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Teatro Praga inaugura finalmente a sua nova casa, uma casa aberta a todos

A inauguração do novo espaço cultural da companhia está marcada para 6 de Outubro. Programação está feita até Dezembro.

Têm trabalhado aqui nos últimos dois anos, mas só agora é que o DNA, o novo espaço cultural do Teatro Praga, ganha forma, depois de umas obras de reabilitação no edifício número 6 da Rua das Gaivotas, em Lisboa. Se até agora a companhia trabalhava aqui de forma intermitente, a partir do dia 6 de Outubro apresenta já uma programação continuada. Programação, essa, que é composta em grande parte por projetos emergentes. O Teatro Praga gere o espaço onde cabem todos, especialmente aqueles que habitualmente não cabem nos palcos tradicionais.

Foi no final de 2012 que a companhia de teatro venceu o concurso público de cedência de espaço da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Em 2013, aqui começaram a trabalhar: ensaiou-se, por exemplo, a revista à portuguesa Tropa Fandanga, e Susana Pomba passou para este local o seu Old School, um programa mensal de curadoria. Mas as condições não estavam ainda reunidas para que ali se instalasse o “centro cultural” que a companhia ambiciona e que ficou contratualizado com a câmara. Dois anos passados, um dos quais em obras, e o Teatro Praga consegue finalmente abrir portas com uma programação desenhada até ao final do ano. O espaço com cerca de 400 metros quadrados divididos em dois andares ainda não está todo operacional, mas já pode ser inaugurado com pompa e circunstância.

A menos de um mês da inauguração, ultimam-se os preparativos. O rés-do-chão do número 6 da Rua das Gaivotas cheira a novo, mas precisa ainda de ser limpo e arrumado. “Ensaiei aqui há muitos anos, mal sabia que vinha aqui parar...”, começa por dizer Cláudia Jardim, uma das criadoras do Teatro Praga, durante uma visita informal da imprensa ao espaço, onde o teatro dos Praga será apenas uma das componentes. Este é, aliás, um projecto multidisciplinar que não quer deixar de fora as várias áreas artísticas. A sala de espetáculos, por exemplo, com capacidade para 50 pessoas, tanto pode ser um palco para uma performance artística como para uma projeção de cinema. Ao lado, vai nascer uma biblioteca e um centro de documentação, mas ao bom estilo do Teatro Praga podemos esperar alguma inovação e extravagância. “Não temos a pretensão de fazer uma biblioteca da história das artes performativas”, diz a atriz, explicando que ali se poderão encontrar livros relacionados com o tema. A diferença entre esta e uma biblioteca normal é que ali a organização vai ser feita por cores.

“Vai ser a nossa biblioteca cromática. A ideia é que seja caótica, não há organização por tema, obra ou autor”, conta José Maria Vieira Mendes, outra mente por trás do Teatro Praga, explicando que a ideia tem por base a biblioteca pessoal de André e. Teodósio, também criador da companhia. “Queremos que cada procura por um livro seja uma aventura”, diz, explicando que neste espaço vão acontecer também workshops e palestras. Tudo a pensar numa abertura não só ao meio artístico como ao público, principalmente à comunidade ali à volta. “É importante abrir o espaço às pessoas. Queremos desmistificar aquela coisa de que o teatro é sagrado: o teatro é um sítio de pensamento e queremos que venham pensar connosco”, aponta Cláudia Jardim, contando que estão já pensadas várias colaborações com escolas. “A responsabilidade acresce quando a RE.AL e a Cão Solteiro [estruturas vizinhas que perderam este ano o apoio da Direcção-Geral das Artes] trabalhavam tanto em comunidade”, diz Jardim. “Vamos continuar o trabalho que eles fizeram. Eles já tinham posto o comboio em marcha e nós vamos apanhar o ritmo e marcar posição”, continua, afirmando que o objetivo é fazer deste espaço “o centro cultural aqui da zona”, da Avenida D. Carlos I ao Cais do Sodré.

A mesma abertura vai existir para artistas e outras estruturas. “Este não é um espaço para os Praga, mas para aqueles que têm dificuldade em arranjar um espaço para ensaiar ou apresentar espetáculos. Há uma geração mais nova que tem cada vez mais dificuldades, é gritante.” Não é de estranhar, por isso, que a inauguração, a 6 de Outubro, se faça com artistas emergentes, qual mercado onde cada um apresenta o seu trabalho. A companhia chamou-lhe o Meat Market, seguindo-se uma espécie de aulas onde cada interveniente tem cinco minutos para dar a sua lição. Rui Tavares, fundador do partido Livre, e o artista plástico Vasco Araújo são dois dos intervenientes.

Rogério Nuno Cosa, Joana Barrios ou André Murraças são alguns dos nomes que compõem a programação deste espaço até Dezembro. 


por Cláudia Lima Carvalho, in Público | 14 de setembro de 2015
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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