"As Mil e uma Noites" de Miguel Gomes vence no Festival de Sydney
Triptíco sobre a austeridade portuguesa recebe prémio máximo na Austrália.
Um filme que "nos lembra que o cinema continua a ser um poderoso veículo para examinar a condição humana”, diz o júri.
O filme As Mil e uma Noites, de Miguel Gomes, ganhou o prémio de Melhor Filme do Festival de Cinema de Sydney. O tríptico do realizador português centrado no impacto das políticas de austeridade em Portugal é elogiado este domingo pelo júri como “um filme de ambição e visão política que confronta, frustra e fascina – e em última análise nos lembra que o cinema continha a ser um poderoso veículo para examinar a condição humana”.
O Sydney Film Prize tem um valor pecuniário de 42.500 euros e foi entregue por um júri presidido por Liz Watts, produtora de Reino Animal (2010) ou O Caçador: Último Tigre da Tasmânia (2011), que destacou ainda que “o filme nos lembra que a esperança e a resistência são fundamentais para o espírito humano”. Miguel Gomes, em comunicado, agradeceu desde a Lapónia a distinção do festival cuja competição integrou pela segunda vez – a primeira foi com Tabu, em 2012. “Acho que há duas grandes razões para ser honrado com tal prémio: 1) é mais fácil ter prémios quando se pode ter três visionamentos diferentes”, brincou sobre a estrutura do seu projecto, que se divide em três volumes (O Inquieto, O Desolado e O Encantado), e “2) Estou agora na Lapónia, a terra do bom e fiável … Pai Natal!”.
A partir da estrutura da colecção de histórias e contos populares do Médio Oriente e do sul da Ásia As Mil e Uma Noites, um ano de filmagens começado em Agosto de 2013 fez-se de um guião em construção constante com base nas histórias que um grupo de jornalistas (Maria José Oliveira, Rita Ferreira e João Dias) encontrava na sociedade portuguesa para contar a Xerazade - a princesa que todas as noites tinha de contar uma história ao seu rei para ganhar mais um dia de vida e que serve de narradora no filme que totaliza 383 minutos de duração.
Segundo avançou o produtor Luís Urbano este domingo à Lusa, os filmes estreiam-se separadamente no final do Verão em Portugal -O Inquieto chega vai no final de Agosto e, no final de Setembro, serão estreados os outros dois filmes.
O festival terminou este domingo na cidade australiana com o anúncio do prémio máximo para o projecto português produzido pela O Som e a Fúria, que se estreou na Quinzena dos Realizadores do 68.º Festival de Cannes e que será o filme de abertura da 23.ª edição do Curtas– Festival Internacional de Cinema, que se realiza de 4 a 12 de Julho em Vila do Conde.
Os anteriores vencedores do festival foram Dois Dias, uma Noite (2014), Só Deus Perdoa (2013), Alpes (2012), Uma Separação (2011), Amores Imaginários (2010), Bronson (2009) e Fome (2008).
No próximo dia 18 de janeiro, pelas 21h00, sobe ao palco do Auditório da Fundação Oriente, em Lisboa, um espetáculo apresentado por Tristão de Andrade, que celebra sua vida e obra como poeta, escritor, cantautor e músico.Findo o passatempo, anunciamos aqui os nomes dos vencedores apurados!