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"Museu subaquático" dos Açores vai ter centros interpretativos em terra em 2017
O roteiro do património cultural subaquático nesta região é constituído por 25 parques arqueológicos visitáveis através do mergulho.
Mil naufrágios documentados tornam o mar dos Açores num "museu subaquático", com "cápsulas do tempo" já visitáveis através de mergulho, mas que o Governo Regional quer potenciar, criando em 2017 centros interpretativos em terra.
"Estamos a encetar um processo de criação de centros interpretativos em terra, para que quem não mergulha possa usufruir na mesma dessas histórias de odisseias trágico-marítimas; simultaneamente, apostamos em barcos com fundo de vidro", afirmou à agência Lusa o arqueólogo da Direção Regional da Cultura José Luís Neto.
O roteiro do património cultural subaquático nos Açores é atualmente constituído por 25 parques arqueológicos subaquáticos visitáveis através do mergulho. O primeiro foi criado em 2005, na baía de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, local onde se conhece a existência de uma centena de naufrágios.
"Aqui chegavam todos os navios de todas a rotas de todo o mundo antes de chegarem à Europa e, por isso mesmo, temos pedaços, fragmentos, cápsulas do tempo de toda essa riqueza", destacou José Luís Neto, acrescentando que nos Açores há navios naufragados que "fizeram a rota do chá, travaram guerras da independência americana e que representam a industrialização agrícola".
Presentemente, as visitas aos 25 parques arqueológicos subaquáticos são acompanhadas pelos mergulhadores dos clubes navais ou por operadores marítimo-turísticos das diferentes ilhas do arquipélago, que funcionam como guias, existindo também como auxílio pequenos documentários em vídeo sobre o que é possível encontrar dentro de água.
"Nestes 25 sítios, temos navios com graus de integridade e importância histórica muito diferentes. Temos naufrágios a 60 metros de profundidade, mas também temos um naufrágio, que é o caso do Canárias, que está a três metros e do qual, portanto, qualquer pessoa que esteja em Santa Maria, na praia Formosa, pode pura e simplesmente, com um par de óculos, usufruir, desde que saiba nadar", adiantou o arqueólogo.
Recentemente, o diretor regional da Cultura vincou que o roteiro do património cultural subaquático, que já foi objeto de manifestações de interesse por parte das Canárias e da Madeira, pretende potenciar este património nas vertentes turística, de estudo e de investigação, assim como salvaguardar a sua preservação futura.
Entre os parques subaquáticos açorianos devidamente regulamentados está o Dori, próximo de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, o Caroline, na ilha do Pico, o Slavonia, na ilha das Flores, o Canarias, em Santa Maria, entre muitos outros.
Segundo José Luís Neto, "os tesouros" trazidos a bordo dos navios naufragados estão expostos nos museus da região, ou na posse de cidadãos. "Por exemplo, na ilha das Flores, quando as pessoas queriam receber muito bem alguém de fora, utilizavam as loiças precisamente do transatlântico Slavonia. O mesmo se passou no Pico, com o Caroline, e o mesmo se verificou em Santa Maria com as peças do Canarias", acrescentou o arqueólogo.
por LUSA in Público | 29 de março de 2016
Notícia no âmbito da parceira Cento Nacional de Cultura | Jornal Público