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Festival Queer Porto apresenta primeira edição

O Queer Porto – Festival Internacional de Cinema Queer realiza-se de 7 a 10 de outubro no Teatro Municipal Rivoli, Maus Hábitos, Mala Voadora e Galeria Wrong Weather

As estreias de dois dos filmes mais marcantes do atual Cinema Queer brasileiro, Sangue Azul, de Lírio Ferreira, e Praia do Futuro, de Karim Aïnouz; um olhar íntimo sobre a vida de uma das intelectuais mais influentes do século XX no documentário Regarding Susan Sontag; a presença portuguesa com Rabo de Peixe de Joaquim Pinto e Nuno Leonel; a apresentação de dois programas de curtas-metragens e instalações-vídeo, onde se confrontam os conceitos de público e privado, com um enfoque especial no Médio Oriente e na obra de Roy Dib e Akram Zaatari; uma homenagem ao influente fotógrafo e realizador norte-americano Bob Mizer e uma noite de performances com vários artistas do Porto e internacionais que trabalham hoje a temática queer são alguns dos destaques do Queer Porto 1 – Festival Internacional de Cinema Queer. O Teatro Municipal Rivoli acolhe a Competição Oficial, com 12 ficções e documentários a concurso, indo ao encontro de uma tendência crescente no cinema queer de uma fusão dos registos ficcionais e documentais. O festival conta com um total de 28 filmes, provenientes de 13 países. 

O desejo antigo de criar na cidade do Porto um festival de temática queer, com programação própria e inédita, será finalmente concretizado de 7 a 10 de outubro. A Associação Cultural Janela Indiscreta, organizadora do Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer, desde 1997, inaugura este ano o Queer Porto – Festival Internacional de Cinema Queer, cruzando diversas linguagens artísticas, sempre em articulação com o cinema, e envolvendo os próprios criadores da cidade.
Dos 13 países presentes no festival, os EUA é o mais representado, com cinco filmes, seguido do Brasil, Líbano e França, com quatro filmes cada. O Queer Porto 1 é financiado pelo ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual e um conjunto de apoios privados. Em 2015 a Associação Cultural Janela Indiscreta realizou também a 19.ª edição do Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer. Ambos os festivais têm um custo global de 170 mil euros, com um financiamento direto garantido no valor de 150 mil euros e indireto de 20 mil euros.
Temáticas como a situação na Síria, a prostituição, o processo da transsexualidade, a influência da feminista e filósofa Susan Sontag ou o passado colonial da Califórnia perpassam os diferentes olhares queer da Competição Oficial, com 12 ficções e documentários a concurso que serão exibidos no Auditório Isabel Alves Costa do Teatro Municipal Rivoli.
Destaque para o filme brasileiro Sangue Azul (Brasil), realizado por Lírio Ferreira e protagonizado pelo célebre Daniel de Oliveira, título escolhido para a Sessão de Abertura e que já foi distinguido como Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. Um filme que põe em diálogo o desejo carnal com os fantasmas do passado e o misticismo, Sangue Azul é já um dos títulos maiores do Cinema Queer deste ano e que teve honras de filme de abertura da secção Panorama da passada edição da Berlinale.
A Competição Oficial é composta ainda pelos filmes L’amour Au Temps De La Guerre Civil (Canadá), de Rodrigue Jean, filme sobre um jovem toxicodependente que vende seu corpo no distrito Centro-Sul de Montreal; De l'ombre il y a (França), realizado por Nathan Nicholovitch, sobre Mirinda, uma crossdresser francesa de 45 anos que vive em Phnom Penh como prostituta e que subitamente se vê a braços com uma criança abandonada; Dólares De Arena (República Dominicana, México, Argentina), de Laura Amelia Guzmán e Israel Cárdenas, e protagonizado por Geraldine Chaplin, que nos leva até uma zona costeira na República Dominicana onde se encontra Noelí, que, com o namorado, procura formas de ganhar a vida à custa dos muitos turistas que vagueiam na praia; Mariposa (Argentina), filme em que o cineasta argentino Marco Berger leva a um novo limite a exploração do desejo homoerótico em contexto heterossexual, num circular jogo de provocação; e The Night (China), estreia na realização de Zhou Hao sobre as deambulações de um prostituto masculino, obcecado pela sua própria imagem. O realizador francês Nathan Nicholovitch e o ator David D’Ingéo, que interpreta Mirinda em De l’ombre il y a, estarão no Porto para apresentar o filme.
Já ao nível de documentários estarão em competição The Amina Profile (Canadá), de Sophie Deraspe sobre Amina Arraf, uma revolucionária sírio-americana que mantém um caso amoroso online com Sandra Bagaria, de Montreal, sendo que o seu sequestro espoletou um protesto internacional para a libertar; De Gravata E Unha Vermelha (Brasil), de Miriam Chnaiderman, documentário inspirado na cartoonista Laerte, que faz tiras na Folha de São Paulo e aos 60 anos passou a apresentar-se como mulher; Fulboy (Argentina), filme de Martín Farina onde o futebol é olhado de perto, da perspetiva do irmão de um dos jogadores; Rabo de Peixe (Portugal), documentário de Joaquim Pinto e Nuno Leonel passado nesta pequena comunidade piscatória e que viu este “director’s cut” estreado na passada edição da Berlinale; Regarding Susan Sontag (EUA), documentário de Nancy D. Kates sobre a vida e obra da ensaísta norte-americana; e The Royal Road (EUA), de Jenni Olson, um ensaio sobre a colonização espanhola da Califórnia e da guerra mexicano-americana, juntamente com reflexões íntimas sobre nostalgia, identidade butch e Vertigo, o filme de Alfred Hitchcock.
José Capela, diretor artístico da Mala Voadora, Toby Ashraf, diretor do Berlin Art Film Festival, e Rui Filipe Oliveira, produtor da RTP, integram o júri desta primeira edição do Queer Porto – Festival Internacional de Cinema Queer, cujo prémio, no valor de 3.000,00€ é atribuído pela RTP2, pela compra dos direitos de exibição do filme premiado.
Paralelamente, na Mala Voadora, serão apresentadas duas instalações-vídeo, onde os conceitos de público e privado estão em confronto, nomeadamente A Spectacle of Privacy (Líbano), de Roy Dib, e The End of Time (Líbano), de Akram Zaatari.
Também na Mala Voadora serão apresentados dois programas de curtas-metragens. Do programa Emotional Landscapes fazem parte narrativas pessoais contadas sobre as paisagens de um Médio Oriente que toma aqui forma nas cidades de Beirute, Ramallah, Jerusalém, Telavive e Istambul. Vão passar as curtas Tomorrow Everything Will Be Alright (Líbano), de Akram Zaatari; Mondial 2010 (Líbano), de Roy Dib; Story Of I And Other Suggestive Landscapes (Palestina), de Mirna Bamieh; e Kirik Beyaz Laleler (Turquia), de Aykan Safoglu.
Já o programa Anything Can Happen in the Woods procura diferentes abordagens na relação entre a criação de uma identidade, individual ou coletiva, e a sua afirmação no espaço público. Aqui serão exibidas as curtas Requiem Pour Mon Père (França), de Quentin Perez; Ton Poids Sur Ma Nuque (França), de Frédéric Labonde, realizador que estará presente no festival para apresentar o seu filme, juntamente com o produtor Frédéric Bonnet; Haldernablou – Triptyque (França), de Tom de Pékin, também com presença confirmada no Porto; The Night (Alemanha), de Lior Shamriz; SANDY: The Long Dark Tearoom of the Soul (Canadá), de David Churchill e Frank Livingston; e Drone Boning (EUA), de Ghost + Cow.
O emblemático fotógrafo e realizador norte-americano Bob Mizer, fundador da Athletic Models Guild, em 1945, que se dedicava à produção e distribuição de material fotográfico, mas também de curtas-metragens, centradas na nudez masculina, tendo sido responsável pelas beefcake que tanto influenciaram a cultura queer contemporânea, é homenageado numa instalação-vídeo na Galeria Wrong Weather de nome The Golden Age of the American Male.
Já no Maus Hábitos realizar-se-á uma sessão especial em que será exibida a longa-metragem O Bacanal do Diabo e Outras Fitas Proibidas de Ivan Cardoso (Brasil), de Ivan Cardoso e Gurcius Gewdner, bem como uma sessão Queer Pop, onde se propõe um olhar à influência da cultura queer nos telediscos de artistas como Perfume Genius, The Knife, Róisín Murphy, Kacey Musgraves ou M.I.A. A esta sessão segue a Festa Queer Pop (Dance Mix), por Nuno Galopim, programador do festival.
Também terá lugar no Maus Hábitos a Festa de Encerramento do Queer Porto 1, onde terão lugar performances onde o género se esbate e alarga os limites da identificação. Com curadoria de Daniel Pinheiro, as performances e concertos estarão a cargo dos artistas Rogério Nuno Costa, Tara Transitory aka One Man Nation, Tami Tamaki, Velvet Cloak, Tales Frey, Joana Castro com Bruno Senune, João & Alice, Paulo Brás e Pedro Azevedo. A música será da responsabilidade de DJ Jordann e DJ Rodrigo Affreixo.
Para a Sessão de Encerramento do festival foi escolhido o filme Praia do Futuro (Brasil, Alemanha), realizado por Karim Aïnouz, nome maior do Cinema Queer atual. Praia do Futuro é protagonizado pelo célebre ator Wagner Moura, que interpreta um nadador salvador de Fortaleza que deixa para trás a mãe e o irmão menor, Ayrton, interpretado por Jesuíta Barbosa, encontrando em Berlim uma nova vida. O filme vai ser apresentado em antestreia nacional.

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