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Exposições

Helena Lapas - Obra Têxtil 1967-2023

Esta exposição no Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino, apresenta um conjunto de tapeçarias de Helena Lapas desde 1967 até 2023.

15 Jul a 31 Out 2023

Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino
Rua da Figueira, n.º 9 7300-139 Portalegre
Preço
Entrada livre
Inaugurou no passado dia 15 de julho 2023 a exposição Helena lapas - Obra Têxtil 1967-2023 no Museu Tapeçaria de Portalegre Guy Fino com curadoria de Ana Maria Gonçalves.

Esta exposição, patente na Galeria de Exposições Temporárias do museu até 31 de outubro, surge na continuação de “Arte no Feminino – Tecer e Conceber, Conceber e Tecer” e oferece aos visitantes uma retrospetiva sobre o trabalho da artista ao longo de mais de 50 anos, com tapeçarias e obras várias em arte têxtil.

Ao abrir as portas do MTP – Guy Fino a demonstrações artísticas de referência, Portalegre está a dar passos concretos na sua afirmação como epicentro da tapeçaria decorativa, da cultura têxtil e da arte contemporânea.

Helena Lapas (1940), nasceu em Lisboa onde vive e trabalha. Na Escola de Artes Decorativas António Arroio, concluiu o Curso de Formação de Cerâmica Decorativa (1963). Ciclo de estudos em que teve, entre outros professores Maria Flávia de Monsaraz (1935-2019) e Querubim Lapa (1925-2016). O Mestre, carinhosamente, chamava-a de Lapas. Ainda na década em que de Portalegre saíram as primeiras tapeçarias, pintou costureiras (1949) e a sua futura aluna, com 7/8 anos fazia bordados em miniatura. Helena que, desde criança bordava, durante a adolescência, por um mês, numas férias de verão foi para junto de uma bordadora e aprendeu a bordar com linha filosel.

Maria Flávia, uns anos mais tarde, convidava a sua aluna a participar na ARA – Cooperativa Portuguesa de Tapeçaria (1975-1977). Se Maria Flávia foi pioneira na introdução da Nova Tapeçaria em Portugal e, no associativismo artístico no feminino, Helena Lapas também o foi. A Nouvelle Tapisserie saia de ateliês de artistas e mostrava-se na Bienal Internacional de Tapeçaria (1962-1995), em Lausanne, na Suíça. Helena em 1968, não apresentava nem a Semente (1967) nem a Planta no Parque (1968) em Lausanne mas em Lisboa, na Galeria Diário de Noticias. A sua primeira exposição individual, ainda frequentava na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (ESBAL) o Curso Geral de Pintura (1963-1969). Agora, estas obras integram um núcleo que poderíamos chamar de dicionário de pontos bordados com fios de lã e seda. Deste dicionário fazem parte outras três obras, duas expostas pela primeira vez. De 1974 Sem Título e One Step Beyond (1969-1974) cuja monumental dimensão, até chegar ao MTPGF, a foi impedindo de ser mostrada. Mais um privilégio de (ou) em Portalegre.

Helena diz que frequentar a ESBAL a divertiu muito e que tudo era feito com grande entusiamo e alegria. Foi a primeira aluna a apresentar como tese de licenciatura uma tapeçaria. A posição do Professor Lagoa Henriques (1923-2009) (Desenho de Escultura) foi determinante para que a escola aceitasse este Projeto-Tese. Tese que representa um tempo de viragem e de abertura de caminhos para os alunos que se seguiram.

Diplomada que, pouco depois (1971), obteve do British Council uma bolsa para estudar restauro de tapeçaria em Londres no Victoria and Albert Museum, bolsa que declinou porque privilegiou a sua nova carreira de artista plástico. Para realizar em Portugal uma pesquisa sobre patchwork, foi-lhe atribuída outra bolsa pela Fundação Calouste Gulbenkian (1976-977). Por essa época, com a sua colega e amiga Fátima Vaz (1946-1992), Helena fazia colchas em patchwork, respondendo a encomendas de uma importante loja de decoração (Altamira).

De volta à exposição em Portalegre, ao segundo e terceiro núcleos onde as obras aparecem como que em diálogo ou em contraponto, as de maior dimensão, começam, cronologicamente, com Asa (1984). Obras que deixaram o suporte em juta, passando este novo suporte ou base a ser mais do que ele próprio. Obras não tecidas e usando muitos tecidos, não só bordadas porque se sobrepõem tecidos sobre tecidos, a autora chama à sua técnica de mista – bordado e appliqué. Os fundos, quase sempre de tecidos de algodão e seda indianos, escolhidos pela qualidade e não pelo país ou continente. Alguns são tintos pela artista. Tintos e realçados com pontos. Sempre que há uma mancha é intencional e depois, têm pontos para dar realce às diferentes tonalidades do fundo. Há tecidos da Ásia (Indonésia e/ou Afeganistão), também os africanos que, desde 1993, iam chegando do Mercado de Sucupira (Cidade da Praia em Cabo Verde). Desse ano, Amostras de Pele de Cobra e um ano depois, Cobra Enrolada (1994). “Ando há muitos anos há volta do estudo da impressão de pele de animais, de cobras…”

Amostras de Pele de Cobra, em 1998, viajou para a Macau, bem como Porta (1994) que a convite do Grupo 3.4.5. (1978-2002) (dinamizado por Gisella Santi, 1922-2006) integraram a Exposição de Tapeçaria Contemporânea Portuguesa. Ainda nesta década, Helena participou no II e IV Simpósios de Tapeçaria Contemporânea, em Loures, com Pedra (1991) e Sem Título (1998).

Acontecimentos que contaram com a colaboração da então Diretora do Museu Nacional do Traje, Doutora Madalena Braz Teixeira (1938) que empreendeu muitas exposições dedicadas à Arte Têxtil, a de Helena Tapeçarias e Colagens de Helena Lapas (1996). Em 2000, no I Encontro de Tapeçaria Contemporânea, igualmente, em Loures, sendo o “… conceito de Tapeçaria Contemporânea como termo alargado à Arte Têxtil em Geral”, atribuiu à obra de Helena Lapas o prémio de aquisição.

Se no segundo núcleo encontramos muitos fios de lã, no terceiro são mais raros, predominam as linhas de costura (em algodão) e as linhas de bordar, segurando grande quantidade de tecidos que permitem delicadas velaturas, transformando superfícies ou ampliando colagens. O tamanho destas obras diminuiu, o tempo necessário para as executar não e, em alguns dos trabalhos até aumentou. Consideramos a peça de transição, Sem Título (2003) que foi a Lódz, na Polónia para participar na 12.ª Edição da Trienal Internacional de Tapeçaria. Voltando aos trabalhos de menor formato, podemos neles encontrar mapas com continentes imaginados, histórias que se interligam fazendo parte de séries ou não, porque são lugares e afetos da artista: “Todas as obras partem do que me rodeia, os jardins, as pessoas…” Memórias também, pensamos em querubim, realizada este ano, evocando uma exposição de Querubim Lapa.

As obras de Helena integram coleções particulares e coleções de entidades publicas em Portugal (Banco de Portugal, a Caixa Geral de Depósitos e a Câmara Municipal de Loures), Brasil, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, Angola, Cabo Verde, Espanha, França e EUA.

Neste vídeo é possível acompanhar o trabalho de Helena Lapas que a Galeria Ratton vem divulgando desde que em 2010 com a Exposição "Helena Lapas - Trabalhos recentes " começou a representar a artista.

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