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Entrevista com Natália Gromicho

Natalia Gromicho faz 20 anos de carreira este ano e será homenageada na edição da LICE 2015 - Lisbon International Contemporary Exhibition


Como descreve a sua arte e a forma como comunica com o publico?

Antes de mais, muito obrigado por esta oportunidade, a minha arte está em constante processo de mudança; recuso-me a praticar cópias repetidas da mesma imagem, para construir o meu nome a partir de um trabalho. Uma coisa que eu tenho certeza é que, em 20 anos de carreira, ainda não fiz nada ... ainda falta muito para chegar onde quero, já sei o caminho mas ainda falta muito para ser compreendida, é um preço que estou disposta a pagar...

 

Qual a filosofia por detrás da sua arte?

Na verdade, a minha linguagem evoluiu para uma fase mais abstrata, eu quero que as pessoas pensem, enquanto olham para as minhas obras, precisam de perder tempo a olhar para compreender, o observador tem um papel diferente para com os meus trabalhos, um papel fundamental. O observador é quem decide, é quem toma a decisão final da obra.

Quando eu comecei, há 20 anos, dediquei meu tempo para a perfeição (eu era uma das melhores da minha turma em Desenho), adquiri toda a formação que quis, mas só agora encontrei o meu caminho nas artes, a minha própria linguagem.

 

Qual tem sido sua principal fonte de inspiração?

A minha principal fonte de inspiração são as viagens; são o principal motivo das mudanças nas minhas pinturas, na minha linguagem, uma vez que o contato com outras pessoas, outras condições climáticas são determinantes para o mudança na minha obra.

 

Descreva as suas melhores memórias: Infância, família, professores e colegas de escola.

Sou uma pessoa de famílias humildes, onde a educação é o pilar central do nosso desenvolvimento como pessoas, acima de tudo, devemos respeitar os outros para que sejamos respeitados. A minha educação foi realmente importante para o meu processo criativo, no inicio da minha entrega á pintura, tive problemas financeiros para comprar o material para pintar, então tive que usar o que tinha disponível, papel, lápis, madeira. Quando tive a minha primeira tela, tinha 15 anos e foi provavelmente o momento mais feliz da minha vida.

Considero que a minha formação na escola secundária foi das melhores que recebi pois nessa altura os mestres dedicavam-se de corpo e alma ao ensino e por isso foi muito positivo, em seguida frequentei a Arco mas por pouco tempo pois não me revi naquele modelo de ensino. Posteriormente frequentei o curso de Pintura da Fbaul mas fiquei novamente desapontada pois não me enquadrei, tudo o que me ensinaram nos primeiros anos fez parte da minha formação anterior o que me levou a buscar outras formas de aprendizagem.

 

Conte-nos sobre a primeira fase da vida como um jovem artista?

Bem os primeiros anos foram difíceis, pois eu não tinha dinheiro para comprar material, eu sou a segunda de quatro irmãos por isso foi complicado, mas eu nunca desisti. Eu sou uma pessoa muito poupada e foi por isso que consegui poupar o dinheiro das prendas de aniversario, Natal e comprar os meus óleos, telas e pinceis.

Consegui organizar a minha primeira exposição em 1995 com uma colega de escola, e daquele dia em diante, minha vida é o que é...

Tem sido muito difícil, uma vez que não tenho o apoio do governo e também em Portugal, as Artes não são bem recebidas pelas pessoas em geral, eles preferem comprar um relógio caro, ou um carro, do que  e comprar uma obra de arte... Ainda bem que nem todos são assim e que necessitam de arte para viver bem.

 

Qual é o seu gênero favorito e estilo em arte?

Abstrato é claro, eu quero que o observador pense, que faça parte do trabalho. É um desafio bastante difícil, mas que me estimula no processo de criação.

 

Como descreveria o seu objetivo na história da arte?

Marcar no tempo; marcar o século XXI, muito difícil em Portugal, mas não é assim no resto do mundo.

Ser compreendido em países como EUA, Austrália, ou mesmo no resto da Europa é algo muito gratificante. O meu objetivo é simples, criar uma linguagem que possa servir para chamar a atenção, globalmente, para temas que ache pertinentes e que necessitem de ser destacados. Não pinto só Abstrato, recentemente apresentei a exposição “Direitos Humanos” (ou a falta deles) em Timor-Leste, primeiro na Embaixada de Portugal em Dili e depois no Fundação Oriente de Dili. É uma exposição maioritariamente figurativa que retrata a falta de direitos Humanos pelo mundo fora. É certo que criei 2 quadros mais abstratos para ver a reação do publico, que foi muito interessante.

 

O que acha das feiras de arte?

As feiras de arte são atualmente óptimos lugares onde artistas e amantes da arte, ficam a saber como está o mercado da arte, entram em contato como outros artistas, partilham-se experiências, uma experiência única.

Estive em eventos satélite durante algumas Feiras de Arte importantes (uma em Miami durante a Art Basel 2013, uma em Nova York durante Expo Art 2014, outra em Singapura durante a Affordable art fair e em Lisboa durante a nossa extinta FIA), apenas em Nova York, tive uma boa experiência, vendi a obra mais cara da minha carreira até agora, fiquei muito feliz e deu-me realmente um grande ânimo para passar á fase seguinte.

 

Quais os novos e antigos mestres que realmente a inspiraram.

Van Gogh, Picasso e, de Portugal, Júlio Pomar e Vieira da Silva.

 

Qual é a sua ambição acima de tudo na vida?

Bem, para ser honesta, eu estou muito feliz com a minha vida, gostava muito que o meu país fosse dedicado à cultura, além de Futebol, Fátima e Fado. Temos também a arte contemporânea, música contemporânea, teatro e muito mais.

 

Qual seria o seu último desejo?

Meu último desejo é ter um Picasso na minha casa, para vê-la todos os dias, para respirá-lo...

 

 

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