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ORATÓRIO NAMBAN

Móvel litúrgico namban que conserva no seu interior a pintura original. Construído em madeira com aplicações de laca (urushi) e incrustações de madrepérola (raden); numa estrutura muito simples, apresenta duas portas de batentes que protegem a imagem central.

Uma Peça do Museu do Oriente

Oratório namban
Japão, período Momoyama/Edo (final do século XVI/início do século XVII)
Madeira lacada (urushi), laca dourada, madrepérola e cobre dourado (ferragens); pigmentos sobre madeira (pintura)
A. 37,5 x L. 29,2 x Prof. 5,1 cm
Aquisição (Jorge Welsh)
Inv.º FO/0636

Móvel litúrgico namban que conserva no seu interior a pintura original. Construído em madeira com aplicações de laca (urushi) e incrustações de madrepérola (raden); numa estrutura muito simples, apresenta duas portas de batentes que protegem a imagem central. As portas têm as duas faces decoradas a laca dourada (maki-e) reproduzindo motivos vegetalistas (cameleiras japonesas, paulónias, tangerineiras e cerejeiras) e zoomórficos (aves).

A pintura a óleo sobre madeira representa um São José com o Menino ao colo. Se é certo que o oratório constitui em si mesmo, pela conjugação da forma de origem europeia com as técnicas e os motivos decorativos japoneses, um notável exemplar de sincretismo artístico e cultural, é nesta tábua que encontramos a razão da mais valia deste face a outros exemplares nesta relevante tipologia. Retratando um tema pouco comum na pintura portuguesa, reporta-nos para as escolas pictóricas de influência espanhola, para a produção artística filipina e do Novo Mundo. Muito próximo das composições de origem peruana (provavelmente cuzquenha) esta pintura transporta-nos para o mundo da rota de Manila, em constante contacto com Goa-Macau-Nagasáqui, triângulo artístico onde o fabrico do móvel indicia a produção em série. Esta tábua poder-se-á inscrever na escola e oficinas resultantes do ensino ministrado no seminário de pintura de Nagasáqui patrocinado pela Companhia de Jesus, onde se ensinava o ofício e se transmitiam os modelos de pintura “à europeia”. Só uma análise dos materiais poderá esclarecer se a tábua foi pintada na América espanhola e acrescentada ao móvel importado do Japão ou Filipinas (com algum desfasamento temporal) ou se foi pintada na Ásia seguindo os modelos então tão apreciados no vice-reinado peruano.

Carla Alferes Pinto



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