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José Seabra Pereira venceu o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho


"O delta literário de Macau", de José Seabra Pereira, venceu o prémio com o valor pecuniário de 7500 euros, suportado pela edilidade de Vila Nova de Famalicão.

José Seabra Pereira venceu o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho/Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, pela obra "O delta literário de Macau", anunciou a Associação Portuguesa de Escritores (APE), promotora do galardão.

O livro foi publicado no ano passado, depois do autor ter exercido as funções de docente convidado no Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa, do Instituto Politécnico de Macau.

Em fevereiro do ano passado, antecipando a edição da obra, em declarações à Lusa, Seabra Pereira afirmou que é um livro em dois volumes sobre "literatura de Macau e ligada a Macau", focada nos autores entre o final do século XIX até aos dias de hoje.

"Há muitas formas de Macau marcar presença na literatura. Pode ser uma presença quase episódica, remota, como um sinal de exotismo, de compensação ideológica. Depois há outras formas de presença mais fortes em que há uma representação literária de Macau como geografia física e humana, como meio de vida", afirmou Seabra Pereira, em entrevista à agência Lusa.

O primeiro volume, publicado no ano passado e que foi agora distinguido, aborda a "literatura de Macau num sentido mais específico", ou seja, "naqueles escritores que, podendo ter nascido em Portugal e ter vivido uma parte da sua vida em Portugal, estão numa condição literária diferente", em que "a obra de matriz macaense é o que os define como escritores".

"O processo de afirmação desses escritores dá-se em Macau. De tal forma que alguns deles não aparecem nos livros de história da literatura ou de crítica literária em Portugal, mas isso não os diminui como escritores, são olhados, antes de mais, como escritores de Macau", explica.

São os casos de Henrique de Senna Fernandes, Deolinda da Conceição, Fernanda Dias, Fernando Sales Lopes e Carlos Morais José. No total, o académico estima incluir "um bom quarteirão" de autores.

Para júri -- constituído por António Apolinário Lourenço, Artur Anselmo e Maria João Reynaud -- José Seabra Pereira "foi durante um ano docente convidado e investigador da instituição macaense, tendo produzido, como contrapartida, este longo ensaio sobre a literatura de Macau em língua portuguesa".

"O resultado é excelente e preenche uma importante lacuna nos estudos de Literatura em língua portuguesa", remata o júri.

O prémio tem o valor pecuniário de 7500 euros e é totalmente suportado pela edilidade de Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga.

Seabra Pereira é professor associado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica.

Nascido no Luso, no concelho da Mealhada, há 67 anos, José Seabra Pereira investiga e leciona nas áreas de Literatura Portuguesa Moderna, Estudos Camonianos, Estudos Pessoanos e Teoria Literária, tendo regido cadeiras de Língua Portuguesa, Técnicas de Expressão e Comunicação, bem como Temas de Civilização, Cultura e Artes.

Além de coordenador científico do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos, é membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, curador da Casa da Escrita, também na Lusa Atenas, consultor e supervisor de vários projetos de investigação de Centros da Fundação da Ciência e Tecnologia e diretor da revista Estudos.

"Do fim-de-século ao tempo de Orfeu", "Neorromantismo na poesia portuguesa", "António Nobre: Projeto e Destino", "O tempo republicano da literatura portuguesa", "Aquilino -- a escrita vital" e "Prismas identitários -- Modernas representações literárias de Portugal", são algumas das obras que assinou, a par das edições críticas ou paracríticas de Obras Completas de Gomes Leal, Raul Brandão, Alberto d'Oliveira, Manuel Laranjeira, Trindade Coelho e Florbela Espanca.

O Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho foi instituído em 2009, e foi já arrecadado por Victor Aguiar e Silva, Manuel Gusmão, João Barrento, Rosa Maria Martelo, José Gil e Manuel Frias Martins.

A data da cerimónia de entrega será oportunamente anunciada", segundo a APE.


in Diário de Notícias | 27 de julho de 2016

no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Diário de Notícias 

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