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A Lisboa dos Descobrimentos

Lisboa, nos séculos XV e XVI, torna-se um importante entreposto do comércio nacional e europeu, resultando dessa realidade o dilatar do seu termo, que ultrapassa largamente a antiga urbe medieval, e lhe reforça o cunho ribeirinho e marítimo.

(ROTEIRO 1)

Lisboa, nos séculos XV e XVI, torna-se um importante entreposto do comércio nacional e europeu, resultando dessa realidade o dilatar do seu termo, que ultrapassa largamente a antiga urbe medieval, e lhe reforça o cunho ribeirinho e marítimo.

Esta expansão é acompanhada por um acentuado aumento demográfico. No conjunto da população, salientava-se pela sua dinâmica, a burguesia mercantil. Na cidade, além dos nacionais, residiam estrangeiros, escravos e serviçais negros.

Surgem novas urbanizações com base em traçados planeados e sustentados por critérios urbanísticos e leis jurídicas, sendo erigidos na época das Descobertas monumentos de grande valor arquitetónico e artístico; junto à praia de Belém, no local de onde partiram as grandes armadas, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. Em Xabregas, o Convento da Madre de Deus.

São também desta época importantes edifícios como o Palácio Real, o Hospital de Todos-os-Santos e o Paço dos Estaus que abordaremos futuramente.

Pontos de Interesse:


Convento da Madre de Deus

Em Xabregas foi fundado em 1508 pela rainha D. Leonor, recebeu mais tarde uma relíquia de Santa Auta, oferta do Imperador Maximiliano.
Da traça primitiva, restam apenas o portal manuelino (com os símbolos régios de D. Leonor, o camaroeiro, e de D. João II, o pelicano), um claustro e uma Sala (a chamada Capela Árabe), que se supõe ter sido o oratório de D. Leonor.
Alberga hoje o Museu Nacional do Azulejo, que inclui salas dedicadas à azulejaria desde os séculos XV e XVI até à atualidade.

Ermida de Santo Cristo e de São Jerónimo

A Capela de S. Jerónimo foi construída no espaço da antiga cerca dos Frades, a partir de 1514, por Diogo de Boitaca e concluída por Rodrigo Afonso. Apresenta planta quadrada e a decoração do pórtico enquadra-se no tipo nacional da época - o manuelino.
A Capela de São Jerónimo não se encontra aberta ao público, podendo apenas ser visitada mediante marcação prévia junto do serviço educativo do Mosteiro dos Jerónimos.
Trata-se de uma capela de reduzido tamanho em alvenaria, do início de quinhentos, cujo traçado se atribui a João de Castilho, e que fazia parte da cerca do Mosteiro dos Jerónimos. A porta, retangular, é decorada por florões e tem a sobrepujá-la um pequeno óculo tronco-cónico. A Ermida de Santo Cristo é encimada por seis coruchéus de base prismática, rematados piramidalmente. Constituem-na dois corpos paralelepipédicos, sendo o de maiores dimensões correspondente à nave e o mais pequeno à capela-mor (separada por um arco abatido com florões nos cunhais). A cobertura de abóbadas manuelinas é polinervada com florões. Possui dois bancos corridos junto às paredes da nave, percorridos por silhares de azulejos hispano-mouriscos, de "aresta", quinhentistas; exibe ainda, do período setecentista, azulejos figurativos, evocativos dos monges hieronimitas.


Mosteiro dos Jerónimos

Neste local, no ano de 1496, Vasco da Gama ouviu missa na noite antes de partir para a Índia e daqui saíram as naus de Pedro Álvares Cabral, que chegariam ao Brasil.
D. Manuel I funda nesse mesmo sítio um mosteiro destinado à ordem de S. Jerónimo e o panteão real, que projetara para si e para a sua família. A construção iniciou-se em 1501 segundo o estilo manuelino.
Nas antigas instalações conventuais encontram-se instalados o Museu Nacional de Arqueologia, fundado em 1893 pelo Doutor José Leite de Vasconcelos, e o Museu de Marinha.
Visite a Igreja, o coro-alto e poderá ver os túmulos de Vasco da Gama e, na Capela-mor, os dos reis D. Manuel, D. Maria, D. João II e D. Catarina. Visite ainda o claustro e a antiga Sala do Capítulo.

Museu da Marinha

Anexo ao Mosteiro dos Jerónimos foi criado em 1863, com a dupla finalidade de guardar os documentos da marinha portuguesa e de albergar a Escola Naval.
O seu recheio tem sido enriquecido e apresenta, atualmente, notáveis exemplares de cartografia antiga, bem como vários exemplares de embarcações e instrumentos de navegação de diferentes épocas e outros objetos de grande valor histórico e artístico.

Torre de Belém

O projeto de construção desta torre data do reinado de D. João II, no entanto só foi posto em prática no reinado do seu sucessor, D. Manuel I, entre 1515 e 1519.
A sua função era essencialmente defensiva. No início encontrava-se completamente rodeada de água. Hoje é um espaço cultural onde se realizam exposições e concertos.
A Torre de Belém é constituída por dois corpos: o baluarte e a torre de menagem.
A torre de menagem, de forma quadrangular, desenvolve-se em três pisos e terraço aos quais se sobe através de uma escada em espiral. Originalmente, as três salas da torre destinavam-se à residência do Alcaide-mor, o comandante da guarnição militar.
O baluarte que se projeta diante da torre de menagem como a proa de uma nau, tem a forma de um hexágono irregular. O acesso ao conjunto da torre é feito por um portal em arco de volta perfeita encimado pelo escudo régio e as esferas armilares, símbolos utilizados na emblemática manuelina habitual.
A decoração escultórica de toda a torre utiliza o vocabulário formal do manuelino, conjugado com aspetos do renascimento italiano. São profusos os elementos naturalistas e heráldicos, os típicos cordoamentos e algumas notas bastante originais, como o rinoceronte esculpido numa das faces.
No interior do baluarte situam-se as casamatas, cobertas por robustas abóbadas de cruzamento de ogivas. Nas paredes rasgam-se estreitas aberturas destinadas às peças de artilharia. Ao centro existe um pequeno claustro e, por baixo da casamata, ficavam os paióis, em algumas épocas utilizados como masmorras. Nos ângulos do baluarte erguem-se seis elegantes guaritas, cobertas com cúpulas gomadas. As guaritas arrancam de mísulas decoradas com motivos naturalistas e numa delas encontra-se a representação do rinoceronte.
As fases exteriores da torre são soberbamente decoradas. Ao nível do primeiro andar da face sul descortina-se um balcão corrido, ou varandim, com arcaria de sete voltas e uma balaustrada rendilhada. Por cima, um enorme escudo real, ladeado por duas pequenas janelas de arcos torcidos e duas esferas armilares. Nas restantes paredes da torre, ao mesmo nível do varandim Sul, situam-se três balcões, com cruzes de Cristo nas balaustradas. Ao nível do último andar, uma varanda circunda a torre, ameada com escudos da Ordem de Cristo. Embutidas nos ângulos da parede Norte da torre encontram-se duas guaritas e, por cima destas, dois nichos com as imagens de S. Miguel e S. Vicente.
Finalmente, o terraço superior do monumento, tem outras quatro guaritas nos ângulos e merlões chanfrados a toda a volta, coroando a torre de menagem. Do cimo da torre avista-se um magnífico panorama sobre o rio e sobre toda a zona de Belém e seus monumentos.


Artigo relacionado: A Lisboa dos Descobrimentos (Roteiro 2) 


 

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