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Morreu o vereador da Cultura do Porto
Câmara decreta três dias de luto
Foto: Câmara Municipal do Porto
Paulo Cunha e Silva foi um dos principais responsáveis pela programação do Porto 2001, conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Roma e comissário do programa de Guimarães 2012. Lamentava que lá fora não se percebesse bem o que é Portugal.
Morreu esta quarta-feira o vereador da Cultura da Câmara do Porto, Paulo da Cunha e Silva. Tinha 53 anos e não resistiu a problemas cardíacos.
Licenciado em Medicina, Paulo Cunha e Silva destacou-se na área cultural. Foi um dos principais responsáveis pela programação do Porto 2001, tendo sido eleito vereador da Cultura nas últimas eleições autárquicas, integrando a lista do movimento independente liderado por Rui Moreira, que conquistou a presidência da Câmara.
Em entrevista à Renascença, um mês depois de ter assumido o cargo, afirmou que queria ouvir a cidade e defendeu que “este modelo de Câmara dialogante e aberta que o presidente Rui Moreira quer seguir também tem que ser seguida na estratégia cultural.”
Considerava também que a cultura tem de ter uma “lógica de pendularidade” e não de bipolaridade, sobretudo, no que toca às Câmaras de Lisboa e Porto.“Haveria um ganho em termos de recursos e economia de escala. O país como marca tem uma grande dificuldade em inscrever-se culturalmente.”
Paulo Cunha e Silva lamentava que Portugal não tivesse uma identidade própria. “Estive como conselheiro cultural [na embaixada] em Roma nos últimos três anos e meio e há dificuldade em Itália em perceber-se o que é Portugal. As pessoas sabem quem é o Siza, o Manoel de Oliveira, o Mourinho, o Ronaldo, o Vinho do Porto e sabem vagamente o que é o Porto, mas muitas vezes não sabem o que é Portugal. Temos estrelas, mas não temos uma constelação. Falta-nos uma via láctea”, sustentou.
Paulo Cunha e Silva foi ainda presidente do Instituto da Artes do Ministério da Cultura e comissário do extenso programa de Guimarães 2012. Colaborava com há largos anos com a Fundação de Serralves, a Fundação Calouste Gulbenkian e era presidente da Comissão de Cultura do Comité Olímpico Português.
No âmbito da sua licenciatura, era Mestre e Doutor pela Universidade do Porto, onde foi professor de Anatomia, e era, atualmente, professor associado de Pensamento Contemporâneo na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
A Câmara do Porto já decretou três dias de luto municipal.
in Renascença | 11 de novembro de 2015
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença