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Cascais aposta no maior festival cultural

São mais de 60 autores nacionais e mais de 20 estrangeiros que vão estar em Cascais no Festival Internacional de Cultura.

Os responsáveis pelo Festival Internacional de Cultura durante a apresentação do programa [Carlos Manuel Martins / Global Imagens]

 

Os números da segunda edição do Festival Internacional de Cultura (FIC) em Cascais são tão impressionantes que a própria organização decidiu denominar o festival como a "rentrée cultural" e o "maior evento cultural do país". Não deixa de ter alguma razão, pois estão confirmados mais de 60 autores nacionais e mais de 20 estrangeiros. Entre estes, uma mão cheia de ingleses, o que leva a programadora, Inês Pedrosa, a afirmar que a questão do Brexit e da situação europeia atual terá em Cascais um lugar para ser pensada a alto nível intelectual.

Ontem, na apresentação do FIC, ficou-se a saber também que a programação do festival ainda não está fechada, mesmo que ronde já a centena de iniciativas calendarizadas entre os dias 9 e 18 de setembro. Segundo Tiago Morais Sarmento, o responsável do grupo Leya, um dos principais organizadores da iniciativa, ainda existem presenças por confirmar e eventos a anunciar: "Queremos criar um clima de festa próprio para as famílias, tendo sempre em conta um equilíbrio entre os vários pequenos e grandes públicos que sentem interesse pela programação do FIC. Outra das ambições, disse, é transformar o FIC num "festival incontornável e com projeção internacional". Não deixando de realçar a particularidade de todas as entradas serem gratuitas.

Quanto à programação, a responsável fez questão de referenciar que o Festival Internacional de Cultura foi organizado para "se poder pensar mesmo num tempo em que se vive aceleradamente". Para Inês Pedrosa, a componente "cultura" não se resumirá a expressões artísticas como a do teatro, cinema ou da música: "A intenção é permitir a reflexão pela literatura sobre a sociedade, a economia e a História, daí que tenhamos muitos autores preocupados com essa realidade nos vários painéis já estabelecidos."

Inês Pedrosa refere que não quis repetir nesta edição a presença dos autores da de 2015 e que, mesmo sendo a participação maioritária de escritores editados na Leya, houve a preocupação de encontrar valores consagrados para estes debates. Outra das novas orientações é, apesar de manter sempre o cenário da língua portuguesa sobre a mesa, focar desta vez a lusofonia no Brasil em vez de em África: "São vários os representantes da cultura brasileira que vão estar presentes, o que fará com que este FIC não seja mais do mesmo."

Uma característica que se nota na programação é a preocupação de registar-se uma participação mais paritária do que é habitual. "Em todas as mesas há mulheres e não estarão ali para servir de majoretes dos homens como acontece em muitos eventos deste género. No estrangeiro também! Quis trazer a Chimamanda Ngozi Adichie, mas ela foi mãe e não foi possível", esclareceu Inês Pedrosa.

O FIC tem como tema "William Shakespeare: a Herança da Liberdade", sendo que os vários encontros e debates serão sempre subordinados a uma frase retirada das suas obras. A primeira sessão terá uma das suas mais famosas frases como tema, "Ser ou não ser: eis a questão", e dá o ponto de partida para aquela que será por certo uma das sessões mais concorridas, já que Inês Pedrosa vai conversar sobre a identidade cultural como os brasileiros Caetano Veloso e Antonio Cícero.

O primeiro fim-de-semana terá um conjunto de sessões de caráter bastante interventivo. Começa com a economia: Ricardo Pais Mamede e Robert Skidelsky; continua com a política: Daniel Innerarity, Marisa Matias e Paulo Portas; segue-se [no domingo] o terrorismo, com Michael Weiss, Nuno Rogeiro e Paulo Tunhas. Durante a semana, virão a Cascais vários autores estrangeiros: o recente Prémio Goncourt, Mathias Énard, Andrew Roberts, David Priestland e Andrew Morton. Entre os outros temas a debater, está a Realidade e ficção nos romances históricos, Poetas que escrevem romances - ou vice-versa, Literatura e revolução de mentalidades e como a Literatura pode transformar o mundo. Nestes encontros estarão presentes, entre outros, os escritores Lídia Jorge, Manuel Alegre, Maria Teresa Horta, Miguel Real ou Nuno Júdice.

Nas conversas com um único escritor há a com Arturo Pérez-Reverte e David Lodge. Marcada está também uma conversa entre António Lobo Antunes e Mário Cláudio. Este será o único evento que nunca se sabe se se realizará pois o primeiro escritor é de temperamento difícil. A par dos debates realizam-se muitas outras atividades: gastronomia em diversos pontos de Cascais, animação infantil, feira do livro, cinema ao ar livre, exposições e vários concertos.

 

O DN quis saber qual o orçamento do FIC e a resposta do autarca Carlos Carreira foi longa, sob alguma irritação e a garantir que a câmara é transparente nas contas. Ao invés de referir os custos, preferiu explicar que a pergunta era desnecessária e que a cultura não tem preço. A muito custo, apontou 140 mil euros como verba a ser gasta. O restante, de um total aproximado de 500 mil euros, será suportado por parcerias - soube o DN de outro modo.

 


por João Céu e Silva, in Diário de Notícias | 28 de junho de 2016

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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