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"Roque Gameiro: Uma Família de Artistas"

A exposição apresentada pela Fundação D. Luís I foca principalmente as duas primeiras gerações da família e expõe pinturas e peças artísticas relacionadas com temas como retratos de família, a orla costeira e o mar, desenhos e pinturas de interiores e exteriores.

Alfredo Roque Gameiro - Almoçageme, sem data | Aguarela sobre papel, 180x220mm Alfredo Roque Gameiro - Torre de Belém, sem data | Aguarela sobre papel, 390x470mm

13 Jan a 22 Mar 2017

Centro Cultural de Cascais
Avenida Rei Humberto II de Itália | 2750-800 Cascais

 

Alfredo Roque Gameiro, um dos principais aguarelistas portugueses, foi também o «patriarca» de uma extensa família de artistas plásticos.
A exposição apresentada pela Fundação D. Luís no Centro Cultural de Cascais propõe uma introdução à denominada tribo dos pincéis, focando-se principalmente nas duas primeiras gerações: Alfredo Roque Gameiro, os cinco filhos e dois genros casados com as filhas mais novas.

A exposição desenvolve-se em quatro temas diferentes: "Retratos de família" reflete o caráter de uma família onde o desenho e a pintura eram tão naturais como comer e conversar. Neste tema incluem-se cerca de 30 retratos, auto-retratos e esboços que documentam a vida diária na casa Roque Gameiro.

Os dois temas seguintes correspondem à técnica de pintura que esteve na origem da obra coletiva dos Roque Gameiro: a aguarela. "O mar e a costa" trata da temática que melhor identifica o estilo de Alfredo Roque Gameiro. "Cenas de interiores e exteriores", por seu turno, oferece uma excelente oportunidade para contrastar os diferentes estilos e abordagens de artistas que partilharam a mesma técnica.

A arte do "clã" Roque Gameiro estende-se, no entanto, muito além da aquarela. O quarto tema da exposição ilustra o trabalho artístico dos filhos de Roque Gameiro: pintura a óleo e têmpera, pequenas ilustrações e grandes painéis, escultura e cinema — estas são algumas das muitas áreas de exploração artística exibidas.

Alfredo Roque Gameiro

Alfredo Roque Gameiro (1864-1935) estudou artes gráficas em Leipzig.
Foi professor e ilustrador, mas é sobretudo conhecido como um dos principais aguarelistas portugueses. Os seus trabalhos podem ser encontradas em vários museus e coleções particulares. Ganhou vários prémios, incluindo uma menção honrosa no Salão de Paris. Roque Gameiro dedicou parte da sua vida a pintar paisagens urbanas e rurais.
Como tal, as suas pinturas fornecem um registo valioso da arquitetura, costumes e trajes portugueses. No entanto, se tivéssemos de escolher, o tema mais característico da sua obra seria o mar e a costa. O estilo de Gameiro é difícil de descrever. Jaime Martins Barata resumiu essa característica ao dizer que as suas paisagens, os seus retratos e especialmente as suas marinhas nunca são transposições rigorosas da realidade, refletindo uma visão panteísta e franciscana, sem filosofias ou escolas.

Raquel Roque Gameiro

A filha mais velha de Alfredo Roque Gameiro, Raquel Roque Gameiro (1889-1970), distinguiu-se como aguarelista e ilustradora. O seu trabalho foi exibido pela primeira vez na Sociedade de Belas Artes de Lisboa, em 1909. Recebeu inúmeros prémios, incluindo a Medalha de Honra da Sociedade de Belas Artes. Em 1923 participou na exposição de aguarelistas portugueses em em Madrid. Não obstante o seu notável trabalho como aguarelista, Raquel é mais conhecida como ilustradora prolífica, incluindo numerosos livros (por exemplo «O Livro do Bebé»). Colaborou também em diversos jornais e revistas (por exemplo, Diário de Notícias, O Século, O Comércio do Porto).

Manuel Roque Gameiro

O segundo filho mais velho de Alfredo Roque Gameiro, Manuel Roque Gameiro (1892-1944), distinguiu-se na pintura em aguarela. Geralmente assinava Migança (nome do avô paterno). O trabalho de Manuel foi distinguido pela Sociedade Nacional de Belas Artes e incluído em várias exposições. Também colaborou como caricaturista em vários jornais de humor.

Helena Roque Gameiro

O terceiro filho de Alfredo Roque Gameiro, Helena Roque Gameiro (1895-1986), tinha apenas 15 anos quando expôs pela primeira vez. De todos os irmãos Roque Gameiro, a obra de Helena é a mais próxima da do pai. Pintou aguarelas toda a vida, e no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 1920, expôs lado-a-lado com Alfredo Roque Gameiro. Paisagens rurais e flores do jardim eram dois dos seus principais temas. Aos 14 anos Helena dava aulas na estúdio do pai. Mais tarde ensinou, durante anos, na escola António Arroio. Durante a década de 1940 dividiu com a irmã mais nova, Màmía, a direção artística da revista Eva.

Màmía Roque Gameiro

Maria Emília (Màmía) Roque Gameiro (1901-1996) foi o quarto filho de Alfredo e a filha mais nova. Influenciada pelo pai, para quem já existiam na familia bastantes pintores de aguarelas, Màmía estudou pintura a óleo com Mily Possoz. Em 1923 realizou a primeira exposição individual na Sociedade de Belas Artes de Lisboa. Também foi professora de artes e ilustradora, tendo contribuído para livros e revistas infantis. Durante a década de 1940 dividiu com a irmã mais velha, Helena, a direção artística da revista Eva.

Ruy Roque Gameiro

O filho mais novo de Alfredo Roque Gameiro, Ruy Roque Gameiro (1906-1935), estudou escultura na Escola de Belas Artes de Lisboa. Os seus trabalhos foram exibidos pela primeira vez, em 1929, na Sociedade Nacional de Belas Artes. Recebeu vários prémios em concursos de escultura. A sua promissora carreira artística foi interrompida por um trágico acidente de viação.

José Leitão Barros

Casado com Helena Roque Gameiro, José Leitão de Barros (1896-1967) foi um homem de múltiplos talentos. Ao completar os estudos na Universidade de Lisboa, tornou-se professor do ensino médio. Os seus variados interesses, levaram-no a trabalhar como realizador de cinema, dramaturgo, cenógrafo, jornalista e pintor. Muitas das suas pinturas podem ser encontrados em museus de Portugal e Espanha. Na década de 1930 considerava-se um "pintor morto" e dedicava-se principalmente ao cinema. O filme de 1942, Ala-Arriba!, foi distinguido no Festival de Veneza. Em 1934 e 1935 organizou os primeiros concursos históricos durante as festas de Lisboa. Foi secretário-geral da Exposição do Mundo Português (1940).

Jaime Martins Barata

Casado com Màmía Roque Gameiro, Jaime Martins Barata (1899-1970) foi, com o colega e amigo José Leitão de Barros, um homem de muitos talentos. Ao completar os estudos na Universidade de Lisboa, tornou-se professor. Ávido pintor de aguarelas desde a adolescência, complementou a atividade de ensino com uma variedade de trabalhos como ilustrador. Uma série de encomendas levou-o a uma carreira totalmente dedicada à pintura, tanto em grande escala (frescos localizados em Portugal) como em pequena escala (vários selos postais, moedas e notas, muitos dos quais se mantiveram em circulação durante décadas). Além da pintura, os interesses de Martins Barata incluíam fotografia, arqueologia naval e vários inventos.

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