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Cinco Graus de Diferença
Uma peça radiofónica em quatro reportagens vai para o ar na Rádio Universidade de Coimbra (RUC), no próximo dia 20 de junho, Dia Mundial do Refugiado.
"Uma peça de teatro radiofónico. Quatro reportagens na RUC. Cinco graus de diferença a separar a latitude de Portugal e da Síria. Mas entre os paralelos dos povos há um abismo de 20 milhões de pessoas em fuga."
Uma peça de teatro radiofónico. Quatro reportagens na RUC. Cinco graus de diferença a separar a latitude de Portugal e da Síria. Mas entre os paralelos dos povos há um abismo de 20 milhões de pessoas em fuga.
A partir de uma investigação de alguns meses, relatam-se algumas das realidades por que passam os refugiados, desde o campo na Jordânia até à sua chegada e acolhimento em Portugal.
CINCO GRAUS DE DIFERENÇA tem a assinatura de Ana Maria Mula, Carlos Campos, João Janicas, Railson Almeida e Thomaz Paiva e é uma iniciativa do Mestrado em Estudos Teatrais e Performativos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com coordenação de Carlos Costa, em parceria com o Centro de Refugiados Paz / Peace, RUC, CITAC e TAGV.
Carlos Costa (Porto em 1969) é o fundador e codiretor artístico do projeto artístico Visões Úteis onde trabalha como dramaturgo, encenador e ator. Iniciou a atividade artística no CITAC – Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra com Paulo Lisboa, João Grosso, e Andrejev Kowalski e posteriormente de Anatoli Vassiliev, Marcia Haufrecht e Abraxa Teatro, entre outros. No início do Visões Úteis desenvolveu trabalho de ator com encenadores como Nuno Cardoso, António Feio, João Paulo Seara Cardoso, Carlos Curto, José Wallenstein, Diogo Dória e Paulo Lisboa.
CINCO GRAUS DE DIFERENÇA integra-se no chamada internacional "The Syrian Monologues" promovida pela Companhia de Teatro da Palestina ASHTAR Theatre, que desafiou os artistas europeus a contatarem comunidades de refugiados e a encetarem processos criativos inspirados pelas respetivas experiências. Além da Universidade de Coimbra, estão também envolvidas organizações artísticas da Alemanha, Brasil, França, Irlanda, Itália, Reino Unido, Ruanda e Sri Lanka.
CITAÇÃO DA ABERTURA DA PEÇA
EM QUE ESTA SE APRESENTA COMO SE FOSSE UMA REPORTAGEM DA RUC
LOCUTOR 1 _ Hoje é o Dia Mundial do Refugiado. Atualmente existem no mundo cerca de 60 milhões de pessoas deslocadas e desses, 20 milhões são considerados refugiados.
Só as populações síria, afegã, sudanesa, somali e congolesa no seu conjunto totalizam mais de 8 milhões.
Sete milhões de sírios, um terço dos que viviam no país em 2011, abandonaram as suas casas e 2 milhões estão em nações vizinhas.
Durante os últimos meses, alguns elementos da RUC tiveram a oportunidade de investigar a situação dos refugiados.
Aproveitamos o Dia Mundial do Refugiado para passar uma primeira série de quatro pequenas reportagens, intituladas CINCO GRAUS DE DIFERENÇA, que dão conta de algumas das realidades por que passam, desde o campo de refugiados na Jordânia até à sua chegada e acolhimento em Portugal.
CITAÇÃO
DE UMA PERSONAGEM ENTREVISTADA
ANA _ Pensa nisto. Estás em Coimbra, sais de casa, vais visitar uns amigos ou família, voltas a casa, tiras a chave do bolso para abrir a porta, mas ela não existe, nem a porta, nem a casa. Nada, só tijolos. E depois, no instante seguinte, atendes o teu telefone e dizem-te: o teu irmão acabou de morrer... (Pausa curta)
Há muito pior, como já te contei. Depois disso, não lhe resta mais nada. Pegam nos filhos e vêm para cá ou para outros sítios. Quem pode lutar fica, mas quem tem filhos... Quem está cá vai sabendo o que se passa lá pelo telefone.