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Déjà-Vu: sete anos de história pelo traço de André Carrilho
Livro chega hoje às livrarias, com mais de 140 páginas que mostram a opinião de um autor premiado e consagrado.
Sete anos de cartoons preenchem o álbum Déjà-Vu, de André Carrilho, que hoje é apresentado na Casa da Imprensa às 18h00 pelo jornalista António José Teixeira. Na maioria, são imagens publicadas no DN, onde o autor tem uma coluna de opinião aos domingos, precisamente com o título adotado no livro.
Aos 41 anos, André Carrilho mostra a segurança de quem há muito encontrou um traço identificador - já antes reconhecível na caricatura. Agora, a gramática visual é moldada em cartoons que traduzem as opiniões do autor sobre temas de atualidade, como sublinha José Ferreira Fernandes no prefácio.
Não se trata apenas de pegar num rosto ou num corpo e realçar-lhe os traços mais característicos, como é próprio da caricatura - que aliás continua a praticar e que publica aos sábados no DN, a ilustrar a rubrica Almoço com.
Como Carrilho explica numa entrevista que será publicada amanhã no jornal, a ideia de fazer opinião partiu dele há sete anos. E houve muita matéria para opinar e refletir neste período, quer a nível nacional quer internacional. Da austeridade e do descontentamento às alterações políticas, por cá como lá fora - com a Grécia em destaque; do terrorismo à guerra, da fome à doença, em todos os campos André Carrilho encontrou assunto fértil para comentar.
"Ter ideias e pensar é uma coisa que também se treina", explica. "É um músculo que se não se exercita perde-se e que, se se exercita, por vezes vai para sítios que não esperávamos". Por exemplo, quando desenhou uma série de camas com doentes infetados pelo vírus do ébola, com o foco no único doente branco, mensagem que se tornou mais evidente dois meses mais tarde, quando surgiu a primeira infeção num norte-americano: foi o Grande Prémio do World Press Cartoon em 2015. Este foi apenas um dos prémios que recebeu, tal como o Stuart.
Nascido em 1974 na Amadora, filho de dois arquitetos, André Carrilho viveu parte da juventude em Macau onde começou a desenhar cartoons. Como ele próprio reconhece, teve "a sorte" de lhe ser oferecido espaço para dar opinião. Voltou para Portugal, estudou mas, sobretudo, entrou no meio dos ilustradores então em crescimento, uma geração de grandes nomes. Notabilizou-se na caricatura, que o levou a ser solicitado por publicações estrangeiras como The New York Times, The New Yorker, Vanity Fair, Independent on Sunday.
Fez banda desenhada, vídeo e manteve mesmo uma série de animação para televisão, o Spam Cartoon, em parceria com Cristina Sampaio, João Fazenda e João Paulo Cotrim. É aliás a editora de Cotrim, Arranha-Céus, que publica o volume Déjà-Vu, que contou também com o apoio da Casa da Imprensa.
por Ana Sousa Dias, in Diário de Notícias | 12 de fevereiro de 2016
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias