O álbum inclui 27 desenhos sobre papel realizados a pena (a negro e a sépia) e 24 desenhos a lápis sobre papel, com dimensões que variam entre os 26,3cmX20,3cm (o mais pequeno) e 9,3cmX12,5cm (o maior). 

De acordo com o investigador do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Hugo Miguel Crespo, estes desenhos remontam a um período ainda mal conhecido da sua vida, que coincide com a breve incursão monástica do pintor na Cartuxa de Laveiras. “São obras que colocam em evidência a sua grande mestria enquanto exímio desenhador e a frescura que trouxe consigo da aprendizagem romana, pelo traço veloz, mas preciso e seguro, ao mesmo tempo espontâneo, fácil e expressivo”, explica. 

Este núcleo de desenhos integra desde composições mitológicas, a representações alegórico-políticas, a par de retratos, desenhos preparatórios, apontamentos de paisagens campestres e esboços a modo de exercícios. Caracterizam-se pelo “traço fino e contorno leve, por vezes nervoso, sempre evidenciando uma grande economia ou esquematismo, facilidade de traço e um lançar preciso do claro escuro, certas vezes apontado de forma pontilhista”, descreve o investigador.

O álbum foi compilado pelo 1.º Conde de Linhares, D. Rodrigo Domingos António de Sousa Coutinho (1745-1812), dado que os desenhos foram realizados no seu Palácio de Arroios. Este importante conjunto de desenhos de Sequeira permaneceu na família dos Condes de Linhares tendo posteriormente transitado, dentro da mesma família dos Sousa Coutinho e até ao presente, para a família dos Marqueses do Funchal, já que o primeiro detentor do álbum era irmão de D. Domingos António de Sousa Coutinho (1760-1833), 1.º Marquês do Funchal. 

Natural de Lisboa, Domingos António de Sequeira (1768-1837), então com vinte anos e após frequentar na capital a Aula Régia de Desenho e Figura, emigra para Itália em 1788 como pensionista do real bolsinho de D. Maria I tornando-se aluno de Pintura e Desenho na Academia Portuguesa em Roma. Regressado a Lisboa em 1795, foi logo recompensado pelo príncipe-regente com uma pensão vitalícia.

Instalado desde 1796 em Belém, Pátio das Vacas, as obras de Sequeira são por então cobiçadas por muitos que, no entanto, se admiram dos preços que o orgulhoso pintor exigia. É neste período que começa a frequentar o solar do 1.º Conde de Linhares, D. Rodrigo de Sousa Coutinho (1745-1812), do qual o convívio resulta esta série de 51 desenhos, alguns datados de 1796 a 1802, conjunto que por essa razão se conhece por Álbum do Palácio de Arroios.

Recorde-se que já em 2014 o Antiquário AR-PAB tinha apresentado quatro pinturas inéditas do século XVIII com vistas da cidade de Lisboa anteriores ao Terramoto de 1755.