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Investigadores tentam desvendar segredos dos sinos de Mafra

Os sinos do Palácio Nacional de Mafra, têm vindo a ser visitados por físicos e musicólogos da Universidade Nova de Lisboa.

Tiago Petinga/Lusa

 

Os materiais e as técnicas de construção e afinação dos sinos e carrilhões de Mafra, desconhecidos até há dois séculos, estão a ser estudados por investigadores com o intuito de preservar e reconstruir o conjunto sineiro único no mundo.

Enquanto aguardam pelo início das obras de restauro, estimadas em mais de dois milhões de euros, os sinos do Palácio Nacional de Mafra, presos por andaimes, têm vindo a ser visitados por físicos e musicólogos da Universidade Nova de Lisboa.

"O objetivo é conservar e preservar o património. Queremos que os sinos voltem a tocar nas melhores condições e, se possível, mais próximos das suas características originais", afirmou o coordenador da investigação, Vincent Debut, à agência Lusa.

"Há sinos que estão rachados, por isso não soam bem. Com estes dados, é possível construir um sino com as mesmas características de outro que seja necessário substituir", exemplificou o investigador, alertando para a necessidade de os futuros restauradores virem a ter em conta os dados obtidos nesta investigação, nas decisões que vierem a tomar.

 

A trabalhar há dois meses, depois de obterem um financiamento de 25 mil euros, os investigadores têm vindo a recolher diferentes sons emitidos por cada um dos diferentes sinos, dos quais se preparam também para iniciar, em outubro, a recolha de imagens, em tamanho real.

O trabalho de campo em cada uma das torres do palácio é o primeiro passo para, durante um ano, por via das engenharias e de técnicas laboratoriais de análise física, chegarem a conclusões sobre os materiais que foram usados e os tipos de ligas de bronze usadas em cada sino, bem como descrever a sua geometria e o comportamento vibratório.

Os dados vão permitir aprofundar o conhecimento das técnicas de fundição de há dois séculos, conhecer o perfil de cada sino e a necessária afinação que cada um requer, informações suficientes para mandar construir um conjunto sineiro idêntico ao original.

O físico Vincent Debut, especialista em acústica, dedica-se a compreender os fenómenos físicos que dão origem aos sons musicais. Pelos dados já reunidos, os cinco investigadores conseguem desde já concluir que "a geometria e a composição da liga de bronze de cada sino variam em função da nota da escala musical".

"Consoante as notas fossem agudas ou graves, os fundidores usavam um tipo de perfil de sino", explicou Vincent Debut.

Trata-se de um projeto interdisciplinar que cruza conhecimentos das ciências dos materiais e da acústica musical, e que junta especialistas do Instituto de Etnomusicologia- Centro de Estudos em Música e Dança da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e do Centro de Investigação de Materiais (CENIMAT)- Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação da Faculdade de Ciências e Tecnologia daquela universidade.

O projeto recebeu em junho o Prémio de Investigação Colaborativa do Banco Santander Totta e da Universidade Nova de Lisboa, destinado a distinguir trabalhos de jovens investigadores daquela instituição académica.

Os dois carrilhões e os 119 sinos, pesando, o maior, 12 toneladas, constituem o maior conjunto sineiro do mundo.

Quando lançou o concurso para a sua reabilitação, o Governo reconheceu que se encontram em "avançado estado de degradação", causando "riscos de segurança não só para o património, como para utentes do imóvel e para os transeuntes da via pública".


 

in Rádio Renascença | 5 de setembro de 2016

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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