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Saramago e Pessoa vão desassossegar Lisboa durante duas semanas

Ilustração de João Maia Pinto para o livro sobre José Saramago  |  Direitos reservados

 

Um espetáculo, um livro, um mural, concertos, conversas - os Dias do Desassossego começam hoje e vão até dia 30.

Há uma oliveira plantada em frente da Casa dos Bicos, em Lisboa, que é também a sede da Fundação José Saramago. Para perceber a história dessa oliveira que, em vez de azeitonas, dá nomes de escritores - como Cervantes, Camões ou Kafka - é melhor contar a história do Saramago-menino que corria para casa da avó Josefa e do avô Jerónimo, mas também do Saramago-adolescente que cresceu numa ditadura, e ainda do Saramago-adulto que se pôs a encher as estantes com inúmeros livros.

"As pessoas entalavam as palavras na garganta não por falharem alguns sons e algumas sílabas, como aconteceu ao Saramago-adolescente, mas por ser proibido dizê-las em voz alta. E tanto as entalavam, tanto as guardavam, tanto as escondiam, que às vezes se esqueciam delas. Isso mesmo queria António de Oliveira Salazar, o homem que impunha o silêncio e ditava as regras. Isso mesmo nunca quis José Saramago, o homem-rio que, entre palavras escritas, fintava o silêncio e as regras" - é isto que se lê em José Saramago, Homem-Rio, o livro com texto de Inês Fonseca Santos e ilustrações de João Maia Pinto, que integra a coleção Grandes Vidas Portuguesas (coedição Pato Lógico e Imprensa Nacional Casa da Moeda) que será lançado no próximo sábado. A sessão acontece às 16.30, na Fundação José Saramago, integrada no programa dos Dias do Desassossego.

Desassossegados são os dias que vão da data do nascimento de José Saramago (16 de novembro) à data da morte de Fernando Pessoa (30 de novembro). E é entre essas duas datas que a Casa Fernando Pessoa e a Fundação José Saramago organizam uma programação de debates, concertos, passeios literários e outros eventos espalhados pela cidade de Lisboa, partindo destes dois autores e dos seus livros.

Tudo começa, portanto, no dia em que Saramago completaria 94 anos, com A Ilha Desconhecida, espetáculo a partir do conto do Nobel da Literatura, no qual ele nos convida a uma viagem em "que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós". Foi a partir dessa metáfora da ilha que o Trigo Limpo Teatro Acert criou este espetáculo, que será apresentado, hoje, às 18.30, na Casa dos Bicos.

O programa inclui desde a estreia de composições sobre textos dos dois escritores, passando pelo quarteto do guitarrista André Fernandes no concerto A Biblioteca dos Músicos (domingo, 21.00, no Teatro São Luiz), pelo novo projeto musical de Júlio Resende e Salvador Sobral, Alexander Search (no dia 30, às 21.00, na Casa Fernando Pessoa), pela "arte urbana" de André da Loba numa parede do Príncipe Real e pelo projeto (invisível para o grande público) de leitura de Pessoa que vai desassossegar um grupo de reclusos do Estabelecimento Prisional de Lisboa.

Veja a programação completa dos Dias do Desassossego AQUI.


por Maria João Caetano, in Diário de Notícias | 16 de novembro de 2016

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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