Cultura
GRUTAS DE ALTAMIRA VÃO VOLTAR A RECEBER VISITAS
Grutas de Altamira vão voltar a receber visitas
As pinturas rupestres de Altamira foram classificadas Património da Humanidade em 1985 DR
Mais de uma década depois do encerramento aos olhares do público, decidido em 2002 por razões de conservação, as Grutas de Altamira, em Espanha, vão voltar a poder ser visitadas, mas em regime experimental.
A decisão foi anunciada, na passada sexta-feira, pela administração deste bem classificado Património Mundial da Humanidade (1985), e que conserva um dos mais importantes acervos de pinturas rupestres da Pré-História. Mas a reabertura vai ter um caráter experimental, e vai ser condicionada por rigorosas medidas de segurança. O objetivo é avaliar o impacto da presença humana na integridade das pinturas que remontam ao Paleolítico Superior.
A partir do próximo mês de fevereiro e, em princípio, até agosto, o Museu Nacional e Centro de Investigação de Altamira vai organizar um ciclo de visitas, abertas a cinco pessoas (mais um guia) de cada vez, uma vez por semana.
Ao todo, serão 192 os contemplados com esta oportunidade rara de admirar ao vivo este património, que continua a ser a principal atração turística de Santillana del Mar, na Cantábria – mesmo se os visitantes têm atualmente apenas ao seu dispor uma réplica do conjunto rupestre na chamada Caverna Nova de Altamira.
“O que agora decidimos fazer é apenas uma experiência, que é uma parte do programa de conservação”, disse ao jornal El País José Antonio Lasheras, diretor do Museu Nacional e Centro de Investigação de Altamira. E explicou que a administração da instituição decidiu alargar aos visitantes anónimos aquilo que, em princípio, iria ser realizado apenas com funcionários do centro. “Pareceu-nos que aquilo que poderíamos fazer com pessoas do museu, poderia também ser feito com a colaboração de pessoas de fora”, disse Lasheras.
A escolha dos felizes contemplados será feita de forma aleatória. E as visitas, que não poderão durar muito mais que meia hora, serão sujeitas a um rigoroso protocolo: os visitantes serão obrigados a usar um impermeável, gorro, luvas, máscara e calçado, tudo disponibilizado pelo museu. No final, em simultâneo com um registo documental dos serviços do museu, os serão também convidados a preencher um formulário.
O objetivo do museu é medir o impacto das visitas e da presença humana na temperatura do ar e da rocha, a humidade, a contaminação microbiológica e os níveis de CO2, entre outros indicadores.
No final deste ciclo experimental de visitas, os responsáveis avaliarão o que fazer a seguir. E como resolver o conflito entre quem, como o Conselho Superior de Investigação Científica, desaconselha fortemente a reabertura das grutas ao público, e os responsáveis políticos e do turismo da Cantábria, que vêm defendendo que as Grutas de Altamira são um ativo turístico, cultural e económico que a região não pode desperdiçar mantendo-as fechadas a visitas.
in jornal Público | 20 de janeiro de 2014
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no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Público