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O drama dos mineiros do Chile chegou ao cinema com Antonio Banderas
Uma das histórias do ano 2010, seguida por milhões de pessoas em todo o mundo, está quase a estrear-se em versão filme.
Banderas em "Los 33" [DR]
Em 2010, o drama dos 33 homens soterrados durante dois meses numa mina chilena foi seguido em todo o mundo e a história teve um final feliz – foram resgatados em outubro. Cinco anos depois, Antonio Banderas é o rosto desses 33 mineiros no filme Los 33, que se estreia em novembro. Já há trailer.
O salvamento dos 33 mineiros, soterrados desde 5 de agosto de 2010 e durante 69 dias a mais de 700 metros de profundidade numa mina de ouro e cobre do deserto de Atacama, foi uma das histórias daquele ano e “noutros países foi vista como um grande feito de um país”, classificou o ator espanhol numa conferência de imprensa na capital chilena esta segunda-feira. A estreia mundial do filme realizado pela mexicana Patricia Riggen (La misma luna,Girl in Progress) está agendada para o Chile, na próxima quinta-feira, dia 6.
Banderas interpreta o mineiro Mario Sepúlveda (ver fotos) e o ator brasileiro Rodrigo Santoro é o então ministro das Obras Públicas chileno Laurence Golborne. No filme participam ainda Juliette Binoche (María Segovia), Gabriel Byrne, Cote de Pablo, Mario Casas, Jacob Vargas ou o veterano James Brolin – nesta visita ao país, o elenco e equipa técnica tiveram a oportunidade de saudar a Presidente chilena Michelle Bachelet.
Santoro, na mesma conferência de imprensa e citado pela agência Reuters, admitiu que uma história que decorreu ao longo de tantos dias e envolveu tantas pessoas é difícil de condensar em duas horas e que por isso o foco recai sobre algumas personagens e outras ficam em pano de fundo. “O filme baseia-se na história dos mineiros, dos 33. Por isso penso que tinha de ser sintetizada, e algumas personagens têm de ser escolhidas para contar toda a história.”
O projeto, em língua inglesa e com o título inglês The 33, foi “filmado com a colaboração dos mineiros, das suas famílias e daqueles que os resgataram” no deserto de Atacama e em duas minas desativadas na Colômbia. O filme baseia-se no livro Deep Down Dark de Hector Tobar e na adaptação de Jose Rivera, tendo o guião sido escrito por Mikko Alanne, Craig Borten (O Clube de Dallas) e Michael Thomas (Backbeat, Geração Inquieta, Fome de Viver).
A data de estreia do filme em Portugal está prevista para 26 de novembro.
A história dos mineiros começou com uma derrocada que os isolou numa galeria sem que conseguissem comunicar com o exterior. Ao 17.º dia, os mineiros conseguiram fazer-se ouvir quando os esforços de buscas e suas brocas tocaram uma área acessível pelos mineiros – além de fazerem ruído, conseguiram escrever um bilhete que prenderam à extremidade da broca que lhes chegou perto. “Os 33 de nós que estão no abrigo estão bem”.
A partir daí e durante mais de um mês, foram tentados e estudados vários planos para resgatar as vítimas. Acabou por ser escolhido o chamado "Plano B": foi perfurada uma conduta de 622 metros, por onde circulou a cápsula metálica Fénix (de quatro metros de altura, 53 centímetros de largura e 480 quilos de peso) – desenhada por especialistas da Marinha chilena assessorados por técnicos da NASA para transportar os mineiros de volta à superfície.
Os mineiros, que durante o seu ordálio sobreviveram à base de comida, bebida e medicamentos enviados pelos pequenos túneis escavados pelos bombeiros – e antes do contacto com a superfície com o que encontravam, nomeadamente cascas de laranja – , foram preparados para a subida, apertada e traumática, com uma dieta líquida de proteínas, hidratos de carbono e potássio para prevenir náuseas e vómitos e garantir energia para a viagem. Alguns acometidos por depressão no interior da mina, outros acalentados pela possibilidade de falarem com a família por radiotelefone, muitos indignados pela demora, foram acompanhados diariamente por milhares de notícias em todo o mundo.
A sua chegada à superfície foi transmitida internacionalmente pela televisão – aliás, havia câmaras na mina e no topo da cápsula – e as emoções foram aumentadas pela presença da família de cada um dos 33 sobreviventes.
por Joana Amaral Cardoso, in Público | 3 de agosto de 2015
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público