"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Teatro

Nós somos as netas de todas as bruxas que vocês não conseguiram queimar

A multidão reúne-se para o evento habitual. A figura é arrastada e a massa, em êxtase, vocifera injúrias, arremessa objetos e, em catarse, expurga a sua ira. O carrasco cumpre a sua função, o corpo incendeia-se, afoga-se, enforca-se, envenena-se e a plateia está em ovação. A última mulher a ser sentenciada por bruxaria na Europa morreu em 1782, na Suíça.

7 Nov 2024  |  21h30

Antiga fábrica têxtil da Bellino & Bellino
Gouveia
Quarenta a cinquenta mil mulheres foram mortas durante o período da caça às bruxas. As mais fustigadas eram, por um lado, idosas ou viúvas que, sem recursos, recorriam à mendicidade, e, por outro, mulheres que tinham conhecimentos audazes para a condição feminina, como ervas contracetivas e abortivas, bem como camponesas que lutavam pelo direito à sua terra.

Estas mulheres, que diferiam do padrão de feminilidade vigente, eram uma ameaça ao poder e tinham de ser aniquiladas.

Recorrendo ao arquivo vivo dos vários corpos femininos e à implicação dos mesmos na sociedade atual, num olhar comparativo com o maior femicídio da História Ocidental - a caça às bruxas - aproveitamos para mover placas tectónicas significacionais: O que é ser bruxa? O que é ser mulher? Ao mesmo tempo refletiremos sobre o significado que o conceito bruxa ganhou a partir das lutas feministas dos anos sessenta e do seu reflorescimento atual. Partindo dos registos históricos investigaremos a identidade das vítimas da caça às bruxas em Portugal para, através do seu reconhecimento, reivindicar o seu lugar na História.

10.ª criação da estrutura artística Bestiário e apresenta-se em Gouveia, a 7 de novembro, na antiga fábrica têxtil da ex-Bellino & Bellino.
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