Uma Peça | Um Museu
Retrato da família do 1º Visconde de Santarém
Neste retrato coletivo, testemunho privilegiado de um contexto histórico atribulado, vivido num clima nacional e internacional de profundas mutações, condensa Domingos Sequeira a visão de uma família da aristocracia do início do século XIX.
Uma peça do Museu Nacional de Arte Antiga
Domingos António de Sequeira (1768-1837)
1810 - 1816
Óleo sobre tela
Oferta do 3º Visconde de Santarém,
Manuel Francisco de Barros Saldanha, 1911
MNAA, invº 1223 Pint
Ao contrário do que é comum no resto da Europa nas primeiras décadas do século XIX, são pouco frequentes na pintura portuguesa as representações de grandes grupos familiares.
Num vasto e moderno salão encontramos representados, o 1º Visconde, João Diogo de Barros Leitão Carvalhosa, sua mulher e cinco filhos, além do irmão mais novo do visconde, um prelado.
Mas também alguns outros familiares se encontram representados – e, portanto presentes - na pintura sobre a lareira. Em cima da mesa, vemos a maquete de uma estátua do Príncipe Regente D. João (futuro D. João VI), ao serviço de quem o Visconde trabalhava. Entre diversos outros cargos na Corte, exercia funções como Inspector dos Paços e Quintas Reais. Pelos muitos serviços prestados foi-lhe conferido em 1811 o título nobiliárquico. A representação fala-nos sobre a destacada posição social a que as circunstâncias da ausência da família real no Brasil haviam guindado o visconde e sua família. Nesse sentido, diversos detalhes presentes nesta grande tela, e que poderão escapar aos visitantes em geral, ganham significados que pedem a nossa atenção.
Tanto o tratamento compositivo como a sensibilidade revelada na abordagem das figuras fazem deste retrato de família uma peça de referência no panorama da pintura portuguesa de oitocentos. Esta pintura destaca-se, assim, não só como testemunho de um período estético, mas também como um documento histórico e sociológico da maior relevância.