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Juntar mundos e fazer a festa em Serralves

Festival repete quarenta horas de animação non-stop nos dias 4 e 5 de junho, no Porto.

Wreck é uma instalação sonora do músico e compositor australiano Jon Rose DR

Quase se poderá dizer que a apresentação, esta quinta-feira, do programa do próximo Serralves em Festa começou com uma “não-notícia”: a 13.ª edição do festival, a decorrer no fim-de-semana de 4 e 5 de junho, vai contar com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa. Será mais uma paragem na sempre muito preenchida agenda do Presidente da República, que repete a visita do seu antecessor, Cavaco Silva, em 2007, neste que já é normalmente considerado “o maior evento da cultura contemporânea em Portugal e um dos maiores da Europa”, como se lhe referiu Ana Pinho, presidente da administração de Serralves.

Com a sua visita agendada para o final da manhã de domingo, Marcelo Rebelo de Sousa poderá ouvir a instalação sonora LMY-7-10, dos @c (Pedro Tudela e Miguel Carvalhais); ver o espetáculo Tati no Jardim, coreografado por Joana Providência com alunos da Academia Contemporânea do Espetáculo em volta do imaginário do genial ator e intérprete de O Meu Tio; deitar-se numa cama improvisada em esponja no projeto das alunas da ESAP, Catarina Oliveira, Rita Pinto e Sara Pontes, Another Point of View; ouvir os saxofones do grupo Vento do Norte, com jovens intérpretes da ESMAE a tocar Bach, Schubert e… Piazzolla; ou ainda assistir ao espetáculo de dança Lonely, com Flávio Rodrigues e Bruno Senune.

Ou seja, uma súmula daquilo que é já a marca da programação do Serralves em Festa: um encontro transversal e transgeracional de artistas de diferentes disciplinas – música, teatro, cinema, circo, dança, performance, artes plásticas… –, e de origem local, nacional e internacional.

“Juntar mundos” é, de resto, o tema proposto para a edição deste ano pela diretora artística do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS), Suzanne Cotter. Na primeira vez em que “ousou” fazer em exclusivo a apresentação do programa, no seu português-esperanto, a curadora australiana pôs a tónica na festa, na variedade de propostas e até na possibilidade que, durante estas 40 horas non-stop, se abre também ao público de “não fazer nada”, apenas ir, entrar e usufruir dos lugares de Serralves, de manhã, de tarde ou à noite.

Mas a verdade é que, em paralelo com o apelo da paisagem, natural ou edificada, da fundação portuense, os milhares de visitantes de Serralves – e, em cada uma das duas últimas edições, as entradas ultrapassaram as 140 mil – vão sempre à procura de ver e sentir algo novo.

Na música, Suzanne Cotter começou por destacar a instalação Oxidation Machine, que promete transformar a sala principal da Casa numa “cápsula imersiva” de som e luz durante as 40 horas do evento. Já no Prado, ao final da tarde de sábado, o projeto de Joshua Abrams Natural Information Society & Guests (e os convidados serão, desta vez, vários músicos portugueses) vai criar uma atmosfera psicadélica a partir de instrumentos tradicionais, especialmente o guimbri, um instrumento musical de Marrocos.

Ainda no Prado, a partir da meia-noite, o coletivo sul-africano Batuk toca música house, que terá depois continuidade, noite e madrugada adiante, com o DJ Tiago Miranda.

Na dança e performance, a diretora artística do MACS começou por aconselhar a criação, em estreia absoluta, Eu – Globulus, de Pedro Prazeres, um trabalho de “pesquisa sobre ofícios que utilizam o corpo como instrumento de perceção de paisagem”. E referiu também a performance Zangãos 2016, que Silvestre Pestana apresentará na festa na sequência da exposição Tecnoforma, que a 26 de maio vai ser inaugurada no Museu de Serralves.

E se tudo fosse amarelo? é uma peça de teatro, dança e música, em que Sílvia Real reúne um coletivo de crianças a dar livre expressão à sua imaginação e capacidade de improviso.

A antecipar, a 2 e 3 de junho, o Serralves em Festa, outros lugares da cidade vão acolher iniciativas que significam o envolvimento de várias instituições locais e nacionais no programa. Na Avenida dos Aliados (dia 3), o violinista e compositor australiano Jon Rose e o seu Interactive Ball propõem a instalação-performance Wreck, a sucata de um automóvel transformada num instrumento musical cheio de ruídos metálicos. E no Terreiro da Sé (dias 2 e 3), a italiana Maria Donata D’Urso transforma-se em escultura elástica na performance Strata.2.

Visitas guiadas às exposições do MACS e ao Parque, concertos de jazz, teatro de marionetas, cinema de animação, leituras, oficinas e os habituais encontros proporcionados pelo devir da festa completam o calendário do 13.º Serralves em Festa, que volta a ter o patrocínio do BPI e da Unicer.

 


por Sérgio C. Andrade, in jornal Público | 19 de maio de 2016 

no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Público

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