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Júlio Pomar e o universo de Cervantes em Óbidos

A exposição antecipa a segunda edição do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos.

D.Quixote e os carneiros, de 1998 DR

 

Ao longo de mais de meio século de carreira, Júlio Pomar sempre teve uma relação próxima com a obra de Miguel de Cervantes e revisitou frequentemente o conhecido Dom Quixote de La Mancha. Agora, o percurso do pintor pela obra de Cervantes pode ser visto no Museu Municipal de Óbidos e antecede o FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, que acontece entre 22 de setembro e 2 de outubro.

São 20 obras que atravessam as três fases do trabalho de Júlio Pomar sobre Dom Quixote. A primeira fase, entre 1959 e 1961, deu-se quando, a convite da editora Bertrand, o artista ilustrou uma edição da obra traduzida por Aquilino Ribeiro. Em 1998, produziu para a exposição que fez na Cidadela de Cascais. Entre 2004 e 2005, criou centenas de desenhos a propósito de uma edição especial para o semanário Expresso.

A curadoria da exposição foi feita pelo filho do pintor e presidente da Fundação Júlio Pomar, Alexandre Pomar, que refere em comunicado de imprensa que as obras sobre Cervantes vão ser vistas “pela primeira vez em simultâneo”. Além disso, no ano em que se assinalam os 400 anos da morte de autor espanhol, a exposição de Júlio Pomar como arranque do FOLIO justifica-se pela “forma como o festival relaciona as artes plásticas com a literatura.”

Durante o festival, seis outras exposições poderão ser vistas pelo público, como a mostra de 18 gravuras de J.Borges a partir do conto O Lagarto de José Saramago, anunciado esta quinta-feira por Anabela Mota Ribeiro, curadora do FOLIO, à agência Lusa. A obra de Saramago servirá, ainda, de mote a outra exposição, com trabalhos de "jovens artistas, sobretudo das décadas de 1970 e 1980, oriundos de várias áreas".

O festival homenageará, ainda, o pintor Hieronymus Bosch, no 500.º aniversário da sua morte, com uma reprodução em tamanho real de As tentações de Santo Antão, em parceria com o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Também a fotografia terá lugar no FOLIO, com uma exposição de Duarte Belo, filho de Ruy Belo (que terá um dia dedicado à sua obra, com um documentário e sessões de leituras de poemas), e com o trabalho de Carlos Freire, fotógrafo brasileiro radicado em França, que apresentará retratos de escritores como Samuel Beckett ou Jorge Luis Borges.

A exposição de Júlio Pomar poderá ser vista durante todo o festival, que tem como tema Utopia, e ficará patente no Museu Municipal de Óbidos. O FOLIO celebrará, ainda, os 500 anos da publicação de Utopia, de Thomas More, os 400 anos da morte de William Shakespeare, o centenário do nascimento de Vergílio Ferreira e o Ano Internacional de Entendimento Global. O festival tem já confirmados nomes como o Nobel da Literatura V.S. Naipaul, o islandês Jon Kalman Stefánsson e os portugueses Miguel Sousa Tavares, Afonso Cruz e Rui Cardoso Martins.

 


in jornal Público | 21 de julho de 2016

no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Público 

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