"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Notícias

Corsino Fortes, poeta e diplomata de Cabo Verde

O poeta cabo-verdiano Corsino Fortes morreu esta sexta-feira na sua cidade natal, Mindelo, aos 82 anos, vitimado por um cancro, escassos dois dias após ter lançado o seu último livro, Sinos de Silêncio.

Corsino Fortes, D.R.
Além de poeta, Corsino Fortes, com formação em Direito na Universidade de Lisboa (1966), foi ministro da Justiça de Cabo Verde, foi o primeiro embaixador deste país em Lisboa, logo a seguir à independência do seu país, presidiu à assembleia-geral da Fundação Amílcar Cabral. Foi ainda empresário e esteve ligado à criação da televisão experimental cabo-verdiana. Já na sua carreira literária, presidiu à Associação dos Escritores Cabo-verdianos e à Academia Cabo-verdiana de Letras, desde que esta foi fundada em 2013. Foi também distinguido, no corrente ano, com o Prémio Literário do 40º. Aniversário da Independência de Cabo Verde.

No comunicado em que noticia a morte de Corsino Fortes, a atual vice-presidente daquela Academia, Vera Duarte, classifica-o como “o maior poeta épico de Cabo Verde”, relevando a importância da antologia A Cabeça Calva de Deus, que em 2001 reuniu a trilogia constituída pelos livros Pão & Fonema, Árvore & Tambor e Pedras de Sol & Substância. O seu livro mais recente, Sinos de Silêncio, reúne canções e haikais característicos da cultura cabo-verdiana.

“Pelo significado de sua obra para as Letras e para a cultura cabo-verdianas, e pela estatura de sua personalidade na defesa da liberdade da pátria e na construção do país, Corsino António Fortes deixa um silêncio, uma lacuna insanável no seio da nação”, acrescenta Vera Duarte.

Lamentando também a morte do poeta, José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE), disse, em declarações à Lusa, que ele “é uma figura nuclear da resistência dos movimentos de libertação e da comunidade que se revê na Língua Portuguesa”.

José Manuel Mendes conheceu Corsino Fortes em 1975, quando este desempenhou as funções de embaixador de Cabo Verde em Lisboa, e “era já uma personalidade muito respeitada pelas gerações que tinham combatido a ditadura em Portugal e participado nas mil formas de realização literária em que a liberdade de escrita não prescindia das lutas pela Liberdade e pela Democracia".

“Guardo a lembrança de um homem particularmente culto, muito atento e cordial", acrescentou o presidente da APE. E salientou, sobre a obra literária de Corsino Fortes, os livros Pão & Fonema e Pedras de Sol & Substância, em que “a partir da tradição cabo-verdiana constrói uma linguagem muito própria, com grande densidade semântica, sem perda de uma inconfundível marca de modernidade".

in jornal Público | 24 de julho de 2015
Notícia em Destaque, no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público
Agenda
Ver mais eventos

Passatempos

Passatempo

Ganhe convites para a antestreia do filme "Memória"

Em parceria com a Films4You, oferecemos convites duplos para a antestreia do drama emocional protagonizado por Jessica Chastain, "MEMÓRIA", sobre uma assistente social cuja vida muda completamente após um reencontro inesperado com um antigo colega do secundário, revelando segredos do passado e novos caminhos para o futuro.

Visitas
93,891,316