faz hoje precisamente cinco anos –, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, entregue pelo então Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.

Aquando desta homenagem, e em declarações à Lusa, a atriz disse manter a determinação de “fazer sempre melhor”. “Não podia ser outra coisa; só podia ser atriz”, acrescentou Eunice Muñoz, que na altura celebrava os 70 anos de carreira, e lembrando que apenas abandonou o teatro – o seu “grande amor” –, dos 23 aos 27 anos, já depois de uma década nos palcos e na sequência do nascimento da primeira filha.

Também o cinema entrou na sua carreira, em 1946, estreando-se em Camões, de Leitão de Barros (que lhe valeu o prémio de melhor atriz do ano), seguindo-se Um Homem do Ribatejo, de Henrique de Campos. Participou depois em mais uma dezena de filmes, o mais recente dos quais foi Entre os Dedos (2008), de Tiago Guedes e Frederico Serra.

Na televisão, aceitou o desafio de Nicolau Breyner e participou nas séries cómicas Nicolau no País das Maravilhas e Nico d'Obra. Em 1933, protagonizou A Banqueira do Povo, de Walter Avancini, seguindo-se várias outras telenovelas, entre as quais Todo o Tempo do MundoPorto dos MilagresOlhos de ÁguaSonhos TraídosOlhos nos Olhos e Mar de Paixão – além da já referida A Impostora.

No ano passado, Eunice Muñoz recebeu o Prémio Carreira da Academia Portuguesa de Cinema, e o TNDM produziu 74 Eunices - Homenagem a Eunice Muñoz.

Além da condecoração de 2011, a Presidência da República tinha-a já distinguido também com os graus de Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (1981) e de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1991). 


in jornal Público | 28 de novembro de 2016

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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