Uma Peça | Um Museu
Santa Ana Ensinando a Virgem a Ler
Grupo escultórico de Santa Ana ensinando a Virgem a ler assente sobre base quadrangular de ângulos cortados com rocalha dourada aplicada no centro da face principal.
Uma peça do Museu Nacional de Arte Antiga.
Autor: Joaquim Machado de Castro
(José Abreu do Ó (marceneiro da cadeira), Tomás Lopes (pintor e dourador) 1731-1822
Portugal, 1784
Madeira dourada, estofada e encarnada
83 x 41,5 x 47 cm
Proveniência: Hospital de São José, Lisboa, 1928
Piso 3/Sala 13
Joaquim Machado de Castro foi, sem dúvida, o mais importante escultor do barroco português. Embora mais conhecido pela estatuária monumental, deixou marcas do seu talento em peças devocionais de pequenas dimensões.
Esta Santa Ana Ensinando a Virgem a Ler revela, além da sua aptidão no tratamento dinâmico das figuras e dos revoltos pregueados das vestes, a divisão do trabalho na maior oficina de escultura da época.
Grupo escultórico de Santa Ana ensinando a Virgem a ler assente sobre base quadrangular de ângulos cortados com rocalha dourada aplicada no centro da face principal. Santa Ana, sedente em cadeira de braços de espaldar alto, tem a cabeça voltada para o lado esquerdo a olhar a Virgem representada como Menina. Com a mão esquerda segura ao alto o Livro encadernado de pele com ferros e folhas douradas. Tem o braço direito pousado sobre as costas da Virgem. Santa Ana enverga vestido cingido na cintura, estofado com motivos de ramagens e rocalhas largas de fundo dourado e pintadas de verde, véu sobre a cabeça dispondo-se como lenço sobre os ombros e o colo, apertado em nó à frente, e manto lançado sobre os ombros, agrupado sobre o regaço em prega média de volutas. Calçada. A Virgem, de mãos postas, tem a cabeça voltada para o alto. Enverga vestido de decote redondo e manto pregueado lançado sobre os ombros e agrupado sobre os antebraços. Mostra os cabelos trabalhados em toucado entrançado. Calçada. Policromia com dominantes dourado, vermelho, castanho. Carnações. Estofado com esgrafitado nos panejamentos. Grupo dinâmico.
Origem / Historial:
Encomenda de D. Maria I para o convento de Nossa Senhora da Conceição de Arroios, em Lisboa, cujos primeiros pagamentos estão documentados e datados de 1783. Joaquim Machado de Castro dirigiu os trabalhos, o marceneiro e entalhador José de Abreu do Ó executou a cadeira, e a pintura e dourados ficaram a cargo de Tomás Lopes. Em 24 de Julho de 1784, Joaquim Machado de Castro assina o recibo, no valor de e 112$440, da despesa que se fez com a imagem, nomeadamente com a madeira, que identifica como sendo de pinho da Flandres, com o grude e os pregos, com o trabalho do carpinteiro, dos escultores, e do ourives da prata. Em documento de 3 de Março de 1784, Joaquim Fellipe Duarte, ourives, passara recibo do diadema de prata ("de patacas feito à maneira de pedras abrilhantadas"), e do resplendor de prata para "a Menina da mesma santa". Estas peças não fazem, hoje, parte do conjunto. A imagem deu entrada nas colecções do Museu de Arte Antiga em 1928, proveniente do Hospital de São José. A história do seu percurso até ao Hospital de São José é desconhecida. * Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *