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“A Poesia não tem grades” procura voluntários para intervir nas prisões
Após doze anos a ser desenvolvido em exclusivo por Filipe Lopes, pretende continuar a crescer, criando condições para uma implementação continuada e correspondendo às solicitações dos diversos estabelecimentos prisionais do país. Desenvolvido em parceria com a Direção Geral da Reinserção e dos Serviços Prisionais, foi apoiado pelo então Instituto do Livro (atual DGLAB), sendo executado nos últimos anos com recurso a autofinanciamento. Agora, o recrutamento de outros voluntários permitirá manter de forma consistente atividades regulares em mais locais.
Através desta iniciativa procura-se ajudar a criar hábitos de leitura numa população que, na sua maioria, tem uma reduzida escolaridade e provém de uma realidade social com poucos hábitos de acesso à cultura. No entanto, o cumprimento de uma pena é também uma oportunidade para aumentar os conhecimentos, através da frequência de aulas onde muitos recuperam caminhos abandonados precocemente e alguns concluem até a formação superior. “A Poesia não tem grades” surge assim como um complemento a todo o trabalho desenvolvido por técnicos e professores, utilizando a literatura para abordar as mais diversas temáticas. Amor, solidão, morte, dependências, são alguns dos temas que surgem nestas sessões onde cada participante tem oportunidade de exprimir as suas sensações.
Já este ano decorreram sessões nos Estabelecimentos Prisionais de Paços de Ferreira, Vale do Sousa, Vila Real, Viseu, Caldas da Rainha, Carregueira, Alcoentre, Lisboa, Tires, Beja Sintra, Leiria (adultos e jovens), Montijo, Olhão, no Hospital Prisional de São João de Deus e também no EP Junto da Polícia Judiciária do Porto. Estas ações em formato de sessão única são uma primeira abordagem mas registando sempre bons resultados. O objetivo ainda em 2015 é desenvolver projetos de continuidade em dez Estabelecimentos, permitindo assim potenciar toda a intervenção de forma sustentada e coerente, levando-a muito para além de um projeto de promoção da leitura e constituindo-se como um instrumento de valorização pessoal e inserção social. Criando uma bolsa de voluntários ligada ao projeto é possível formar e selecionar outros elementos que deem continuidade às dinâmicas iniciadas, garantindo uma presença regular que permita manter os níveis de interesse e participação por parte dos reclusos.
A inscrição nesta bolsa poderá ser feita através do sítio na internet (www.apoesianaotemgrades.pt) ou da página de Facebook da iniciativa.
“O recluso de hoje será o nosso vizinho de amanhã”, é uma das frases repetidas por Filipe Lopes para lembrar que todos os que cumprem uma pena de prisão estarão algum dia em liberdade, seja amanhã ou daqui a vários anos. Apoiar o processo de recuperação destes indivíduos é, por isso, uma tarefa com benefícios para todos, procurando uma sociedade mais inclusiva e segura.