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Literatura "abre portas" nas prisões

“A Poesia não tem grades” é da responsabilidade de Filipe Lopes com apoio da Associação de Ideias e do Grupo O Contador de Histórias. 

Filipe Lopes

Tem quarenta anos e passou mais de metade a tentar contagiar com o prazer da leitura. Filipe Lopes faz mais do que ler textos e contar histórias, está determinado a tentar mudar vidas através dos livros e do contacto com a arte. Em julho passa pelas prisões de Porto, Paços de Ferreira, Vila Real e Viseu.

Já passou por centenas de escolas e bibliotecas do país, trabalhando com milhares de crianças e jovens, mas também com pais e professores através de ações de formação. Sempre que possível visita também as comunidades lusófonas, levando a palavra dita em português mas também os imaginários nacionais. No entanto, não é apenas com públicos mais tradicionais que desenvolve atividades que promovem o livro e a leitura. O fundador do coletivo O Contador de História abraça com especial interesse os grupos menos comuns, como as crianças em internamento hospitalar ou a população prisional. É, aliás, com os reclusos que desenvolve o projeto de maior dimensão e longevidade. “A Poesia não tem grades” nasceu em 2004 e continua a levar páginas de esperança a quem viu o horizonte reduzir-se aos muros de uma cadeia.

Através desta iniciativa, Filipe Lopes procura ajudar a criar hábitos de leitura numa população que, na sua maioria, tem uma reduzida escolaridade e provém de uma realidade social com poucos hábitos de acesso à cultura. No entanto, o cumprimento de uma pena é também uma oportunidade para aumentar os conhecimentos, através da frequência de aulas onde muitos recuperam caminhos abandonados precocemente e alguns concluem até a formação superior. “A Poesia não tem grades” surge assim como um complemento a todo o trabalho desenvolvido por técnicos e professores, utilizando a literatura para abordar as mais diversas temáticas. Amor, solidão, morte, dependências, são alguns dos temas que surgem nestas sessões onde cada participante tem oportunidade de exprimir as suas sensações.

“A Poesia não tem grades” tem vindo a ser desenvolvido em regime de voluntariado, devido à escassez de apoios financeiros que por parte do setor público, quer do privado. Para contornar esta dificuldade, o projeto editou o livro “O lado de dentro do lado de dentro”, que reúne textos originais de autores como Alice Vieira, Afonso Cruz, Filipa Leal, André Gago ou Richard Zimler, obra cujas vendas revertem inteiramente para minimizar os custos de execução desta iniciativa, nomeadamente as constantes deslocações pelo país. O livro está disponível em diversas livrarias como a FNAC ou para venda online através Wook.

Já este ano decorreram sessões em Caldas da Rainha, Carregueira, Alcoentre, Lisboa, Tires, Beja Sintra, Leiria (adultos e jovens), Montijo, Olhão e no Hospital Prisional de São João de Deus. Nas próximas semanas Filipe Lopes estará nos Estabelecimentos Prisionais de Paços de Ferreira, Vale do Sousa, Vila Real, Viseu e ainda no EP Junto da Polícia Judiciária do Porto. Estas ações em formato de sessão única são uma primeira abordagem mas sempre com bons resultados. No entanto, o objetivo ainda em 2015 é desenvolver projetos de continuidade em dez Estabelecimentos, permitindo assim potenciar toda a intervenção de forma sustentada e coerente, levando-a muito para além de um projeto de promoção da leitura e constituindo-se como um instrumento de valorização pessoal e inserção social. Na página do projeto na internet (www.apoesianaotemgrades.pt) é possível ficar a conhecer as formas como particulares e empresas podem ajudar a atingir esse objetivo.

“O recluso de hoje será o nosso vizinho de amanhã”, é uma das frases repetidas por Filipe Lopes para lembrar que todos os que cumprem uma pena de prisão estarão algum dia em liberdade, seja amanhã ou daqui a vários anos. Apoiar o processo de recuperação destes indivíduos é, por isso, uma tarefa com benefícios para todos, procurando uma sociedade mais inclusiva e segura.

“A Poesia não tem grades” é da responsabilidade de Filipe Lopes com apoio da Associação de Ideias e do Grupo O Contador de Histórias. Realiza-se em parceira com a Direção Geral da Reinserção e dos Serviços Prisionais.

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