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Uma Peça | Um Museu

Travessa

Travessa oval, oblonga, com aba côncava e oblíqua, moldada e bordo recortado e ondulado. Na base, apresenta quatro pontos de suporte usados na cozedura da peça.

Uma peça do Museu do Oriente.

Travessa
China, Dinastia Qing, Período Qianlong (1736-1795), c. 1775
Porcelana decorada com esmaltes da “família rosa”, tinta-da-china grisaille e ouro
4,7 cm Alt. x 35,8 cm Comp. x 25,8 cm Larg.
Aquisição a Ângelo Caldas, 1993
FO/0404

Segundo a tradição, a encomenda do serviço do qual fez parte esta travessa, terá sido efetuada pelo Marquês de Marialva D. Pedro José de Menezes, com o propósito de ser utilizado nos banquetes de inauguração da estátua equestre com a representação do Rei D. José I, no dia 6 de junho de 1775 (data do 61º aniversário do monarca), e que se encontra localizada no Terreiro do Paço em Lisboa.

A estátua equestre em questão é a mais antiga estátua pública existente em Portugal, com c. de 14 metros de altura, realizada com base num desenho da autoria de Eugénio dos Santos, escultura de Joaquim Machado de Castro e fundição do Tenente Coronel de Artilharia António Bartolomeu dos Santos.

Homenagem do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, ao Rei D. José I (que reinou entre 1750 e 1777), este estátua reveste-se de uma grande carga simbólica, não apenas por se tratar do elemento chave da nova praça glorificadora do soberano, mas também porque a reconstrução da cidade de Lisboa no pós-terramoto de 1755, foi considerada um modelo de planeamento urbano do Iluminismo. Pela primeira vez no mundo moderno, foi feita a reconstrução de uma cidade, com base num modelo de traçado ortogonal.

Segundo a tradição, as festividades da inauguração que se prolongaram por três dias, foram presididas pelo Marquês de Pombal. A família real e a corte terão assistido às festividades, a partir do torreão da Alfândega do lado oriental. Após o início dos banquetes, pelo Senado Camarário e pela Casa dos Vinte e Quatro, a família real ter-se-á deslocado para a Ajuda, onde na Real Barraca assistiu à peça Demofonte.

Esta encomenda insere-se num conjunto de encomendas de porcelana chinesa entre o final do séc. XVII e o início do séc. XIX, fabricada para o mercado ocidental, feitas não apenas por reis e membros de casas reais portuguesas e europeias, mas também, e sobretudo, por famílias nobres e pelo Clero.

Joana Belard da Fonseca

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