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AS CANÇÕES QUE NÃO MORRERAM

As canções que não morreram

20 temas gravados por Frank Sinatra e Tom Jobim estão reunidos pela primeira vez no mesmo disco.

"Matem o disco!" Palavras de Frank Sinatra em 1969 quando tudo estava preparado para ser editado o segundo LP de colaborações com António Carlos Jobim, depois do sucesso do primeiro volume, em 1967. Na altura o cantor sentia-se descontente com três das dez canções gravadas com o compositor brasileiro e o projecto acabou por nunca ver a luz do dia como inicialmente pensado. Agora estão reunidos pela primeira vez no mesmo disco os 20 temas gravados entre 1967 e 1969 por estes dois vultos da música popular.

Foi em 1960 que Frank Sinatra fundou a sua própria editora, a Reprise Records, com o objectivo de poder ter mais liberdade criativa nos seus discos. Sete anos depois junta-se a Tom Jobim para a primeira sessão de gravações conjunta. Sinatra "forneceu" o produtor, Sonny Burke, a orquestra, dirigida por Claus Ogerman, e a editora. Já o compositor brasileiro levou para os EUA um baterista que, a par de João Gilberto, é considerado um dos nomes fundamentais para a criação da bossa nova, Dom Um Romão.

Durante três noites nos estúdios Western Recorders, em Hollywood, Sinatra desafiou-se a cantar num registo bem diferente do que até então estava habituado, deixando-se levar pela suavidade característica da bossa nova de Tom Jobim. Garota de Ipanema, Corcovado ou Insensatez são alguns dos temas presentes no álbum de 1967, além de standards como I Concentrate on You, de Cole Porter, ou Change Partners, de Irving Berlin. O disco que resultou dessas gravações foi um sucesso de vendas, tendo-se mantido 28 semanas no top da Billboard.

Dois anos depois estes dois vultos voltam a reunir-se nos mesmos estúdios para a gravação de um novo álbum em parceria. Durante este período Frank Sinatra gravou mais quatro discos, um deles com Duke Ellington. Mas nesta segunda sessão houve algumas mudanças. O maestro Claus Orgerman foi substituído pelo jovem brasileiro, na altura com 26 anos, Eumir Deodato, que trouxe consigo uma maior sensibilidade rítmica.

Mais nove horas de gravações em três noites. Chegadas ao fim e depois de ouvirem o disco como estava previsto, Frank Sinatra diz: "Meus senhores, temos álbum." No entanto o cantor não revelou que se sentia muito descontente com três canções específicas: The Song of Sabiá, Desafinado e Bonita. Entretanto o disco vai sendo finalizado, é feita a capa, e quando já estava a seguir para a fábrica Sinatra faz a célebre chamada para a sua editora que dita a morte do álbum.

Dois anos depois autoriza a que sete temas dessas gravações fossem lançados no álbum Sinatra & Company (1971). No entanto foi preciso esperar 24 anos até serem editadas as três canções "malditas", na colectânea Complete Reprise Studio Recordings (1995), um ano depois da morte de António Carlos Jobim e três anos antes do desaparecimento de Sinatra. Agora, esta lendária parceria pode finalmente ser ouvida na sua plenitude.

Texto: João Moço
in Diário de Notícias | 16 de Agosto de 2010


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