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Homenagem a José Vianna da Motta
A cerimónia da trasladação do corpo do Mestre Vianna da Motta para o cemitério dos Prazeres em Lisboa terá lugar no próximo dia 1 de outubro, começando com uma homenagem às 16h.
Na homenagem o QUARTETO LACERDA tocará o Quarteto em sol maior de JOSÉ VIANNA DA MOTTA, ELVIRA ARCHER fará uma breve alocução na capela mortuária desse mesmo cemitério e haverá ainda uma Intervenção da Profª M. JOSÉ BORGES, da Escola de Música do Conservatório Nacional.
A trasladação do cemitério do Alto de S. João para o dos Prazeres é da iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa que disponibilizou neste um jazigo para assim homenagear esta alta figura musical.
José Vianna da Motta grande virtuose internacional do piano, nasceu na ex-colónia portuguesa da ilha de S. Tomé a 22 de abril de 1868 e faleceu em Lisboa a 1 de junho de 1948.
Ainda não tinha dois anos quando veio com seus pais para a metrópole que se instalaram em Colares, concelho de Sintra, onde deu os primeiros sinais da sua musicalidade precoce que, tornando-se notória, foi levado com seis anos ao paço real, acompanhado do seu harmónio feito à sua medida, para fazer uma audição, não sabendo ainda uma nota de música, mas tocando de ouvido melodias que ouvia a seu pai.
Impressionados com tal talento, D. Fernando II e sobretudo a Condessa d’Edla prontificaram-se a auxiliar os custos do ensino no Conservatório Real de Lisboa, onde iniciou o curso de piano com perto de sete anos e terminou com treze.
Os seus progressos e o sucesso com que se apresentou no seu primeiro concerto que teve lugar no Salão da Trindade, facultaram-lhe obter dos seus mecenas uma bolsa para, em 1882, ir continuar na Alemanha os seus estudos humanísticos e musicais, estes no Conservatório Scharwenka em Berlim. Foi nesta cidade, onde manteve o seu domicílio durante cerca de 32 anos e onde colaborou com artistas famosos como Ferruccio Busoni ou Pablo de Sarasate, que desenvolveu a sua carreira de pianista e de pedagogo.
Recebeu os ensinamentos de Franz Liszt no último curso de verão, dado em Weimar em 1885, frequentou o curso de aperfeiçoamento interpretativo de Hans von Bülow de 1887 em Frankfurt, e tornou-se adepto de R. Wagner quando assistiu pela primeira vez, ainda estudante, ao Parsifal em Bayreuth.
Com o deflagrar da Primeira Guerra Mundial foi obrigado a abandonar a Alemanha em 1914, tendo então aceite o lugar de lecionar e de superintender a classe de virtuosidade de piano do Conservatório de Música de Genebra.
Em 1917 regressou definitivamente a Portugal, onde fundou a Sociedade de Concertos de Lisboa e onde, em 1919, lhe foi conferido o cargo de professor e diretor do Conservatório Nacional de Lisboa que exerceu até 1938, realizando a desejada reforma europeizante daquela instituição com uma nova orientação pedagógica.
Como compositor, no âmbito da Música de Concerto, é considerado o iniciador da música de carácter nacional em Portugal, sendo a sua obra mais relevante a Sinfonia À Pátria.
José Vianna da Motta, figura de grande vulto cultural, aplaudido por reis, imperadores, presidentes de vários países e nas melhores salas da Europa e do Continente Americano de norte a sul, embora tenha sido um prestigiado divulgador da música alemã, também o foi, mundo fora, da portuguesa.