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Zona Histórica de Castelo Branco - uma viagem ao passado

Depois de uma passagem pelo Posto de Turismo, na avenida Nuno Álvares, a mais bonita avenida da cidade, o percurso de visita em Castelo Branco segue em direção ao castelo.

A muralha restaurada conserva um testemunho bélico de que a cidade foi alvo, possivelmente durante as invasões francesas.

Pelo caminho, atente-se à arquitetura de vários edifícios, na rua Sidónio Pais, no qual se destaca o Banco de Portugal, com uma linguagem eclética do princípio do século XX. Na rua do Pina pode-se observar o solar da família Tavares Pessoa Amorim (com brasão na porta de entrada) e um dos dois solares dos Barões de Castelo Novo, família de “maior nobreza” na cidade. A rua do Relógio adota o nome da torre que dá horas, construída na segunda metade do século XV. Esta rua vai dar à Praça Velha, que tomou o nome de Praça de Camões, nas comemorações em 1880. Nesta praça situam-se as antigas Câmara e Biblioteca Municipal, onde ainda permanecem as armas de D. Manuel, bem como uma lápide escrita em latim com um voto protetor de D. João IV pedido à Imaculada Conceição. Aqui também se encontra o antigo Arquivo Distrital, antigo Palácio Cunha e a antiga Casa do Bispo.

                                       

O percurso continua na Rua de Santa Maria, que foi até ao fim do século XVIII a principal artéria da cidade, onde se encontram alguns exemplares de arquitetura do século XVI, o Celeiro da Ordem de Cristo e algumas casas particulares.

Castelo Branco tem uma Zona Histórica repleta de belos portados quinhentistas e um tecido urbano que pouco se alterou - apesar dos episódios bélicos a que a cidade esteve sujeita -, permitindo, ainda hoje, uma leitura bastante clara. O estudo das casas de Castelo Branco mostrou modelos de habitação com caraterísticas existentes em parte da arquitetura doméstica do resto do País. Trata-se de uma arquitetura de parcos recursos que, em muitos casos, é dotada de decoração que se pode informalmente designar de “Manuelino pobre” ou “Manuelino popular”. 

A muralha conserva um testemunho bélico de que a cidade foi alvo, possivelmente durante as invasões francesas e que pode ser apreciado na praça Postiguinho Valadares.

A escassos metros deste lado encontra-se o Largo de São João. O cruzeiro Manuelino está classificado como Monumento Nacional. O Parque da Cidade oferece um conjunto de jogos de água que constituem um panorama de grande beleza.

Grande parte da muralha de Castelo Branco está recuperada e à vista. O trabalho de restauro dos antigos limites da cidade iniciou-se em 2008. Neste trabalho de restauro foi identificada uma bala de canhão cravada num dos panos exteriores da muralha. Trata-se de um dos testemunhos bélicos de que a muralha foi alvo, possivelmente de princípios do século XIX, aquando das Invasões Francesas.

Durante as escavações arqueológicas no castelo, foram identificadas cerca de 20 balas de canhão no adro da Igreja de Santa Maria do Castelo, possivelmente do mesmo período cronológico, uma vez que o exército francês esteve acampado no adro desta igreja.

A segunda cintura de muralhas foi mandada erguer por D. Afonso IV, durante o século XIV, e era constituída por oito portas, encimadas por um arco, arcos esses mandados destruir, como o confirmam as atas de Câmara, em 1834: “a fim de tornar as ruas, mais arejadas, e mais claras”.

Na praça Postiguinho Valadares, junto ao edifício da Portugal Telecom, conserva-se uma dessas portas de entrada, com os dois torreões. Na rua de Santa Maria, conserva-se também uma dessas portas, mas apenas com um dos torreões. As restantes portas foram demolidas, suspeita-se, no início do século XX.

A iluminação noturna atribui agora à muralha recuperada uma beleza ímpar. 

A luz projetada em alguns dos edifícios possibilita uma visita à noite.

A Igreja de São Miguel da Sé, o Convento de Santo António dos Capuchos, a Capela de Nossa Senhora da Piedade ou o Conservatório Regional são alguns desses locais.


in "Museus, espaços de memória"
revista integrante da edição do Jornal do Fundão do dia 6 de dezembro de 2012

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