"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Notícias

Retrato de uma época pela lente surrealista de Fernando Lemos

O Museu Berardo mostra fotografias de uma geração intelectual no final dos anos 40, segundo o artista.

Auto-retrato de Fernando Lemos, em 1949 foto DR/ Museu Berardo "Lavagem cerebral" é o título desta fotografia, retrato do escritor Alexandre O'Neill foto DR/ Museu Berardo Sophia de Mello Breyner foto DR/ Museu Berardo Fernando Vespeira, Alexandre O'Neill e Norta Mitrani, juntos no retrato "Abraços Lisboetas" (1949) foto DR/ Museu Berardo

 

Depois de fazer esta série de fotografias, Fernando Lemos, atualmente com 90 anos, partiu, de barco, para o Brasil, com o escritor e crítico Adolfo Casais Monteiro, levando os negativos no bolso. Por lá ficaram, esquecidas, anos a fio, até uma exposição em 1994, no Centro de Arte Moderna, na Gulbenkian, chamada À Sombra da Luz ter começado a desvelar o trabalho do artista, agora também de nacionalidade brasileira. Da mostra permanente do Museu Berardo (onde o seu trabalho continua), salta, em nome próprio, para a galeria de exposições temporárias, com uma nova leitura da sua obra, em Retrato Coletivo em Portugal, no final dos anos 40, como lhe chamou Pedro Lapa, curador e diretor artístico da instituição.

Selecionou 62 fotografias, "as mais surrealistas". "Traça[m] um quadro muito específico de uma geração intelectual num dos períodos mais depressivos do século XX, o final dos anos 40, no pós-guerra. Há a expectativa da construção de um mundo novo, que em Portugal não se abria e em que o regime ditatorial endurecia", caracteriza Pedro Lapa.

As imagens foram produzidas entre 1949 e 1952, e aqui estão todos os que marcavam e marcariam a vida cultural portuguesa. Os que ficaram, os que partiram, os que voltaram: Casais Monteiro, Alexandre O"Neill, Sophia de Mello Breyner, Mário Cesariny, Arpad Szenes e Vieira da Silva, Jorge de Sena, Glicínia Quartin, Cardoso Pires e António Pedro, "nome tutelar do movimento surrealista".

Pedro Lapa conta a história de um dos retrato do artista plástico, membro do Grupo Surrealista de Lisboa, que acabaria por voltar para Moledo, no Minho, onde Fernando Lemos o vê pela última vez e o fotografa a afastar-se.

Esta exposição soma-se a outra, Visualidade e Visão - Arte Portuguesa na Coleção Berardo II, que reúne obras de Cabrita Reis, Joaquim Bravo, Miguel Palma, José Luís Neto, Pedro Barateiro, Rui Chafes e Ângela Ferreira, com uma peça de 2008 chamada For Mozambique (Model No.1 of Screen-Tribune-Kiosk celebration a post-independance Utopia), uma instalação em que são projetados dois vídeos, um de Jean Rouch e outro com a canção For Mozambique, editada em 1977 por Bob Dylan, cuja voz ecoa pela galeria. "Já estava pensada para aqui, não tem nada a ver com eventos recentes", diz Pedro Lapa, lembrando a atribuição do Nobel da Literatura ao músico.


por Lina Santos, in Diário de Notícias | 26 de outubro de 2016

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

Agenda
Ver mais eventos

Passatempos

Passatempo

Ganhe convites para a antestreia do filme "Memória"

Em parceria com a Films4You, oferecemos convites duplos para a antestreia do drama emocional protagonizado por Jessica Chastain, "MEMÓRIA", sobre uma assistente social cuja vida muda completamente após um reencontro inesperado com um antigo colega do secundário, revelando segredos do passado e novos caminhos para o futuro.

Visitas
93,875,321