"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Notícias

Morreu o ator Francisco Nicholson

O ator de 77 anos estava internado no Hospital Curry Cabral, em Lisboa.

Foto: António Cotrim / Lusa (1997)

O ator, argumentista, escritor e encenador Francisco Nicholson morreu esta terça-feira de manhã, em Lisboa. Estava internado no hospital Curry Cabral.

A vida de Francisco Nicholson confunde-se com a história da ficção portuguesa e da televisão. Escreveu as novelas Vila Faia, Cinzas, Origens, Os Lobos e Ajuste de Contas. No teatro, foi autor de várias revistas.

“O ator tem uma missão a cumprir. E se não tiver, não se justifica ser ator. Se é só para fazer caretas e ter mais graça e menos graça, acho curto, embora seja o que mais se vê”, afirmou em 2012, numa entrevista.

Mais recentemente, em 2014, lançou o seu primeiro romance “Os mortos não dão autógrafos”, que dedicou à mulher, Magda Cardoso (também atriz e bailarina).

Começar a “brincar ao teatro”

Francisco António de Vasconcelos Nicholson começou a fazer teatro aos 14 anos, no antigo Liceu Camões, em Lisboa. “A brincar ao teatro”, como dizia. Aí, foi dirigido pelo encenador e poeta António Manuel Couto Viana.

Estudou em Paris, onde frequentou a Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional Populaire, privando com grandes nomes do Teatro francês, como Jean Vilar, Georges Wilson, Gerard Philipe.

Estreou-se, profissionalmente, como ator e autor, com a peça infantil “Misterioso Até Mais Não”, no Teatro do Gerifalto, e viu representadas mais cinco peças suas para crianças, como “O cavaleiro sem medo”, “Boingue-boingue” e “O indiozinho Raio de luar”.

Fez parte dos elencos da Companhia Nacional de Teatro e do Teatro Estúdio de Lisboa, onde representou grandes textos da dramaturgia mundial, de autores como Strindberg, Kleist. Bernard Shaw, Arnold Wesker e Davis Storey, Apollinaire.

Raul Solnado convidou-o para inaugurar o Teatro Villaret, integrando o elenco da peça “O Inspetor Geral” de Nicolau Gogol. Mas foi no Teatro ABC que se popularizou com o teatro de revista.

Com “Bikini” afirma-se como autor, encenador e ator, ao lado de Ivone Silva, Manuela Maria, Irene Cruz, Henriqueta Maya, António Anjos, Iola e o consagrado João Maria Tudela.

“Tudo a Nu” era a peça que tinha em cena com grande êxito no Teatro ABC quando aconteceu o dia 25 de Abril de 1974. Foi “um dos momentos mais fascinantes” da sua vida, nas suas palavras.

“Era uma revista que esgotava todas as sessões”, recorda numa entrevista.

Aproveitando o final da censura para repor todos os cortes efetuados, os autores modificaram-lhe o nome para “Tudo a nu com parra nova”.

Segue-se outra “aventura”: a cooperativa teatral Teatro Adoque, onde trabalhou com a bailarina Magda Cardoso (que viria a ser sua mulher) e o coreógrafo Fernando Lima.

Foi neste teatro que muitos atores atuais se iniciaram, como José Raposo, Maria Vieira, Virgílio Castelo, Ana Bola e Henrique Viana.

O Adoque abriu ainda portas à primeira encenação de António Feio.

Mais tarde, de regressa ao Parque-Mayer, escreveu com Henrique Santana, Mário Zambujal, Rogério Bracinha e Augusto Fraga a Revista “Não batam mais no Zézinho”, que ficou dois anos em cartaz. Seguem-se uma sucessão de revistas bem sucedidas.

As primeiras telenovelas portuguesas

Na televisão, dá-se a conhecer com Riso e Ritmo (1964), programa de que foi autor, ator e produtor (com Armando Cortez e José Mensurado) e dirigiu e interpretou vários programas como “O canto alegre”.

Foi o autor de Vila Faia, a primeira telenovela portuguesa (juntamente com Thilo Krassman, Nuno Teixeira e Nicolau Breyner) e de outras que se seguiram: Origens (1983), Cinzas (1992), Os Lobos (1998), Ajuste de Contas (2000), Ganância (2001), O Olhar da Serpente (2002), entre outras.

É um dos autores da canção "Oração", com que António Calvário venceu o primeiro Grande Prémio TV da Canção. Conquistou ainda, por duas vezes, o Festival da Canção da Figueira da Foz, duas grandes Marchas de Lisboa e esteve no Festival internacional da Canção do Rio de Janeiro.

Na vida pessoal, Francisco Nicholson foi casado duas vezes e tem uma filha, Sofia Nicholson, também atriz.


in Renascença | 12 de abril de 2016

Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

Agenda
Ver mais eventos

Passatempos

Passatempo

Ganhe convites para a antestreia do filme "Memória"

Em parceria com a Films4You, oferecemos convites duplos para a antestreia do drama emocional protagonizado por Jessica Chastain, "MEMÓRIA", sobre uma assistente social cuja vida muda completamente após um reencontro inesperado com um antigo colega do secundário, revelando segredos do passado e novos caminhos para o futuro.

Visitas
93,883,423