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Cultura

IMPÉRIO PORTUGUÊS DUROU QUASE 600 ANOS PORQUE SEMPRE FOI CAPAZ DE SE REINVENTAR

Império português durou quase 600 anosporque sempre foi capaz de se reinventar


Ruínas da Igreja de São Paulo, em Macau

Desde um rei morto a combater além-mar até a corte a mudar-se para o Brasil, passando pela descoberta de meio mundo, 'História da Expansão e do Império Português' conta uma epopeia.

São 11 mil quilómetros a separar Ceuta de Macau, mas para a história portuguesa contam é os 584 anos que distam entre a conquista da praça em Marrocos e a devolução da cidade chinesa. Quase seis séculos de conquista, descoberta, comércio, evangelização e miscigenação são contados em História da Expansão e do Império Português. Mas o próprio livro explica que esta vocação marítima vem de muito antes do Infante D. Henrique, pois já em 1320 D. Dinis recebera do Papa uma bula de cruzada com vista a organizar uma armada de galés destinada a guerrear mouros em África.

Ora, se a própria geografia justifica o destino ultramarino de um Portugal entalado entre uma Castela que viria a transformar-se em Espanha e um Atlântico sem terras no horizonte por muitas e muitas milhas, já o sucesso da expansão de um povo com escassa gente, e logo por três continentes e tantos séculos, desafia todas as ideias feitas.

Quase que se pode falar de um improviso permanente, tão próprio dos portugueses, que se terá potenciado além-mar. "Houve, de facto, uma grande capacidade de adaptação, por duas razões principais: 1) os portugueses foram os primeiros a criar um império marítimo de dimensão plurioceânica, o que foi resultando da evolução das primeiras navegações, sem que houvesse exemplos a seguir. A capacidade de negociar com povos de culturas e tecnologias diferentes foi essencial para a propagação do Império e demonstra a capacidade de adaptação de agentes da coroa e de particulares aos diferentes cenários em que atuaram; 2) estamos a falar de um império que durou mais de 500 anos, o que exigiu um permanente ajustamento aos ventos da História. Apesar da sua pequenez e das suas óbvias limitações, Portugal foi capaz de manter vastas áreas ultramarinas sob o seu domínio mesmo em concorrência com as grandes potências europeias, o que decorreu da capacidade de compensar perdas com novos ganhos. À escala global, pluricontinental, o Império funcionou quase como entidade própria capaz de se regenerar e adaptar, independentemente da política delineada por Lisboa. Esta é, em meu entender, a característica mais fascinante do Império Português", explica ao DN João Paulo Oliveira e Costa, catedrático de História na Universidade Nova de Lisboa e coordenador do livro. Como coautores surgem os historiadores José Damião Rodrigues (da Universidade de Lisboa) e Pedro Aires Oliveira (da Nova).

por Leonídio Paulo Ferreira, in Diário de Notícias | 5 de janeiro de 2015


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