Esta é a segunda vez que a escritora de 75 anos vai receber este galardão. Anteriormente, Teolinda Gersão tinha sido distinguida, em 2001, com o romance "Os teclados".
A escolha do júri, presidido por Guilherme d'Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, foi "unânime", segundo a mesma fonte.
Ao galardão concorreram um "invulgar número de romances concorrentes, perto de uma centena", segundo a mesma fonte, que realçou "a qualidade literária de muitos deles".
Da lista de finalistas constaram romances de António Tavares, H. G. Cancela, João Tordo e Lídia Jorge.
Na ata, referindo-se ao romance Passagens, o júri salientou "tratar-se de uma obra que foca temas de grande atualidade, com um número muito significativo de personagens, com uma economia de texto sóbria e ponderada, assumindo uma crítica social ligada à heterogeneidade das realidades familiares contemporâneas".
Teolinda Gersão "trata o tema das passagens não apenas de cada ser humano para com os outros, mas também na relação entre a vida e a morte - numa atmosfera poética, que muitas vezes surpreende o leitor", enfatizou o júri no mesmo documento, a que Lusa teve acesso.
"O ideal humano e social de cada personagem, designadamente, dos cuidadores e dos doentes, está fortemente ancorado na capacidade de compreender as diversas facetas da vida", acrescenta o júri.
O júri desta 18.ª edição do galardão, além de Guilherme d'Oliveira Martins, foi ainda constituído por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Maria Carlos Loureiro, pela Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Maria Alzira Seixo e Liberto Cruz, convidados a título individual e, ainda, Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, pela Estoril Sol.
Natural de Coimbra, Teolinda Gersão estudou línguas e literaturas germãnicas, românicas e anglísticas, nas Universidades de Coimbra, Tubingen e Berlim.
A escritora foi Leitora de Português na Universidade Técnica de Berlim, assistente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde lecionou Literatura Alemã e Literatura Comparada. Desde 1995 que se dedica exclusivamente à literatura.
O romance Passagens, publicado pela Sextante no dia 21 de março do ano passado, segundo comunicado da chancela do Grupo Porto Editora, "começa com um cenário de luto, mas que é, na verdade, um olhar penetrante sobre a vida e a sua complexidade, através de personagens de quatro gerações de uma família".
"Por meio de diferentes vozes abordam-se grandes temas universais, como o amor, o sexo, a vida em comum, com os seus encontros e desencontros, o nascimento das novas gerações, o decurso do tempo e a morte, que não é mais do que uma passagem", acrescenta a mesma fonte.
O vencedor do ano passado foi Bruno Vieira do Amaral, com o seu romance de estreia, "As primeira coisas".
"A cerimónia da entrega do Prémio está prevista para a segunda quinzena de novembro próximo no auditório do Casino Estoril", adiantou à Lusa fonte da Estoril Sol.
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