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Baboom abre as portas e vai entregar 90% das receitas aos músicos
Serviço desenvolvido no Porto disponibiliza ferramentas para artistas venderem música, bilhetes e para interagirem com fãs.
O presidente executivo,Grant Edmundson, nas instalações do Porto
O Baboom, um novo serviço de música online que vem concorrer com o Spotify e com as plataformas de música da Apple e do Google, foi lançado nesta segunda-feira, com a promessa de uma melhor remuneração para os artistas.
O serviço, que conquistou atenções na Internet graças à ligação ao excêntrico empresário Kim Dotcom, quer apelar sobretudo aos músicos, que se têm queixado de não serem justamente pagos pelas plataformas de música digital já existentes. A empresa entregará 90% das receitas aos artistas que tenham contas pagas (custam cerca de 6,60 euros mensais) e 70% aos que optem por uma conta grátis.
O Baboom inclui uma modalidade de streaming – em que a transmissão é feita diretamente, sem necessidade de descarregar ficheiros –, mas também permite aos músicos criarem uma loja para venderem tanto a respetiva música, como bilhetes para espetáculos. O preço é determinado pelos artistas. Também lhes disponibiliza um "painel de análise de carreira", com métricas como as vendas e o alcance nas redes sociais. As métricas são mais detalhadas no caso dos artistas que pagam a assinatura.
Já os utilizadores podem optar por uma conta gratuita, onde terão publicidade, ou por uma assinatura, que, tal como a dos artistas, custa também o equivalente a dez dólares australianos, cerca de 6,60 euros ao câmbio atual. O Baboom pode ainda ser usado para armazenar música digital que os utilizadores já tenham: 100 canções no caso das pessoas com conta grátis e uma coleção ilimitada para as restantes.
"Em primeiro lugar, estamos focados em lançar um modelo de negócio que seja saudável para toda a gente e esperamos ao longo dos próximos meses fazer crescer o nosso catálogo com bons artistas", explica Marco Oliveira, o diretor técnico da plataforma, que é propriedade de uma empresa neozelandesa, mas cujo desenvolvimento é feito por uma subsidiária no Porto. Foi fundado por Kim Dotcom, um alemão nacionalizado neozelandês, criador do extinto serviço de partilha de ficheiros Megaupload e que é acusado nos EUA de crimes de violação de direitos de autor. Mas Dotcom vendeu no final do ano passado a participação que tinha na empresa, afirmando que o seu envolvimento estava a prejudicar o Baboom. A empresa é dirigida atualmente pelo executivo Grant Edmundson.
À data de lançamento, o Baboom não tem músicos conhecidos do grande público. Entre os artistas que podem ser ouvidos estão os portugueses Roger Pléxico (da editora Monster Jinx) e Emmy Curl. No total, são “algumas centenas” de músicos, diz Marco Oliveira.
Num vídeo de apresentação dirigido aos músicos, a empresa explica que pretende "pagar aos artistas diretamente e reduzir os intermediários”, em vez de usar o modelo habitual em que todo o dinheiro pago vai para um fundo, que é depois distribuído pelos músicos consoante a sua popularidade junto de todos os utilizadores.
A empresa optou por um modelo a chama “fair trade streaming” e onde reparte separadamente com os artistas o montante de cada assinatura. Um artista recebe uma parcela do dinheiro da assinatura de cada pessoa que tenha ouvido a sua música. O valor daquela parcela (retirado da fatia de 70% ou 90%) é calculado com base na quantidade de vezes que as canções de cada artista foram ouvidas pelo utilizador. Para além disto, os artistas que tiverem uma conta paga (custa também dez dólares australianos) recebem 10% do valor da assinatura das pessoas que os seguirem na plataforma.
Os serviços online de música são hoje um mercado competitivo e em crescimento. De acordo com números da Federação Internacional da Indústria Fonográfica, 46% de toda a faturação do sector no ano passado tiveram origem na música digital. Dentro da música digital, 23% das receitas foram obtidas com as assinaturas serviços de streaming. Este valor exclui o dinheiro obtido com a publicidade do streaming gratuito. O número de assinantes destas plataformas subiu 39% ao longo do ano passado. Dos 41 milhões de utilizadores pagantes, mais de 15 milhões estavam no Spotify.
A remuneração dos autores nestes serviços foi alvo de um debate aceso em Junho, quando a cantora Taylor Swift protestou contra a intenção da Apple de não pagar aos músicos durante os primeiros três meses, durante os quais a utilização do seu novo serviço de música é gratuita. A empresa acabou por mudar de direção e pagar aos artistas.
por João Pedro Pereira, in Público | 17 de agosto de 2015
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público