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Pintura de Josefa d’Óbidos exposta no Museu do Louvre

Galerista luso-descendente Philippe Mendes assinala o evento apresentando em Paris uma exposição de cerâmica portuguesa do século XVII.

Maria Madalena confortada pelos anjos, de Josefa d'Óbidos DR

 

Não é ainda a sala da pintura portuguesa que Philippe Mendes acredita poder vir a existir, mas é um começo: a pintura de Josefa d’Óbidos (1630-1684) Maria Madalena confortada pelos anjos(1679), que o galerista luso-descendente doou no início deste ano ao Louvre, vai finalmente ser exposta, a partir desta quinta-feira, numa das alas do museu parisiense. E, a assinalar o facto, Mendes inaugura neste mesmo dia, nas suas duas galerias no centro de Paris, uma exposição de cerâmica portuguesa: Um século a azul-e-branco: As artes do fogo no Portugal do século XVII.

“O sonho que eu acalento é abrir, um dia, uma sala inteiramente consagrada à arte portuguesa no Louvre”, diz o galerista ao PÚBLICO, via email, reafirmando, no entanto, a importância daquela entrada. O quadro de Josefa d’Óbidos, um óleo sobre cobre com a dimensão de 34 x 42 centímetros, foi adquirido por Philippe Mendes num leilão na Sotheby's de Nova Iorque, e integrou a exposição que o Museu Nacional de Arte Antiga dedicou no ano passado, em Lisboa, à pintora barroca. Vai agora poder ser admirado ao lado de Nature morte au poison (Natureza-morta com peixe), uma pintura do seu pai, Baltazar Gomes Figueira (1604-1674), outro nome de referência do barroco português.

Além destas duas obras, o património da pintura portuguesa está apenas representado no acervo deste que é o maior museu do mundo através da pintura de Domingos Sequeira (1768-1837), Alegoria da fundação da Casa Pia de Belém, mas esta não se encontra exposta. [Há ainda quem defenda que uma pintura localizada na Ala Richelieu como sendo da escola flamenga, L’homme au verre de vin (c. 1460), poderá ter sido pintada por Nuno Gonçalves, o autor dos Painéis de São Vicente – uma polémica que foi inclusivamente tema de um poema de Vasco Graça Moura].

Por agora, Philippe Mendes congratula-se com a exposição simultânea das obras de Josefa d’Óbidos e do seu pai. “É já uma bela história, porque mostra que uma das grandes pintoras da época do barroco era portuguesa”, realça o galerista e especialista em pintura antiga.

 

Exotismo e sensualidade 

Nos dois espaços da galeria que abriu em 2007 em pleno centro de Paris, junto à Ópera, Philippe Mendes inaugura também esta quinta-feira, pelas 17h, uma exposição para dar a conhecer outra vertente do património artístico português pouco conhecido em França.

Um século a azul-e-branco: As artes do fogo no Portugal do século XVII, que vai ficar patente até 30 de janeiro, reúne mais de seis dezenas de peças de faiança e 15 painéis de azulejos pertencentes à coleção do próprio galerista, da Galeria São Roque, em Lisboa, e ainda de colecionadores privados. Um terço das obras expostas vai estar à venda, com preços entre os três mil e os 150 mil euros.

“Este será um acontecimento para as artes decorativas portuguesas, já que se trata da primeira vez que um espólio tão completo dedicado à faiança do país do século XVII é apresentado em França e no mundo”, realça Philippe Mendes, que comissaria a mostra em parceria com Mário Roque, também galerista e especialista em antiguidades, contando ainda com a colaboração de Manuel Cargaleiro, artista e ceramista há vários anos radicado em Paris.

“O século XVII português, muitas vezes posto de lado pelos historiadores por causa de uma história política e identitária turbulenta, assistiu, no entanto, ao nascimento de uma estética preciosa nas formas e nos desenhos, no refinamento do interior dos palácios e em décors religiosos sumptuosos”, diz o catálogo de 180 páginas e profusamente ilustrado que acompanha a exposição, com textos de especialistas sobre o tema.

“Gosto do modo como os portugueses revestem as paredes das suas cidades, das suas igrejas, de como decoram os pratos e as louças com motivos variados, com uma graça e uma invenção artística que enche o nosso olhar de grande prazer”, escreve no catálogo o designer francês Jacques Grange, classificando a cerâmica portuguesa do século XVII como “exótica e sensual”, encarnando “a alma portuguesa na perfeição, a de homens e mulheres sensíveis ao sonho e com uma imaginação transbordante”.


por Sérgio C. Andrade, in jornal Público | 24 de novembro de 2016

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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