Música
Mariano Marovatto termina digressão na Fundação Saramago
Depois de lançar em fevereiro de 2017, Selvagem, seu primeiro álbum lançado em solo português, extraordinariamente muito bem recebido pela crítica, o luso-brasileiro radicado em Lisboa, termina sua digressão no dia 15 de novembro.

15 Nov 2017 | 18h30
Juntando sua dupla identidade de escritor e músico, Mariano Marovatto foi convidado pela Fundação para apresentar "Com o Mar por Meio - Uma amizade em cartas", livro de correspondência entre José Saramago e Jorge Amado. Marovatto além de cantar canções que eram de predileção desses que foram os dois maiores vultos da prosa em língua portuguesa do século XX (que curiosamente já faziam parte do repertório do concerto de Selvagem), lerá em companhia do ator português Marcelo Urgeghe algumas das cartas publicadas no livro editado pela também luso-brasileira Companhia das Letras.
Sobre o artista
O luso-brasileiro Mariano Marovattonasceu no dia primeiro de abril de 1982, no Rio de Janeiro e desde 2016 vive em Lisboa. Escritor, cantor e compositor, Marovatto vem despontando como uma das figuras chaves de sua geração no Brasil, tanto na literatura quanto na música. Desde a década passada vem gravando alguns discos importantes da cena brasileira como Aquele amor nem me fale (Bolacha, 2010) e Praia (Maravilha 8, 2013). Parceiro musical de Romulo Fróes (um dos compositores responsáveis pelo renascimento de Elza Soares em Mulher do Fim do Mundo), Jonas Sá, Bruno Medina (ex-Los Hermanos), Domenico Lancelotti, entre outros, o Mariano literário não fica atrás: escreveu oito livros, em sua maioria de poemas, o último Vinte e cinco poemas foi escrito em parceria com Francisco Alvim, poeta expoente da contracultura poética brasileira. (Luna Parque, 2015). Também digno de nota é o livro As Quatro Estações (Cobogó, 2015), um ensaio de Mariano sobre o clássico álbum dos Legião Urbana que tornou-se o best-seller da coleção O Livro do Disco da editora Cobogó. Marovatto está presente nas principais antologias da recente poesia brasileira. Em 2015, foi convidado da FLIP, onde apresentou-se ao lado da poeta e amiga portuguesa Matilde Campilho. Para além da música e da literatura, Mariano atua também como pesquisador e arquivista literário, e foi responsável, entre outros trabalhos, pela organização do acervo do escritor e compositor Cacaso e pela pesquisa de inéditos e estabelecimento de texto do volume Poética de Ana Cristina Cesar. Atualmente está a organizar e editar a primeira tradução de Silence, incontornável livro de John Cage, para o português, a ser publicado em 2017 pela editora Cobogó. Doutor em literatura brasileira pela PUC-Rio, Marovatto foi também apresentador e roteirista do programa musical Segue o som na TV Brasil entre 2009 e 2016. Para acomodar toda esta caudalosa produção, Mariano criou seu sítio na internet que mantém sempre atualizado.
Sobre o álbum
Selvagem é o terceiro álbum de canções de Mariano Marovatto, porém nenhuma das canções é sua e sequer possuem uma autoria definida. O repertório em questão foi montado exclusivamente por temas folclóricos brasileiros e portugueses que foram deixados de lado pela linha evolutiva e pela memória musical do grande público nos dois países. As faixas foram escolhidas após extensa pesquisa, etnológica e pessoal, de Mariano pelas recolhas feitas por Michel Giacometti, Fernando Lopes-Graça, Tiago de Oliveira Pinto e Max Peter Baumann, em Portugal, e pela Missão de Pesquisas Folclóricas, de 1938, capitaneadas por Mário de Andrade, então secretário de cultura do governo de São Paulo, pelo nordeste brasileiro.
Selvagem não se trata apenas de um resgate histórico, mas sim de uma atualização “rebelde”, como quer o cantor, levando em consideração a sonoridade e os outros dois participantes do álbum: Pedro Sá, parceiro de Marovatto, um dos guitarristas mais aclamados do Brasil, colaborador assíduo desde os anos 90 de Caetano Veloso, principal responsável pela trilogia Cê, Zii e Zie e Abraçaço – e, diretamente de Tóquio, a artista vocal Ami Yamasaki, uma das principais expoentes da vanguarda sonora do Japão na atualidade.
O disco foi lançado no Brasil em julho pela editora Embolacha, com boa e cuidadosa repercussão da imprensa de lá e, naturalmente, ganhou por força própria ouvintes e resenhas mundo afora. Ao longo do processo de gravação do disco, Mariano manteve um diário elucidativo sobre o conceito de Selvagem no sítio. As frequentes resenhas e aparições de Selvagem pelas rádios e blogs mundo afora são frequentemente atualizadas aqui.
Agora, baseado em Lisboa, exercendo sua cidadania portuguesa, Mariano Marovatto lançará o Selvagem ao dia 03 de fevereiro em Portugal.
Excertos da imprensa sobre o Selvagem
“A partir de uma pesquisa que foge da ideia de resgate, Marovatto ataca a essência de canções que tocam na alma da formação do Brasil: de cânticos de cangaceiros de Lampião à filosofia lusa.” (Leonardo Lichote, O Globo – Rio de Janeiro)
“Trabalho ao mesmo tempo ousado, original e delicado, Selvagem toca a gênese da nossa língua e produz aquelas sensações misteriosas e agradáveis do encontro com a ancestralidade.” (Teca Lima, Cultura Brasil – São Paulo)
““Estranho”, “insólito”, “diferente”, “singular”, procuro adjetivos para dar uma ideia de Selvagem, terceiro disco de Mariano Marovatto, e nenhum desses me satisfaz, pois não resumem verdadeiramente a integridade do trabalho.” (Juarez Fonseca, Zero Hora – Porto Alegre)
“Ele começou com toques indie e pop, na estreia, e dá sinais de que ampliaria os horizontes em Praia, encetando parceria com o português Tomás Cunha Ferreira, e gravando uma versão de “Pavane” (Fauré, 1887). Não daria para supor que chegasse a um disco tão radical em seu despojamento feito Selvagem.” (José Telles, Jornal do Commercio – Recife)
“Mariano Marovatto vale-se de Mário de Andrade, Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça para referendar suas descobertas. Selvagem tem conceitos que margeiam a visão turva da mediocridade. Sua beleza consiste em nos convidar para uma nova gama de percepções.” (Adalto Alves, Ludovica – Goiânia)
“[Selvagem] arriva diretti anche a qualche sperimentazione per niente scontata, che proietta l’album in una contemporaneità ineluttabile e aderisce comodamente agli spunti che, in modo diverso, emergono dai brani tradizionali.” (Daniele Castellini, Blogfook – Itália)
“Die acht Miniaturen, die der brasilianische Dichter und Sänger Mariano Marovatto zusammengetragen hat und die gemeinsam mit dem Gitarristen Pedro Sá eingespielt wurden, verströmen die Stille und den schweren Atem des Hinterlandes mit seinen ausgetrockneten Böden und misstrauischen Viehhirten. Karg, minimalistisch und urtümlich stark sind die Lieder arrangiert.” (Martin Steiner, Folker – Alemanha)