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Biblioteca do século XXI abre em Marvila

Foram precisos 20 anos e quase quatro milhões de euros para que a freguesia de Marvila ganhasse uma biblioteca que, para além de livros, quer ser um espaço de encontro da comunidade, onde se pode circular sem cartão.

Arquiteto Hestner Ferreira é o autor do projeto  |  Paulo Spranger/Global Imagens Arte e deportos urbanos são dois dos temas em destaque nos títulos para responder aos interesses da comunidade  |  Paulo Spranger/Global Imagens Catarina Vaz Pinto, vereadora da Cultura, e Susana Silvestre, responsável pelas bibliotecas municipais  |  Paulo Spranger/Global Imagens O antigo lagar da Quinta das Fontes foi incluído no novo equipamento cultural  |  Paulo Spranger/Global Imagens O espaço para crianças dos 0 ao 3 anos onde funcionará o workshop Mimos e Livros à Mão de Semear  |  Paulo Spranger/Global Imagens

 

"As bibliotecas podem ser fast food, e é ótimo, muito simples, é só dizer olhe, o livro está ali; ou pode ter um serviço gourmet, e essa é a mais-valia que as bibliotecas podem dar". A imagem é de Susana Silvestre e não é por estarmos na cafetaria da nova Biblioteca de Marvila que a usa. O espaço só é inaugurado no domingo, mas e "ainda antes de o senhor presidente [da câmara] cá entrar convidámos a população a conhecer o edifício". E já foram mais de mil as que por lá passaram.

De todas as vivências que o edifício já teve, a responsável pelas bibliotecas municipais destaca um: "Para mim, o dia mais marcante e emocionante, foi o dia 23 de abril, Dia Mundial do Livro". Não estava prevista qualquer atividade para esse dia, mas, "uma semana antes, numa reunião com uma associação local, soubemos que nesse dia iria haver uma caminhada aqui pela freguesia. Perguntámos se não queriam acabar a caminhada na biblioteca. Tivemos aqui mais de cem pessoas", relembra.

No domingo, pelas 15.00, quando a placa já estiver colocada à entrada, substituindo o papel que na quarta-feira anunciava que a Biblioteca de Marvila foi inaugurada pelo presidente Fernando Medina no dia 27 de novembro de 2016, devem ser muitas mais as pessoas a participar na festa de inauguração da "primeira biblioteca a ser construída de raiz pela câmara municipal", como assinalou Catarina Vez Pinto ao DN.

O projeto tem 20 anos e a ideia inicial era instalar na Quinta das Fontes a Casa da Escrita. Foi com a sua chegada ao pelouro da cultura, em novembro de 2009, que a reorganização das bibliotecas e dos museus saltou para o topo da lista de prioridades. "Hoje as bibliotecas são não só um espaço da cultura escrita, onde lemos livros, revistas e jornais, mas onde se tem acesso a toda a cultura através das novas tecnologias. E têm mais funções do que tinham antes". Por isso, "já não são só um espaço de cultura, mas também de aprendizagem ao longo da vida e um espaço de comunidade". E isso implica a oferta de novos serviços, não apenas os tradicionais das bibliotecas (acesso à leitura nos suportes tradicionais e o empréstimo bibliotecário) "mas também o acesso à internet, vários programas de promoção da literacia (financeira, como fazer um currículo) ou outros mais da área social (as pessoas podem vir aqui para saber onde poderão encontram um lar para um familiar, onde colocar as crianças para fazer certas atividades)", concretiza Susana Silvestre, enumerando alguns dos serviços gourmet a serem aqui servidos inicialmente por 12 funcionários de uma equipa multidisciplinar que, para além de bibliotecários e documentalistas inclui animadores culturais, sociólogos, antropólogos.

Serviços que, tal como a programação e a construção do edifício, um investimento de quase quatro milhões de euros, dependem das necessidades identificadas nas muitas reuniões mantidas com as associações locais desde 2011. "O que as pessoas sempre nos pediram foi um auditório onde as associações pudessem fazer as suas apresentações e a marcha de Marvila pudesse ensaiar", conta Susana Silvestre. Não tem os 300 lugares pedidos, mas 200, numa bancada amovível, que transforma o auditório num espaço que pode receber (quase) todo o tipo de espetáculos.

Mas também há livros, claro, e logo à direita da entrada dos 2600 m2 de área útil do edifício está a coleção de ficção, os jornais e as revistas. E sim, já lá está Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, o mais recente bestseller para o público jovem. Aliás, os livros disponíveis nas estantes foram escolhidos de acordo com os interesses identificados nas várias comunidades da freguesia de Marvila. "Temos títulos que só existem nesta biblioteca municipal e algumas obras belíssimas em áreas como arte e desportos urbanos ou ainda música, como o hip-hop e o rap", explica Susana Silvestre.

"Outra exigência das novas bibliotecas é a reconfiguração dos espaços: para além de salas com estantes e livros também têm de oferecer espaços lúdicos, onde as pessoas se encontram", assinala Catarina Vaz Pinto. É por isso que esta conta com uma cafetaria - onde até haverá micro-ondas para que um dia passado na biblioteca não implique gastos adicionais - salas de formação, salas de reunião (ou de ensaio ou qualquer outra atividade), uma sala para oficinas infantis.

Por outro lado, na conceção da biblioteca, que inclui a recuperação de um antigo edifício da Quinta das Fontes, o arquiteto Hestnes Ferreira fez questão de incluir um antigo lagar, preservando a memória do lugar. Uma memória que se prolonga também ao início do projeto, com a instalação de uma sala dedicada a José Gomes Ferreira no agora reabilitado edifício da Quinta das Fontes. A Casa da Escrita, com vista sobre o rio, pensada há 20 anos, cresceu e quer ser o ponto de encontro das diferentes comunidades de Marvila, ao serviço da regeneração urbana e da inclusão social.


por Marina Marquesin Diário de Notícias | 25 de novembro de 2016

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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