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Roteiros

Tomar, caminho dos Templários

Dos cavaleiros à arte, da religiosidade à música, da indústria à tradição, Tomar apresenta uma oportunidade única de viajar no tempo.

Em Tomar e nos seus arredores, a Ordem dos Templários possuía várias comendas, assim como o Infante D. Henrique detinha investimentos particulares relacionados com a sua Casa Senhorial, como por exemplo as Saboarias, de cujo fabrico e venda era o concessionário exclusivo.
Foi na época do Infante que Tomar atingiu o seu período áureo, quer a nível económico quer cultural, chegando ele próprio a intervir em obras no Convento e no traçado urbano.

Estátua do Infante Dom Henrique em Tomar

Nos séculos XV e XVI Tomar era o ponto de passagem obrigatório para quem ia para Lisboa, Santarém ou Coimbra ou mesmo para o Porto; daqui partia o nó por onde se alcançava Leiria. Estes caminhos eram abundantemente utilizados por almocreves e por isso encontravam-se espalhados pela vila muitos albergues e hospitais. Ainda no tempo do Infante chegou a ser criado o Hospital de Nossa Senhora da Graça, pela Confraria dos Almocreves.
Em seguida passamos a descrever três monumentos cuja visita aconselhamos. Após ter visitado o Convento de Cristo sugerimos que alargue o seu passeio ao Castelo, para, em seguida, descer à Praça do Município e apreciar a Igreja de S. João Baptista. Para finalizar este passeio não deixe de ir até à Rua Aquiles da Mota Lima para conhecer a emblemática Igreja de Santa Maria do Olival.

Pontos de Interesse

 
Castelo / Muralhas

O núcleo do castelo foi fundado no séc. XII por Gualdim Pais, depois de a cidade de Tomar ser escolhida para sede da Ordem do Templo.
Tinha inicialmente uma função defensiva face ás ameaças dos mouros, situando-se a Alcáçova no ponto mais alto da colina. Resistiu ao violento ataque de 1190.
Toda a extensão das muralhas pode ser percorrida a pé vislumbrando-se os mais bonitos panoramas sobre a cidade de Tomar.


Igreja de S. João Baptista
Situada na Praça do Município, a construção desta igreja já estava terminada em 1510. Ladeando a fachada, com o seu magnífico portal tardo-gótico pode ver-se uma torre do mesmo período.
Pode-se observar a influência das formas batalhinas na decoração das platibandas. No interior, de três naves, podem ver-se magníficos quadros de cerca de 1538-39, atribuídos a Gregório Lopes e um tríptico luso-flamengo do início de quinhentos, no Baptistério, atribuído a Eduardo o Português, discípulo do mestre flamengo Quintino de Metsys.


Igreja de Santa Maria do Olival
Construída por D. Gualdim Pais, foi o primeiro panteão da Ordem Templária, sendo um elemento de referência para a evolução da arquitetura gótica em Portugal. O seu construtor trabalhou provavelmente na construção do Mosteiro de Alcobaça.
Na fachada existem grandes aberturas por onde entra luz para o interior que é bastante iluminado. Pelo exterior também se pode adivinhar a estrutura da planta de três naves sendo a central muito mais elevada que as outras. A galeria lateral foi construída posteriormente ao resto do edifício. Dos três corpos da fachada ressalta o central pela sua enorme rosácea e pelo pórtico gótico, com arquivoltas semicirculares assentes em colunelos dotados de capitéis de feição naturalista.
No interior, com cobertura de madeira, nota-se a utilização de uma gramática estilística totalmente gótica, já sem vestígios de românico. A ligação dos arcos com os pilares, sem capitéis é perfeita. A cabeceira é constituída por uma capela-mor, sem transepto, cuja cobertura é abobadada.
Este edifício apresenta um grande despojamento, quer na sua conceção arquitetónica quer na sua decoração, que é próprio do início do gótico em Portugal, e cujas soluções foram depois divulgadas pelas Ordens Mendicantes.
Foi com o Infante D. Henrique que a povoação mais se desenvolveu. Foi a seu mando que se alargou a urbanização e o prolongamento do povoado para Norte da Corredoura. Sob sua orientação, o traçado urbanístico passou a seguir um modelo mais ou menos retilíneo a partir do rio, subindo a encosta em direção ao Castelo. Diz-se que Eugénio dos Santos e Manuel da Maia, quando foram encarregados de reconstruir Lisboa depois do terramoto de 1755, visitaram Tomar a fim de estudar o seu traçado.
Também a colónia judaica desempenhou um papel proeminente na vida económica da cidade. Foi-lhe atribuída a Rua da Judiaria para aí se instalar. Nesse local construíram os judeus a sinagoga, que ainda hoje pode ser visitada.
 
Sinagoga 
A sinagoga de Tomar é o melhor edifício do tipo existente em Portugal, sendo um exemplar completo para o estudo da presença judaica no território português e em particular na cidade de Tomar.
Fica situado na atual Rua Dr. Joaquim Jacinto, antiga Rua Nova, num nível inferior ao do pavimento da Rua. O seu espaço teve ao longo dos séculos variadas funções: cadeia, no séc. XVI, passando depois a armazém, até ser adquirido por um particular, Dr. Manuel Schawrtz e por ele doada ao Estado em 1939.
Alberga no seu interior o Museu Luso-Hebraico Abraham Zacuto. Este edifício revela a importância que os Judeus tiveram no desenvolvimento da cidade de Tomar nos sécs. XIV e XV.
A sua construção de planta quadrada com um abobadamento assente em quatro colunas demonstra pormenores orientalizantes. Nos seus cantos, embutidas na paredes, encontram-se oito bilhas de barro viradas ao contrário para efeitos acústicos.
Este templo continha também um anexo para o culto sabático feminino onde foi encontrada uma talha para a cerimónia de purificação, "mikveh".

Visita ao Centro Histórico 
Como lembrança dos tempos do Infante e da cidade da época dos Descobrimentos poderá visitar, junto ao rio, os Lagares del Rey, do séc. XV, que constituem um exemplar antigo do aproveitamento da força da água e onde ainda se encontram as armas de D. Manuel.
Na Rua Serpa Pinto, antiga Corredoura, realizavam-se os desfiles dos cavaleiros da Ordem e, ao fim desta Rua, poderá atravessar calmamente o rio Nabão sobre uma antiga ponte.
Na Rua dos Arcos encontram-se vários inseridos em casas, sendo que alguns são do antigo Paço dos Estaus. Nas imediações destas ruas podem também apreciar-se janelas quinhentistas.
Outro aspeto relevante nesta visita é sem dúvida a riqueza gastronómica que caracteriza Tomar, com destaque para a sua doçaria de origem conventual (devido à influência do Convento de Cristo). Fatias de Tomar ou da China, doce de gemas de ovo e de açúcar, pudim de queijo fresco, Rosas de Tomar e Castanhas Doces são algumas das principais atrações gastronómicas da cidade.
A proximidade com o rio fez com que se desenvolvessem também variadas formas de cozinhar peixes de rio, como o sável e a lampreia. A Lampreia de Cabidela, as Ovas de Sável, o Bacalhau à Flor do Nabão, as Couves à D. Prior, as Morcelas de Arroz e a Pá de Cabrito com Grelos são alguns dos pratos típicos.
 
Vista geral de Tomar, rio Nabão e ponte antiga
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