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Mário Laginha tocou a 30 metros abaixo do nível do mar
Atuação do músico numa mina serviu para chamar a atenção para o Festival Internacional de Jazz de Loulé, do qual é diretor artístico.
No fundo da mina de salgema ainda em atividade, Mário Laginha apresentou esta terça-feira o Festival Internacional de Jazz de Loulé, que vai decorrer na alcaidaria do castelo da cidade de 29 a 31 de Julho. O som do piano inundou uma das galerias, de um conjunto labiríntico com 42 quilómetros, a 30 metros abaixo do nível do mar.
Neste lugar singular ouviu-se pela primeira vez música ao vivo. Quando o artista tira o capacete e se debruça sobre o teclado, a assistência deixa-se envolver pela música e pela atmosfera carregada de cristais de sal.
O Festival Internacional de Jazz de Loulé persiste há 22 anos, numa região que procura formar públicos e atrair músicos de várias latitudes. A curta atuação de Mário Laginha, diretor artístico do festival, visou chamar a atenção para um evento que nasceu de uma “conjugação de boas vontades” e da necessidade de o Algarve ter uma programação cultural regular. Vão longe os tempos do Festival Internacional de Música do Algarve, que nasceu tendo como mecenas o empresário do sector turístico André Jordan. Neste caso, foi o município que se associou à iniciativa levada a cabo pela Casa da Cultura, assumindo-se como principal patrocinador. Este ano, Mário Laginha conferiu-lhe uma outra dimensão artística, lançando um concurso público para formar o Trio de Jazz de Loulé, a estrear-se no próximo domingo.
A proposta de levar a música para o interior de uma mina, a 230 metros de profundidade, comportava o risco de surgirem ecos que lhe retirasse a beleza. Porém, o resultado foi o oposto. “Perfeito”, disse Mário Laginha, referindo-se à qualidade do som. A terminar Mãos na parede, uma peça da autoria do pianista, dedicada a Carlos Paredes. Da assistência um comentário ficou no ar: “Que mundo este aqui na mina!” A terminar, outra nota agradável: seja Verão ou Inverno, a temperatura lá em baixo mantém-se invariavelmente entre os 22 e os 23 graus.
por Idálio Revez, in Público | 13 de julho de 2016
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público