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Bienal de Vila Franca de Xira tenta fugir à fotografia de salão
Patrícia Almeida, José Maçãs de Carvalho, Daniel Blaufuks e José Pedro Cortes são os nomes centrais do programa curatorial coordenado por David Santos e vão apresentar novas exposições individuais.
Patrícia Almeida, José Maçãs de Carvalho, Daniel Blaufuks e José Pedro Cortes são os artistas convidados a apresentar novos trabalhos na Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, que decorre no último trimestre de 2016 e que este ano será dedicada ao Arquivo e Observação. A proposta deste tema é do historiador de arte e ex-director do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado David Santos, que assume a curadoria-geral da bienal, numa edição que terá orçamento reforçado e várias mudanças relacionadas com o modelo de atribuição de prémios e programa curatorial.
Para além daqueles quatro nomes (que terão exposições individuais), haverá 18 fotógrafos convidados a apresentar trabalhos (não necessariamente inéditos). Os curadores Margarida Mendes e Bruno Leitão escolherão directamente quatro destes artistas. As exposições serão espalhadas por várias instituições, museus e locais alternativos da cidade.
Uma das maiores alterações relativas ao modelo de premiação - regulamento renovado que já foi publicado em Diário da República em Dezembro de 2015 - passa pela criação de um Conselho de Curadores do Prémio Bienal de Fotografia, a quem competirá seleccionar um máximo de dez portefólios “em colaboração com as escolas de fotografia do país” ou a partir de “candidaturas individuais apresentadas à organização”. Depois de seleccionados os candidatos, este conselho de curadores terá ainda de ouvir uma apresentação presencial dos candidatos e só depois os poderá submeter (ou não) à apreciação do júri.
O prazo para apresentação de candidaturas ainda não foi definido, mas, segundo o regulamento, compete à promotora da Bienal - a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira - estabelecer essa data, que deve enquadrar-se até ao final de Abril deste ano.
A Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira é um dos mais antigos festivais de fotografia do país. A sua fundação, em 1989, respondeu a uma vontade de descobrir e firmar novos nomes na fotografia portuguesa. Nas primeiras edições foram premiados fotógrafos como António Júlio Duarte, Valter Vinagre, André Gomes ou Duarte Belo, hoje nomes com obras de referência. Ao longo dos anos, o modelo de concurso foi, no entanto, prevalecendo sobre outras iniciativas da Bienal (mais arriscadas), o que fez minguar a sua relevância no panorama da fotografia ou da arte contemporânea portuguesas. Quando ainda dirigia o Museu do Neo-Realismo, em 2012, David Santos tentou inverter este rumo, colocando o programa curatorial no eixo da Bienal, com exposições de André Cepeda e Nikolai Nekh. O esforço de renovação prossegue agora com aquele que é um dos mais ambiciosos programas curatoriais de sempre da Bienal.
por Sérgio B. Gomes, in Público | 22 de janeiro de 2016
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público