Notícias
Paris expõe Helena Almeida para lhe dar "a atenção há muito tempo merecida"
A exposição no Museu Jeu de Paume foi montada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves.
A exposição, que abre ao público na terça-feira, foi montada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, que a exibiu de 16 de Outubro a 10 de Janeiro, sendo comissariada pelo diretor-adjunto do museu de Serralves, João Ribas, e pela curadora Marta Moreira de Almeida.
"Diria [que é para] dar a atenção há muito tempo merecida a uma obra que parece cada vez mais relevante, mais contemporânea e que já juntava tendências que agora são de grande interesse no contexto da arte contemporânea", descreveu à Lusa João Ribas, na visita à imprensa, realizada esta segunda-feira, em Paris. "Ela sempre foi uma artista internacional e esta retrospetiva existe porque há um grande interesse em saber mais e conhecer mais", acrescentou.
João Ribas destacou que Helena Almeida "certamente não é conhecida [em França] como em Portugal", mesmo que o público francês possa conhecer, "talvez, as pinturas habitadas, que são obras de grande referência na arte contemporânea portuguesa e internacional".
O diretor de Serralves arrisca dizer que "é impossível escrever uma história da fotografia, uma história da performance, seja no contexto português ou no contexto internacional, sem incluir o trabalho de Helena Almeida (...) Também queríamos destacar que é uma artista que continua a trabalhar hoje em dia, que trabalha todos os dias", afirmou.
O diretor-adjunto de Serralves acrescentou que a mostra em Paris surgiu do "grande interesse de museus internacionais", lembrando que a exposição também vai estar no Centro de Arte Contemporânea WIELS, em Bruxelas, de 10 de Setembro a 11 de Dezembro.
Em Serralves, a exposição chamou-se Helena Almeida: A minha obra é o meu corpo, o meu corpo é a minha obra, mas, para a itinerância, foi escolhido o título Corpus, para cruzar "a ideia de um corpo de trabalho", enquanto retrospetiva, com "a referência ao corpo como um elemento principal no trabalho da Helena Almeida", e porque é "uma palavra que funciona em quase todas as línguas, por causa da relação com o latim".
A mostra, "concebida como uma grande performance", reúne obras de fotografia, pintura, vídeo e desenho, da década de 1960 a 2012, acompanhando a evolução da artista portuguesa que "habitou" as suas pinturas, ao trabalhá-las a partir da fotografia, e que "sempre testou os limites" dos diferentes meios de expressão plástica.
A curadora Marta Moreira de Almeida declarou à Lusa que acha que "a exposição vai ser um sucesso", tendo em conta as visitas preliminares à imprensa e a convidados vip, sublinhando que "é com grande satisfação" que vê "esta adesão do público", face "a uma obra fresca, leve, radical".
"As pessoas gostam e entendem a obra dela com uma certa facilidade, sentem-se próximas", acrescentou.
Durante a visita à imprensa, esteve presente a escritora belga Amélie Nothomb, uma das figuras mais mediáticas da cena literária francesa, que desconhecia o trabalho de Helena Almeida que classificou como "largamente mais contemporânea que Louise Bourgeois".
"Ela é incrivelmente contemporânea. Quando olhamos para as datas das obras - a maior parte dos anos 70 - parece que foram feitas anteontem. Está mesmo na vanguarda e eu não conhecia a vanguarda portuguesa e parece-me que é muito mais avançada que as outras vanguardas europeias", disse a escritora à Lusa.
As obras de Helena Almeida também inspiraram os artistas Géraldine Alexeline e Olivier Couto que, durante a visita, quiseram "habitar" as imagens da artista ao criar performances fotografadas em frente às obras.
"Ela provoca algo, é uma grande artista e nós gostamos de participar nas exposições de forma ativa. Nós apropriamo-nos da obra dela e, de certa forma, copiamo-la", descreveu à Lusa Géraldine Alexeline.
A exposição, patente até 22 de Maio, está integrada na iniciativa Printemps Culturel Portugais (Primavera Cultural Portuguesa) que vai reunir em Paris, ao longo dos próximos meses, a obra de artistas portugueses como Julião Sarmento, Amadeo de Souza-Cardoso, vários nomes da arquitetura dos últimos 50 anos, e a produção do Teatro Praga.
por LUSA in Público | 08 de fevereiro de 2016
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público